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Pai de menino autista cria trilha de curta sobre transtorno

Música de "Boy in the Woods", disponível no YouTube e no GloboPlay, foi feita na mesma época em que descobriu diagnóstico do filho

4 jun 2022 - 05h00
(atualizado às 16h09)
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Francisco e Vitor, de 9 anos: garoto interagia com a música durante processo de criação do pai
Francisco e Vitor, de 9 anos: garoto interagia com a música durante processo de criação do pai
Foto: Reprodução

Um menino autista se perde em uma floresta e a forma de seu pai encontrá-lo é se conectando ao universo da criança. Com esse argumento, o curta-metragem de animação gaúcho "Boy in the Woods" ("Menino na Floresta") produzido pela Hyde Animation Studios e Fábrica do Futuro, disponível no YouTube, é um convite à reflexão e empatia. Um dos destaques da obra é a trilha sonora composta por Francisco Hauck, de Porto Alegre (RS), pai de Vitor, 9 anos, diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista). 

Francisco conta que ainda não tinha o diagnóstico de TEA do filho quando compôs "Boy in the Woods". “Então é algo curioso, pois parece que foi feito como algo autobiográfico, mas, na verdade, descobri a obra ao mesmo tempo em que soube sobre meu filho. Vai explicar...”, reflete.

A música e as primeiras ideias surgiram em 2015. Inicialmente, porém, quando a situação do filho ficou clara, o músico hesitou em avançar a obra. “Eu não sabia se a peça traria um foco para ele que poderia não querer no futuro. Ou poderia parecer que estava me apropriando do tema forçosamente”, diz. Como tudo foi natural, esse trabalho ficou de lado por alguns anos. Apenas em 2017 Francisco decidiu concluir o conto, amarrando as partes que faltavam e publicando.

“Ele sempre vinha no meu colo ouvir a música quando eu estava compondo. Reparei que mexia muito com ele. Sorria quando a música ‘sorria’, ficava nervoso quando a música ficava ‘nervosa’. Isto foi um bom sinal do sucesso da obra”, lembra o músico.

O inicial receio de seguir o projeto teve muito com o cuidado de não cair no vitimismo. “Como uma pessoa típica pode criar algo que transporta ao ponto de vista de uma pessoa atípica? Até que ponto a jornada é real ou idealizada, fabricada?”, questiona o compositor. Para ele, o maior sucesso do curta é o feedback dos atípicos e suas famílias vindo de vários países. “A obra tem sucesso em transmitir o ponto de vista da pessoa imersa no mundo TEA. Não sei como fiz dar certo, apenas fiz. “Às vezes, me vejo mais como um para-raio do universo do que um ‘compositor’”, analisa.

A mensagem mais importante para Francisco é a de que somos diferentes, e isso é a grande riqueza. “A padronização e a necessidade de aceitação são doenças. A natureza nos ensina que a diversidade é sua maior força”, afirma.

"Boy in the Woods" pode ser visto no GloboPlay no YouTube.

Fonte: Redação Nós
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