Mulheres fazem história no Rally dos Sertões e miram futuro
No motocross, pioneira consegue vitória inédita e, junto à outra pilota, forma dobradinha feminina no pódio
Moara Sacilotti e Laura Lopes marcaram a história do Rally dos Sertões. Em dobradinha feminina inédita no pódio, as pilotas conseguiram destaque em competição dominada quantitativamente por homens.
Moara foi consagrada, depois de mais de duas décadas de motocross, a campeã na categoria Over 45, na qual competem homens e mulheres no motocross do Rally. O feito não tinha acontecido nenhuma vez antes, durante os 30 anos das diversas categorias mistas do Rally dos Sertões.
Esses fatos já seriam suficientes para marcar a história da competição. Em edição especial de 30 anos do Rally dos Sertões, encerrada no dia 9, Moara Sacilotti, que já era pioneira no esporte, conseguiu a tão almejada vitória, a primeira de uma mulher em uma categoria mista.
Além da brasileira, o pódio contou com outra mulher, Laura Lopes, pilota da Guiana Francesa que terminou a prova na segunda colocação. Laura fez, junto à Moara, a primeira dobradinha feminina no pódio do Rally e escreveram, juntas, seus nomes na história do esporte a motor.
O pioneirismo de Moara Sacilotti
Moara Sacilotti já era destaque na competição há anos, porque, além dos grandes resultados, marca o pioneirismo feminino no motocross. A pilota foi a primeira mulher a subir em uma moto na competição e, antes de 2022, já havia participado de outras 21 edições do Rally com resultados expressivos, mas nenhum tanto quanto o deste ano.
Em seu vigésimo segundo Sertões, ela chegou ao lugar mais alto do pódio numa categoria não restrita às mulheres - exatamente como disse que queria fazer, em entrevista ao Papo de Mina, um mês antes do início desta edição do Rally dos Sertões.
A pilota revelou: “Eu ainda quero vencer o Sertões entre os homens na categoria, é isso que eu quero e ainda não consegui”. Ainda.
E sobre suas expectativas, contou: “Eu espero sim fazer deste o melhor Sertões da minha vida. Eu quero mesmo é ganhar na categoria Over 45 com os homens, porque eu ainda não venci com os homens, venci já na feminina nos anos que teve. Mas, se eu completar sem penalizações e ainda conseguir um pódio, eu já vou ficar muito feliz”. Ela não só alcançou o pódio, como também conseguiu a vitória.
Responsabilidade
Se antes a responsabilidade já era grande, agora ela ficou ainda maior. Sobre ser a inspiração de tantas garotas no esporte a motor, Moara havia dito: “É uma responsabilidade muito grande. É lógico que é um privilégio para mim, eu fico super feliz a cada vez que eu recebo uma mensagem de alguém, mas é uma responsabilidade muito grande. Não posso andar fora da linha e não tenho o direito de desistir. Às vezes eu to super cansada, não aguento mais, quero parar, mas eu não posso. Eu não corro só por mim, corro por outras pessoas também. Tenho que estar ali, sempre sendo um bom exemplo e espero que eu continue sempre dando um bom exemplo, fazendo uma coisa boa para todo mundo que me acompanha. É uma responsa, mas eu gosto muito.”
Definitivamente foi um bom exemplo. A pilota se mostrou mais uma vez uma inspiração no esporte a motor, especialmente para as mulheres. E, mais que isso, Moara mostrou ser um exemplo a ser seguido ao se tratar de persistência, afinal, para competir em 22 Sertões é preciso muito preparo, dedicação, determinação e força de vontade. Mais que uma corrida, a prova é também um teste de resistência que dura dias e se estende pelo Brasil.
Moara já havia marcado a história do Rally dos Sertões antes e a marcou de novo agora. Pioneira na moto e no pódio, a pilota abriu espaço para as mulheres na categoria e é inspiração para o esporte a motor. E, se em 22 Rallys ela já deixou tamanha marca, qual será seu impacto no futuro?