"Eu sou boyceta, sim", declara rapper após ironia do deputado Nikolas Ferreira
Jupitter Pimentel rebateu comentário de Nikolas Ferreira (PL-MG) e recebeu apoio de organizações
O rapper Jupitter Pimentel rebateu o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) após o parlamentar postar um vídeo no Instagram no último sábado, 25, ironizando suas falas no podcast "Entre Amigues", o que fez com que Jupiter sofresse uma série de ataques lgbtfóbicos ao longo da semana.
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"Isso me dá mais força e garra para chegar onde eu quero chegar. E eu sou boyceta, sim. Eu sou transmasculino sim. E vocês vão ter que me engolir", publicou Jupitter
"Na última sexta feira, dia 24 o corte do meu episódio no podcast @entre_amigues viralizou, furando a bolha e atingindo a grande massa com o termo boyceta. Era uma conversa, de fato, entre amigues, já que @vek__tra e @a.amandaclaro são além de duas podcasters babadeiras, amigas pessoais, e donas de projetos incríveis", relatou o rapper em suas redes.
"Geralmente, pessoas não binárias são invalidadas o tempo todo, e por isso acabam não expondo suas identidades em totalidade. Até porque, na maioria das vezes, são termos que permanecem ocultos na bolha não binária e que quando furam essa bolha são alvos de ataques dos mais diversos tipos. Por isso, estava confortável em abordar o tema um pouco mais a fundo", explicou Jupitter.
"Pessoas não binárias estão fora do espectro homem-mulher parcialmente ou totalmente, mas seus gêneros não estão dados, muitas vezes precisamos buscar termos para melhor defini-los. Boyceta foi um termo que me abraçou em comunidade, no meio do Rap, no berço do Hip Hop", completou ainda no vídeo postado em seu Instagram.
O corte que viralizou foi publicado por NIkolas que gesticula irónicamente, como se quisesse falar algo, mas desiste do comentário e diz: "não tenho mais dinheiro pra pagar advogado, não". A postagem do deputado conta com mais de 1 milhões de curtidas e o termo "boyceta" chegou ao trending topics Brasil do Twitter com mais de 12 mil postagens: a sua maioria discursos de ódio transfóbicos, LGBTfóbicos e gordofóbicos.
Em nota a Associação Nacional de Travestis e transexuais (ANTRA) prestou apoio à Jupitter e afirmou: "O direito à autodeterminação de gênero é assegurado no Brasil e constitui uma garantia inalienável, que deve ser respeitada e acolhida. Defendemos o direito à autodeclaração de gênero e à liberdade de cada pessoa trans, reconhecendo a necessidade de um debate amplo e coletivo sobre as divergências dentro de nossa comunidade"
A Associação afirmou ainda: "Reafirmamos nossa defesa intransigente contra a transfobia e repudiamos a agenda transfóbica da extrema direita e de feministas transexcludentes, que têm atuado para intensificar esse tipo de violência.Manifestamos nossa solidariedade ao @jupi77er, que tem sido vítima de perseguições e ataques em decorrência de sua identidade de gênero, o que é crime e precisa ser enfrentado energicamente com o rigor da lei".