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Sistema Braille faz 198 anos

A escrita em Braille é uma das mais fundamentais invenções, mas ainda não chegamos nem perto de usar todo seu potencial

4 jan 2023 - 05h00
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Avanço das tecnologias assistivas não tirou e nem vai retirar a importância que o Braille tem nas nossas vidas
Avanço das tecnologias assistivas não tirou e nem vai retirar a importância que o Braille tem nas nossas vidas
Foto: iStock

Hoje em dia é bem mais comum nos depararmos com embalagens de produtos, medicamentos, cartões de visita, cardápios, entre outros, da forma que, para mim, é uma das mais fundamentais invenções humanas: a escrita em Braille. Mas ainda assim não chegamos nem perto do que poderíamos e deveríamos ter.

O sistema Braile foi criado em 1825 pelo jovem francês Louis Braille e é um código universal que dá acesso, de maneira autônoma, à escrita e à leitura para pessoas cegas e assim possibilita o pleno exercício da cidadania e a nossa inclusão na sociedade. É composto por seis pontos, divididos em duas colunas e três linhas, formando assim 63 caracteres diferentes que representam as letras, os números, sinais de pontuação e acentuação, simbologia científica, musicográfica, fonética e informática. No Brasil, o sistema chegou através do jovem José Alvares de Azevedo em 1850. 

O avanço das tecnologias assistivas não tirou, e nem vai tirar, a importância que o Braille tem nas nossas vidas, pois é ele o principal e mais completo sistema de acesso à educação e informação para quem não vê. Há quem diga que ele se tornou obsoleto por conta do volume que os livros alcançam ao serem transcritos para o Braille e a era digital também ajuda na manutenção dessa opinião, mas o fato é que esse código é e continuará sendo um divisor de águas histórico para gente.

Eu mesma confesso que não uso todos os dias e nem com tanta frequência, mas sua utilização me é muito chave, como na hora de saber qual remédio peguei, para distinguir o shampoo do condicionador do meu filho, por exemplo, e sinto falta inclusive de ter isso no meu. Esses dias recebi uma carta em Braile com instruções para um trabalho que precisava fazer e descobri que peça de obras de arte é escrita com "ç" e não com dois "s". Costumo ler bastante, agora com uso de leitores de tela e logo não paro para ouvir a grafia das palavras, tenho muitas dúvidas com relação à ortografia e o fato de não usar tanto o Braille para ler, acaba fazendo com que eu escreva errado.

Adoraria que o sistema Braille, que hoje comemora 198 anos de existência, fosse ensinado nas escolas para cegos e videntes e, assim, ele ganhasse o protagonismo que merece. Enquanto temas como esse forem de conhecimento único e exclusivo de nichos específicos dos grupos ao qual eles pertencem, não alcançaremos a real inclusão. É preciso furar a bolha, quebrar o muro e construir pontes para, de uma vez por todas, entendermos que somos diversos, mas que fazemos parte todos da mesma sociedade.

Fonte: Redação Nós
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