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Jovem usa camiseta do Brasil da mãe conservadora para ir à Marcha Trans

Sétima edição do evento convocou o público para usar roupas das cores da bandeira brasileira

31 mai 2024 - 16h08
(atualizado em 1/6/2024 às 16h28)
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Kairon, 21 anos, veio de Pouso Alegre, interior de Minas Gerais, para Marcha Trans em SP
Kairon, 21 anos, veio de Pouso Alegre, interior de Minas Gerais, para Marcha Trans em SP
Foto: Foto: Karina Iliescu/Especial para o Terra

Os amigos Mathias e Cairon, de 21 e 25 anos, decidiram na noite anterior sair da cidade de Pouso Alegre, interior de Minas Gerais, e viajar a São Paulo para comparecer na sétima edição da Marcha do Orgulho Trans, que acontece no Largo do Arouche, região central da capital paulista.

Os dois viajaram exclusivamente para a Marcha, e Cairon aderiu ao convite da organização do evento de usar verde e amarelo. Com uma camiseta da Seleção Brasileira, o jovem conta que pegou a peça emprestada da mãe, uma conservadora, nas palavras dele.

“Ela usava para outro intuito. Usar esse mesmo manto dela para uma representatividade LGBT é muito libertador. A sensação de quando eu estava vindo de Pouso Alegre para cá era de liberdade, estou muito feliz de ser quem eu sou e viver isso aqui”, diz.

O jovem conta que a mãe sabe que ele veio com a camiseta, pois Cairon não sabia onde a peça estava e precisou pedir ajuda para procurar.

“Foi um pouco complexo, mas a gente, filhos, sobrinhos, netos, quebramos essa barreira e conseguimos mostrar para eles que o que eles entendem como preconceito não é deles, porque o amor é puro, sincero e livre”, conclui.

Renascença de Gênero

Nomes como Majur, Erika Hilton, Jaloo, Neon Cunha, Isa Silva, Indianarae Siqueira e muitos outros foram os convidados para a Marcha deste ano, que tem como tema "Renascença de Gênero".

Pri Bertucci, cocriadore da Marcha, define o mote como "uma nova fase de pensar o que é gênero, renascer e criar um novo padrão de pensamento onde você tem que se encaixar em duas opções: homem é macho, e mulher é fêmea. A ciência moderna já explica que isso é uma ideia adequada de quem nós somos. Não podemos definir 8 bilhões de pessoas no planeta em apenas duas caixas, duas regras."

A Marcha Trans de São Paulo segue o mesmo calendário de outras edições pelo mundo e acontece dois dias antes da Parada do Orgulho LGBT+. Para Pri, a importância de um evento voltado para as demandas da população se dá pelo fato de que essa parcela da comunidade tem outras demandas.

"Quero comprar uma passagem de avião e não consigo escolher o meu gênero, porque não-binário não existe na opção de nenhum site. Fora outras questões, como fazer exames, conseguir trabalho. Pessoas LGBTs em geral são colocadas em uma segunda categoria, pessoas trans então são colocadas em uma quinta categoria social, ainda somos vistos como pessoas com algum tipo de doença", exemplifica.

Ao longo dos sete anos que separam a primeira edição da Marcha de hoje, Pri comemora algumas vitórias, como um maior engajamento e participação na passeata, uma mudança de percepção sobre pessoas trans, coletas de fundos para ajudar a causa e ajudar a lançar carreiras políticas de trans, entre outros resultados.

"A Marcha Trans é um palco para muitas das mulheres trans que acabam sendo eleitas, muitas delas já passaram por aí. A gente é apartidário, mas chamamos todas elas que estão se elegendo e lutando por esses lugares públicos para a gente poder cuidar dos nossos direitos", conclui.

Fonte: Redação Terra
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