Em 1.500, indígenas descobrem Pedro Alvares Cabral perdido no Brasil
Como é possível "descobrir” um local que já é habitado e ocupado?
E se nos livros didáticos o título viesse assim? Já que hoje o maior crime que o sistema comete contra as populações indígenas é justamente essa falta de informação sobre como ocorreu o processo de invasão e não descobrimento?
Nós estamos em 2022 e ainda hoje acredita-se que Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil. A maior fake news que as escolas alimentam e ensinam nos livros além de tratar nossos povos, como povos do passado.
A história que contam é aquela que quer excluir 522 anos de extermínio, exploração, subordinação, invasões, sequestros, estupros, escravidão, catequização e miscigenação forçada que levou muitos povos a perder e/ou mudar seus hábitos. E só se acredita que Cabral é o herói.
Como é possível "descobrir” um local que já é habitado e ocupado? Afinal, o destino seria chegar às Índias ou foi proposital? Pois desembarcaram chamando assim, nossos povos de “índios”.
Éramos milhões de indígenas que habitavam Pindorama, sim, esse é o verdadeiro nome do Brasil, que vem do tronco linguístico tupi e significa “terra das palmeiras”, designação dada antes da chegada dos invasores europeus às regiões que, mais tarde, formariam o Brasil.
Atualmente somos cerca de 1 milhão de indígenas, aproximadamente 305 etnias/povos falando 174 línguas diferentes, habitando 1.298 terra indígenas, sendo 408 homologadas e 839 em processo de regularização.
E mesmo diante a todas as atrocidades, violências, retrocessos, nós vivemos, existindo e resistimos nesse país, muitas vezes abrindo mão das nossas próprias vidas na luta pela proteção da natureza, demarcação de território, por direitos básicos, direitos esses que são constitucionais e que a todo custo é negado e ameaçado.
Nós continuamos aqui, 522 anos após a invasão deixando as nossas marcas de urucum e jenipapo nas ruas e avenidas desse país, gritando que não houve descobrimento, e sim invasão e assassinato. Nós somos sobreviventes e a geração daqueles que não conseguiram matar. Vamos continuar lutando, por nós, pelos nossos ancestrais e pelas futuras gerações.