"A Parada é a maior manifestação do País", diz fundador
Nelson Pereira, um dos sócios-fundadores e organizador desde a década de 90, relembra temáticas importantes já abordadas pelo evento.
A Parada do Orgulho LGBT é, sem dúvida, uma dos maiores eventos da cidade de São Paulo, que atrai turistas do mundo todo à Avenida Paulista, onde é realizada desde 1997. A prova disso é a inserção do evento no "Livro dos Recordes" ("Guinness Book") que na época, em sua 10ª edição contava com 2,5 milhões de participantes e foi considerada o maior evento do gênero no mundo. Toda essa visibilidade é o impulsionamento perfeito para levar à reflexão temas relevantes à comunidade LGBTI+ e também à sociedade civil como um todo: em sua mais de duas décadas de história, a Parada do Orgulho LGBT já tratou de temas que vão desde a luta contra o HIV/Aids, a retirada da homosexualidade da classificação de doenças do antigo sistema de previdência social, até estado laico, voto e democracia.
"Me senti pertencente", resumiu Nelson Pereira sobre sua primeira vez participando do evento. O impactop foi tão grande, que ele se tornou um dos sócio-fundadores da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que organiza o que achama de "maior manifestação democrática do País". Ele lembra que na década de 90, quando a parada foi realizada pela primeira vez, com pouco mais de 2 mil participantes, as pessoas LGBT ainda se escondiam. "Estávamos saíndo da ditadura, ainda num processo de redemocratização no País. Precisávamos ir para as ruas mostrar que existíamos. Eu vi uma chamada no jornal para a 'Parada Gay', e senti que era um chamado pra mim", destacou.
Na Avenida Paulista - local do evento até hoje - ele ecnontrou com pessoas semelhantes."Foi muito empoderador saber que eu não estava sozinho. E acho que essa é a primeira função social e política da Parada: unir forças, existências e vozes".
Depois da primeira edição, Nelson procurou os grupos que organizava o evento. Eram vários coletivos, partidos e militantes. Já em 199, nasceu a associação,que cuida e responde juridicamente pelo evento até hoje.
Temas políticos
Além de trazer reinvidicações relevantes para a comunidade LGBTI+, como a retirada da homosexualidade da lista de doenças do antigo sistema de previdência social, o direito à tratamento gratuito pelo SUS contra DST/Aids, o fim da homofobia que mata centenas de pessoas por ano no País, por exemplo, a Parada também discuti temas da sociedade civil. "Falamos de estado laico, de defesa da democracia, de voto, de direito ao trabalho, direitos humanos e direitos civis, por exemplo. Conseguimos acesso a alguns desses direitos trazendo o tema para a discussão, como no caso do casamento, por exemplo, que só foi reconhecido pelo STF agora, 10 anos depois. Eu sei que não vamos mudar tudo o que queríamos no Brasil, mas só de juntar pessoas, levar temas para as ruas, já é um ato político giganteco. Não tenho dúvidas de que a Parada do Orgullho LGBT é a maior manifestação democrática do País", destacou.
Terra na Parada LGBT+🌈
A 26ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, a maior do Brasil, volta à Av. Paulista. Após duas edições virtuais, a Parada será realizada no dia 19 de junho e traz como tema o voto: 'Vote com orgulho - por uma política que representa'. Neste ano, o Terra patrocina a Parada e preparou uma série de conteúdos sobre o movimento LGBTQIA+, na Paulista e pelo mundo. Acompanhe a cobertura em Terra NÓS, a vertical de diversidade do Terra.