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'Crime de tortura', diz Grag Queen sobre experiência com 'cura gay' aos 11 anos

À frente da versão brasileira de 'RuPaul's Drag Race', cantora afirma ter sido levada à terapia pelos pais por recomendação de pastor

7 jun 2024 - 05h00
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Grag Queen passou pela "cura gay" quando era criança
Grag Queen passou pela "cura gay" quando era criança
Foto: Divulgação

Grag Queen ganhou fama em todo o Brasil após ganhar o reality show internacional Queens of the Universe, uma competição internacional de drag queens cantoras. Após isso, a artista continuou o trabalho com a música pop e também assumiu a apresentação da versão brasileira do famoso reality show RuPaul's Drag Race, uma competição de drag queens. Recentemente, além dos trabalhos com música, TV e publicidade, ela também se tornou embaixadora do projeto Fim da Cura, que tem o objetivo de equiparar a crime de tortura as chamadas terapias de reversão, que prometem mudar a orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa.

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Em um vídeo para o projeto, Grag conta que foi levada à terapia pelos pais quanto tinha 11 anos, por recomendação do pastor da igreja que frequentava, e chegou a sofrer até choques elétricos. "Acho que qualquer pessoa que durante a infância e a adolescência foi ensinada a silenciar o desejo de ser livre, de se libertar, de ser natural, de ter uma personalidade, todo mundo carrega esse peso. Com certeza, ficam marcas que tenho agradecido muito por ter a oportunidade de tratar na terapia para que possa entender de onde vêm essas coisas, ressignificar e curar, entender que nós não somos as nossas histórias", diz a cantora em entrevista ao Terra.

Por mais que tenham levado o filho à terapia de conversão, os pais de Grag só descobriram o que ocorria lá recentemente. A artista viveu boa parte da adolescência nesse ambiente conservador e conseguiu se libertar da maioria das amarras quando foi estudar teatro musical em Nova York, nos Estados Unidos, aos 18 anos.

"Vi que Deus tinha bem mais o que fazer do que ficar cuidando de quem eu ia pegar, onde eu ia botar a boca ou não. Me senti livre através da arte, através da viagem, ao conhecer pessoas e por ter coragem. Foi a minha coragem que me deu esse presente", relembra a apresentadora.

Atualmente, Grag não tem a intenção de entrar na Justiça contra às pessoas responsáveis pela terapia de "cura gay", mas enxerga no projeto Fim da Cura um meio de fazer com que outras pessoas LGBTQIA+ não passem pelo mesmo que ela. "Queremos levar um abaixo assinado dando mais voz aos projetos de lei que tem como intuito tornar essas terapias um crime de tortura."

Além disso, a cantora quer usar cada vez mais a música para falar das experiências que ela e os amigos tiveram ao longo da vida, boas e ruins, que serão contadas no primeiro álbum da carreira da drag queen, com lançamento previsto ainda para este ano. "Ele é muito verdadeiro, baseado em vivências minhas e dos meus amigos. Tem muitas coisas que tem acontecido, que tenho lembrado e tratado em terapia, dá vontade de falar delas", conta.

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Conhecida por fazer músicas pop, Grag promete surpreender com o primeiro álbum, no qual irá explorar a brasilidade e a música soul. Para este ano, a artista quer dedicar a maior parte dos esforços para obter sucesso com o disco, mas também está animada para a estreia da segunda temporada de Drag Race Brasil, ainda sem data de lançamento definida.

A apresentadora começou a fazer drag quando ainda morava no interior do Rio Grande do Sul e é uma grande apaixonada por essa forma de arte, que se tornou um fenômeno da cultura pop. Para Grag, a cena drag tem sido mais valorizada ao longo dos anos. Ela lembra que no começo da carreira chegou a gastar mais viajando para outras cidades, onde fazia shows do que ganhava de cachê, mas ia mesmo assim porque participar de festas era importante para ganhar visibilidade.

Hoje, ela celebra o espaço que conseguiu, assim como o sucesso de outras drag queens. "Elas estão nos podcasts, elas estão na TV, elas estão nos shows, comandando festas, atrás das pick-ups de DJ. A gente aprendeu que pode ganhar dinheiro, que pode monetizar a nossa arte além de ser bonita. Está tendo um levante e saber que faço parte desse movimento, porque o Drag Race Brasil dá muita plataforma e muito trabalho para drags enquanto está no ar, é muito legal e interessante", conclui.

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Fonte: Redação Terra
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