Até quando o futebol vai rejeitar a homossexualidade?
Machismo presente no esporte impede que mais jogadores repitam a corajosa atitude do atacante inglês Jake Daniels
Um dia antes do Dia Internacional de Combate à LGBTQIA+fobia, celebrado nesta terça-feira, 17, um atacante do futebol inglês declarou, em carta divulgada no site oficial do seu clube, que é gay.
Com a atitude, Jake Daniels, do Blackpool Football Club, se tornou o primeiro jogador da Inglaterra a assumir sua homossexualidade desde 1990. Antes dele, Justin Fashanu, atacante do Norwich City, também quebrou o tabu e contou ao jornal The Sun sobre sua orientação sexual.
Mas por que foi preciso 32 anos para um atleta ter coragem de falar publicamente sobre o assunto? Quantos outros jogadores, nos mais diversos clubes de todos os países, convivem com esse segredo?
O questionamento se torna ainda mais contundente quando fazemos a comparação entre futebol masculino e futebol feminino. Por que a homossexualidade das mulheres que praticam a modalidade não apenas é aceita com mais naturalidade, mas é praticamente tida como regra?
O machismo que acompanha o futebol - e a sociedade - desde os primórdios é responsável por esse comportamento, que afasta meninos do esporte e vai muito além: desrespeita toda a comunidade LGBTQIA+.
Qual torcedor nunca viu sua torcida gritar “bicha” para o goleiro adversário, na cobrança do tiro de meta, ou menosprezar outro jogador com falas como “joga como homem”?
Estes hábitos, que se disfarçam muito mal de “palavras de apoio”, tornam o futebol um ambiente inseguro para homossexuais.
“Eu odiei mentir toda a minha vida e sentir a necessidade de mudar para me encaixar. Eu quero ser um modelo ao fazer isso.
Existem pessoas por aí no mesmo espaço que eu que podem não se sentir à vontade para revelar sua sexualidade. Eu só quero dizer a elas que você não precisa mudar quem você é, ou como você deveria ser, apenas para se encaixar.
Você sendo você, e sendo feliz, é o que mais importa.”
As falas de Jake Daniels são precisas e preciosas.
É preciso acolher homossexuais, trans, negros, pessoas com deficiência e todas as chamadas minorias para o esporte, independente da modalidade, mas principalmente na mais praticada no mundo.
Torcemos para que outros jogadores encarem a coragem do atacante inglês como exemplo e não apenas sintam-se seguros para mostrar quem são, mas principalmente permitam que o futebol seja um espaço de todos.