Mulheres com deficiência não são vistas como mulheres
É impossível não pararmos para refletir sobre isso, principalmente neste mês em que celebramos o Dia da Mulher
Existem algumas imagens de controle que atravessam os nossos corpos com deficiência e que são passadas de geração em geração na nossa sociedade. Elas funcionam como um véu que impede os indivíduos de nos enxergarem como realmente somos. Como vivemos em uma cultura extremamente machista, com a gente, mulher com deficiência, também não seria diferente, não é?
O que não deveria acontecer, mas infelizmente ainda segue acontecendo, é que a nossa luta também é ignorada, em sua maioria, pelos movimentos feministas. E quando o assunto é racializado, se tratando de mulheres negras com deficiência, isso rola ainda mais.
“Anjos”; “Seres especiais”; “Pobres coitados”; “Super heróis”; “Pessoas que necessitam de cura”. Estes são alguns dos rótulos que nos colocam e que, claramente, tiram a nossa humanidade e que você pode nem se dar conta. Mas quem é que se relaciona com anjos? Quem é que coloca no time da educação física da escola aquele que acha que precisa de cura? Quem é que dá um cargo de liderança de uma equipe a um pobre coitado?
Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mulheres recebem 20% menos do que homens. Imagina as mulheres com deficiência! É como entrar no jogo e ser “café com leite” nas brincadeiras.
Precisamos, sim, reconhecer que tivemos alguns avanços, mas, no que diz respeito a nós mulheres com deficiência, muita coisa ainda precisa acontecer. A gente segue sendo negligenciada, inviabilizada, desconsiderada, rejeitada, não cotada, não celebrada, etc. Muitas são as ausências com nossos corpos e com a nossa existência.
Aproveito a minha coluna para reconhecer e celebrar mulheres com deficiência que eu acompanho e admiro. Vocês me inspiram: Camila Alvez, Luh Viegas, Flavia Diniz, Moira Braga, Blogueira PcD, Benedita Zerbini e muitas outras.