Quantas atletas indígenas você conhece?
O Papo de Mina listou mulheres indígenas que lutam pelo direito de existir no esporte
Em um país marcado pela miscigenação, diversos povos indígenas tiveram sua história, costumes e língua apagados. No entanto, este fenômeno de apagamento étnico vai muito além dos aspectos culturais, inclusive no esporte, ambiente onde a participação indígena e suas conquistas são raridade entre os registros.
Mesmo em 2022, com o acesso à informação e muitas possibilidades de incentivo no cenário esportivo, ainda há a barreira do preconceito a ser quebrada por atletas indígenas. Em 23 participações nos Jogos Olímpicos, por exemplo, nenhum atleta declaradamente indígena fez parte da delegação oficial do Brasil.
Neste 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Papo de Mina traz as histórias de duas atletas, em atividade, que lutam por seu espaço e pelo direito de existirem neste lugar.
Graziela Santos
Primeira mulher indígena a participar dos Jogos Pan-Americanos, em Lima-2019, Graziela Santos, a Yaci da etnia Karapãna, faz parte de uma comunidade localizada dentro de uma Unidade de Conservação nos arredores de Manaus.
A atleta do Tiro com Arco descobriu o talento para a modalidade por meio do Projeto Arquearia Indígena, que é parte da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em parceria com a Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco) e a Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel).
Graziela fez parte de diversas medalhas em torneio com seu arco e flecha, tanto em território nacional quanto internacional. Em 2018, nos Jogos Sul-Americanos da Bolívia, ela foi vencedora de dois ouros. Já em 2019, Grazi levou a prata no Gran Prix do México, além de participar do mundial da modalidade, que aconteceu em junho do mesmo ano.
Mirelle Leite da Silva
Parte do Projeto Atletismo Campeão, a velocista Mirelle Leite da Silva, descendente da etnia indígena Xuruku de Cimbres, foi campeã sub-20 dos 3000 m com barreiras e vice-campeã dos 3000 m rasos e terceira colocada no Campeonato Brasileiro de Cross Country.
Além de mãe, Mirelle é diarista e vive no meio do agreste pernambucano. Para poder treinar em uma pista oficial de atletismo, ela se desloca 215 km de sua reserva e por isso não consegue correr todos os dias.
No entanto, a corredora tem um objetivo em mente e tem feito todos os esforços para alcançá-lo: estar nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.