De ministra a candidato ao STF: os indígenas estão fazendo história no Brasil
O ano de 2023 será profundamente marcado pelo protagonismo dos povos indígenas
Uma reparação histórica acontece nesse momento. Pela primeira vez depois de 522 anos, teremos indígenas no alto escalão do governo e nos espaços de poder.
O inédito Ministério dos Povos Indígenas tem à frente uma mulher indígena, Sônia Guajajara, que desde que assumiu seu cargo já recebeu várias lideranças indígenas para o diálogo e para a construção coletiva de lutar por direitos. Uma conquista do movimento indígena e a certeza de que a luta coletiva sempre trás boas conquistas.
Outro marco na história é ter uma mulher indígena na Presidência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Joenia Wapichana é a nossa presidenta, a Funai terá a cara dos nossos povos e a força de uma guerreira indígena. Ela foi a primeira mulher advogada indígena e deputada federal do Brasil. A Funai faz parte do nosso Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Com os dois órgãos e as duas lideranças construiremos para nossos povos proteção e segurança. E para nosso território, demarcação.
E a luta não para por aqui. Essa semana saiu a nomeação do vereador Weibe Tapeba para a Secretaria Especial de Saúde Indígena, que será o primeiro indígena a comandar o órgão que cuida da saúde dos povos indígenas do Brasil. Weibe Tapeba é Líder do povo indígena Tapeba, do município de Caucaia. Foi coordenador da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará, é integrante do departamento jurídico da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. Vale ressaltar que assim como à Joenia, Weibe foi um dos três nomes sugeridos pela Apib (Associação de Povos Indígenas do Brasil) para ser indicado ministro dos Povos Indígenas, que teve Sônia Guajajara como nomeada.
As conquistas continuam: o advogado Eloy Terena será o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas. O anúncio oficial aconteceu nesta quarta-feira (4). Terena é integrante da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e defende a pauta indígena em diversos processos no Supremo Tribunal Federal (STF), como o caso do marco temporal e de demarcação das terras indígenas. A convite da ministra, ele aceitou o cargo e irá compor o ministério.
O movimento indígena, inclusive, vê o nome dele como uma possível indicação para o Supremo. A ideia da direção da Apib é articular para que ele seja um dos cotados nas vagas que serão abertas na corte durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista fará ao menos duas indicações.
Para reforçar mais ainda a presença de indígenas nos espaços de poder, Célia Xacriabá será a nossa voz no congresso. Eleita deputada federal por Minas Gerais, já começou suas articulações para defender os direitos dos povos indígenas do Brasil. Que os encantados guiem nossos parentes e que a luta democrática traga bons frutos de esperança de dias melhores para os povos indígenas.