Diego Martins festeja: "É lindo ver esse tanto de LGBTQIA+ que não está na TV como chacota"
Ator falou ainda sobre aceitação familiar, relação com redes sociais e participação na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
Definitivamente 2023 foi o ano de Diego Martins, ator, cantor, performer e drag, o intérprete de Kelvin em "Terra e Paixão" arrebatou o Brasil. Fez até a senhora mais conservadora torcer pelo romance do seu personagem com Ramiro (Amaury Lorenzo) na novela de Walcyr Carrasco.
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"Personagens que conversam diretamente com a minha vida pessoal são mais potentes. Fico muito feliz em poder dar vida e voz à personagens LGBTQIA+, porque me entendi gay muito cedo e logo percebi que não tinham tantas referências. Esse movimento aconteceu quando eu já estava adulto, então é lindo ver esse tanto de séries e filmes com personagens LGBTQIA+ bons que não estão ali como motivo de chacota", celebra.
O sucesso estrondoso não foi pontual, 2024 chegou e mostrou que seria igualmente solar: após a novela, o artista engatou coberturas para eventos como festival Lollapalooza e o show da Madonna em Copacabana, no Rio de Janeiro, para o canal Multishow, além de integrar a bancada do "Caldeirokê", quadro do "Caldeirão com Mion", da TV Globo.
"Fico no Caldeirão até o final do ano, que eu amo fazer, amo a família do Caldeirão", contou ele que além do programa está no elenco do musical 'Priscilla, a Rainha do Deserto', que estreia em São Paulo no dia 07 de junho.
"Está sendo incrível poder ser a Felícia/Adam em 'Priscilla - A Rainha do Deserto' que é um musical muito icônico, que muita gente conhece. É um filme que foi lançado há 30 anos e foi muito transgressor. É uma honra poder fazer e mais legal ainda poder trazer esse texto para 2024 com as suas questões completamente atualizadas. Tinha muita coisa que na época era dita de um outro jeito, que hoje a gente tá trazendo para nossas discussões. Falamos de família, sonhos, amor, liberdade, entre outras coisas importantes", conta.
Em comum, Felícia e Kelvin tem, além do intérprete, o fato de serem personagens gays, algo que não é inédito na vida de Diego. Em 2019, ele deu vida à Ernest no musical 'O Despertar da Primavera' e Thalia em 'Brilha La Luna' em 2022, além do jovem Tavinho no filme do Prime Video 'Um Ano Inesquecível - Verão', em 2023 - todos homossexuais.
"E mesmo sendo vários personagens gays, todos têm alguma coisa diferente a dizer e isso é muito mágico, inclusive porque casam com aquilo que eu, Diego, falo. É claro que como ator e poder dar voz a personagens que falam sobre outras coisas é incrível, mas se existe uma relação ganha mais força", completa.
Foi inclusive em 'Brilha La Luna', que Diego começou a performar drag, no caso, Thalia. Depois seguiu se montando, usando seu próprio nome e realizando apresentações de suas próprias canções como "Te Esquecer" e "Prazer". Na carreira como cantora, pretende em breve lançar novas canções e um videoclipe.
Sobre o papel no musical, onde interpreta uma também drag conta: "É muito legal poder viver uma outra drag que não é minha drag, Felicia é uma drag completamente diferente da minha, então é muito interessante poder construir uma outra drag do zero".
Carreira, redes sociais e família
Formado em artes cênicas pela Universidade Estadual Paulista e atuando desde pequeno, Diego foi indicado como artista revelação aos 20 anos no prêmio Bibi Ferreira, o mais importante do teatro musical brasileiro por seu papel em 'A Era do Rock' e sempre contou com o apoio da família.
"Minha relação com a minha família é a melhor possível, a melhor dos mundos, o que infelizmente não é a realidade da maior parte dos meus amigos LGBTQIA+, inclusive tenho muitos amigos que foram expulsos de casa, que não falam com os pais. Quando era mais novo tinha dezenas de amigos que nem sonhavam em contar pros pais que eram gays, mas por sorte minha vida foi totalmente o contrário, sempre fui muito incentivado a ser quem eu sou e falar sobre isso, a ser livre", afirma.
O apoio dos pais e da irmã se deu em todos os momentos, inclusive em suas incursões pelo universo dos reality shows. Em 2016, aos 19 anos participou do 'X Factor Brasil', da Band, onde ficou em quinto lugar, já em 2018 concorreu no 'Canta Comigo Brasil', da Record e em 2022 saiu campeão do 'Queen Stars Brasil' da HBO Max junto com Leyllah Diva Black e Reddy Allor.
A presença nos programas ajudou no crescimento online. Mesmo antes do sucesso de Kelvin, Diego já acumulava bons números nas redes sociais, onde também produzia conteúdos. No entanto, com o alcance global enfrentou desafios na relação com o público.
"Eu fazia vídeos durante a pandemia e muita gente hoje que fala que já me conhecia do TikTok e do Instagram, então eu sempre fui muito aberto,muito espontâneo, muito livre mesmo das redes sociais, falando o que eu queria, o que leva as pessoas a terem um pouco mais de intimidade", conta.
"Quando veio 'Terra e Paixão', eu esqueci que eu não tinha mais 170 mil seguidores, eu tinha mais de um milhão e percebi que não dava pra levar mais as redes sociais da maneira familiar como eu levava. Com mais pessoas, vieram também muitas interpretações do que eu queria dizer, aí eu tentava me explicar eas pessoas achavam que podiam me cobrar coisas. Foi um caminho árduo até entender que era meu direito colocar um limite até onde elas poderiam questionar a minha vida, cobrar coisas na minha vida. Demorei mas entendi", conta ele.
E assim, entendendo sua relação com o público e fãs, Diego também se programa para ir na 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo e de todos os eventos do mês do orgulho. "Tenho muitos planos de participar, mas vou ter que conciliar com a temporada de 'Priscilla - A Rainha do Deserto", mas quero muito", diz animado.