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Até quando o futebol vai rejeitar a homossexualidade?

Machismo presente no esporte impede que mais jogadores repitam a corajosa atitude do atacante inglês Jake Daniels

18 mai 2022 - 05h00
(atualizado às 18h26)
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Um dia antes do Dia Internacional de Combate à LGBTQIA+fobia, celebrado nesta terça-feira, 17, um atacante do futebol inglês declarou, em carta divulgada no site oficial do seu clube, que é gay.

Com a atitude, Jake Daniels, do Blackpool Football Club, se tornou o primeiro jogador da Inglaterra a assumir sua homossexualidade desde 1990. Antes dele, Justin Fashanu, atacante do Norwich City, também quebrou o tabu e contou ao jornal The Sun sobre sua orientação sexual.

Aos 17 anos, Jake Daniels quer ser exemplo para outros jogadores homossexuais
Aos 17 anos, Jake Daniels quer ser exemplo para outros jogadores homossexuais
Foto: Divulgação/Blackpool

Mas por que foi preciso 32 anos para um atleta ter coragem de falar publicamente sobre o assunto? Quantos outros jogadores, nos mais diversos clubes de todos os países, convivem com esse segredo?

O questionamento se torna ainda mais contundente quando fazemos a comparação entre futebol masculino e futebol feminino. Por que a homossexualidade das mulheres que praticam a modalidade não apenas é aceita com mais naturalidade, mas é praticamente tida como regra?

O machismo que acompanha o futebol - e a sociedade - desde os primórdios é responsável por esse comportamento, que afasta meninos do esporte e vai muito além: desrespeita toda a comunidade LGBTQIA+.

Qual torcedor nunca viu sua torcida gritar “bicha” para o goleiro adversário, na cobrança do tiro de meta, ou menosprezar outro jogador com falas como “joga como homem”?

Estes hábitos, que se disfarçam muito mal de “palavras de apoio”, tornam o futebol um ambiente inseguro para homossexuais. 

“Eu odiei mentir toda a minha vida e sentir a necessidade de mudar para me encaixar. Eu quero ser um modelo ao fazer isso. 

Existem pessoas por aí no mesmo espaço que eu que podem não se sentir à vontade para revelar sua sexualidade. Eu só quero dizer a elas que você não precisa mudar quem você é, ou como você deveria ser, apenas para se encaixar.

Você sendo você, e sendo feliz, é o que mais importa.”

As falas de Jake Daniels são precisas e preciosas.

É preciso acolher homossexuais, trans, negros, pessoas com deficiência e todas as chamadas minorias para o esporte, independente da modalidade, mas principalmente na mais praticada no mundo. 

Torcemos para que outros jogadores encarem a coragem do atacante inglês como exemplo e não apenas sintam-se seguros para mostrar quem são, mas principalmente permitam que o futebol seja um espaço de todos.

Papo de Mina
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