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Ex-viciada em drogas, drag queen precursora do bate-cabelo diz que vendeu Herchcovitch por R$ 10

Em meio à fama, Pantera viu as conquistas se perderem após o envolvimento com crack

28 jun 2023 - 16h34
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Pantera iniciou sua carreira artística na primeira boate gay brasileira
Pantera iniciou sua carreira artística na primeira boate gay brasileira
Foto: Reprodução/Instagram

Precursora do movimento ‘bate-cabelo’ no Brasil, Márcia Pantera, 53, começou a trilhar sua trajetória artística em 1980 na capital paulista, mais precisamente na Nostromondo, primeira boate gay brasileira.

"Eu jogava vôlei em um time de Suzano (SP). O Joãozinho, um levantador do time adulto, que já era gay assumido, me convidou para ir a uma boate chamada Nostromondo. Eu tinha jogos quase todos os finais de semana e nunca tinha ido a uma casa noturna. Num sábado, pegamos o trem e fomos. A gente tinha que voltar a tempo do último trem, porque tinha jogo no dia seguinte. Ainda me lembro do meu coração acelerando à medida que eu ia subindo as escadas. Vi um bando de homem dançando e se beijando. Pensei: 'Meu Deus, aqui pode!'. Senti um alívio tão grande. Dancei a noite inteira", relembrou Márcia em entrevista à revista Quem.

Para além de ter sido o espaço onde pela primeira vez experimentou a liberdade para viver sua sexualidade sem amarras, foi justamente ali onde Pantera, que é performada pelo artista Carlos Márcio Silva, deu o primeiro beijo e viu nascer o desejo de iniciar sua trajetória como drag queen.

Márcia é precursora do movimento 'bate-cabelo'
Márcia é precursora do movimento 'bate-cabelo'
Foto: Reprodução/Instagram

"Voltei para a matinê do domingo e, de repente, abre a cortina e uma baixinha com um cabelão preso aparece. Ela solta o cabelo, que desce desenrolando pelo corpo maravilhoso e começa a se apresentar. Era a Marcinha do Corintho. Na hora falei: 'Eu quero fazer isso'. Fiquei hipnotizado e passei a ir para a Nostromondo para ver os shows", contou.

Com apresentações únicas com direito a mortais e muito ‘bate-cabelo’, Márcia se transformou em uma das maiores drag queens do Brasil. Mas não apenas isso. A artista também conquistou espaço na moda, se tornando a musa de estilistas como Alexandre Herchcovitch. 

"No começo, eu ainda conciliava o vôlei com os shows. Eu me sentia muito bem no palco, era muito bom receber os aplausos e o carinho. Além disso, comecei a ganhar mais dinheiro com os shows. A Márcia me engoliu", explicou. 

Márcia se tornou musa de diversos estilistas, como Alexandre Herchcovitch
Márcia se tornou musa de diversos estilistas, como Alexandre Herchcovitch
Foto: Reprodução/Instagram

Em meio à fama, o artista responsável por dar vida à Márcia Pantera conta que as conquistas foram se esvaindo quando se envolveu com drogas, vício que durou por mais de duas décadas. 

"A Márcia ganhava o dinheiro e o Márcio usava tudo em crack. Vendi produções do Herchcovitch por R$ 10. Os dois quase se afundaram juntos, mas a Márcia deu uma basta dizendo: 'O meu final não é esse'. A Márcia fez o Márcio se levantar.  Tinha acabado de ver a morte da Veronika [drag amiga] e decidi que meu final não ia ser igual”, declarou à Quem.

Márcia ainda sonha em deixar outras marcas além do bate-cabelo: "Quero olhar para trás e falar: ‘Essa minha passagem foi foda. Caí, levantei, mas não deixei de sonhar’. Quando você sonha, vai longe", finalizou. 

Fonte: Redação Terra
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