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"A mãe trans sempre será um alvo na sociedade", afirma influenciadora

Fabiana Santos, de 31 anos, contou como é ser uma mãe trans no Brasil, o país com mais mortes de pessoas trans e travestis

15 mai 2024 - 05h00
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Resumo
Fabiana Santos, influenciadora trans de 31 anos, falou ao Terra NÓS sobre os desafios e as experiências sendo uma mãe trans.
A influenciadora Fabiana Santos é mãe de Alex, de 3 anos, e Ariel, de 1ano
A influenciadora Fabiana Santos é mãe de Alex, de 3 anos, e Ariel, de 1ano
Foto: Reprodução: Instagram/fabiferbi

Aos 26 anos, a influenciadora trans Fabiana Santos decidiu ser mãe. Ela, que na época estava em um relacionamento trans, tinha apenas um objetivo: deixar um legado no mundo. Hoje, aos 31, é mãe de Alex, 3 anos, e Ariel, 1 ano.

Em entrevista ao Terra NÓS, Fabiana contou como é ser uma mãe trans no Brasil, país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo há mais de uma década, segundo o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), publicado no início deste ano.

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De acordo com a influenciadora, apesar dos desafios que sabia que enfrentaria, ela continuou se dedicando ao que mais queria. "Sei que essa trajetória não seria fácil porque, infelizmente, mesmo sendo mãe nos documentos, a sociedade tenta anular minha maternidade. O preconceito sempre existirá e eu sempre serei julgada por ser uma mulher trans e mãe", afirmou.

"O Brasil ainda tem muito o que fazer para conseguir abraçar essa causa [da comunidade trans] totalmente. Luto constantemente para que isso não vire uma marginalização constante, pois sou mãe e, acima de tudo, mereço respeito."

Certidão de nascimento

Os filhos de Fabiana são biológicos e frutos do seu antigo relacionamento com um homem trans. Segundo a influenciadora, o primeiro desafio surgiu ao tentar dar entrada na certidão de nascimento da sua primeira filha, Alex. Na época, ela tinha apenas documentos sociais e precisou retificar todos eles para conseguir a certidão.

E, ao tentar novamente, o cartório postergou o pedido de Fabiana, que acabou demorando três meses para conseguir a certidão de nascimento da filha. A influenciadora classificou a situação como "humilhante". Na segunda vez, para retirar a certidão do filho Ariel, ela teve novos obstáculos para conseguir o documento.

"Eles [o cartório] queriam que eu provasse que eu era uma mulher trans e que estava indo fazer o documento do meu filho, pois só assim iriam liberar a certidão", relembrou ela que, na ocasião, já tinha todos os seus documentos retificados.

O episódio constrangedor ficou marcado na mente de Fabiana desde então. "Parecia algo do tipo: 'abaixe suas roupas para vermos e então liberamos o que é de direito dos seus filhos'", disse ao Terra NÓS. Ela, então, procurou ajuda de profissionais para resolver a situação e entregar outras comprovações ao cartório.

Segundo Fabiana Santos, ela passa pelas mesmas dificuldades que as mães cis, como educar os filhos
Segundo Fabiana Santos, ela passa pelas mesmas dificuldades que as mães cis, como educar os filhos
Foto: Reprodução: Instagram/fabiferbi

Redes sociais

Fabiana destaca que a discriminação que sofre está mais presente nas redes sociais. "São comentários horrorosos e desnecessários, simplesmente pelo fato de eu ser trans e não me relacionar com mulheres cisgênero."

Apesar do preconceito velado no caso das certidões de nascimento dos seus filhos, a influenciadora relata que não sofreu nenhum tipo de transfobia pessoalmente. Muito pelo contrário, Fabiana é bem recebida nos lugares em que frequenta e ela e seu ex-companheiro foram amparados pelas equipes médicas que cuidaram dos partos.

No entanto, isso não significa que não existam desafios. Segundo Fabiana, ela passa pelas mesmas dificuldades que as mães cis, como educar os filhos e prepará-los para andar com as próprias pernas. E, por ser uma mulher trans, teme que os obstáculos possam ser maiores no futuro.

Até o momento, os filhos dela são bem recepcionados e cuidados na creche, mas sabe que precisa ajudá-los a lidar com situações adversas. "Por eles serem filhos de pessoas trans, eu vou precisar prepará-los para a escola e o bullying, por exemplo, caso sofram", afirmou.

"Ser uma mãe trans no Brasil é cheio de barreiras. A luta de uma mãe trans é nunca parar de lutar, porque você sempre será um alvo na sociedade."

Fabiana afirma que faz sua parte no presente para que possa vislumbrar um futuro melhor para a comunidade trans: "Eu quero que cada vez mais tenham famílias sendo construídas por mulheres e pessoas trans e que consigamos diminuir o preconceito da sociedade. Quero mostrar que não somos apenas 'trans' e, sim, cidadãs como qualquer outra mulher."

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Fonte: Redação Nós
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