Não-binário: o que é, pronomes, bandeira e tipos
A diversidade de identidade de gênero é uma realidade, compreender o que é ser uma pessoa não-binária é essencial para construir inclusão.
Não-binário caracteriza uma pessoa que não se identifica com as categorias de gênero tradicionais: feminino ou masculino. Indivíduos não binários, portanto, buscam viver sua identidade de maneira autêntica, sem se restringir às expectativas binárias impostas pela sociedade.
A identidade não-binária representa um desafio às categorias tradicionais de gênero, propondo uma ruptura com a dualidade entre masculino e feminino. Nesse contexto, pessoas não-binárias encontram liberdade para explorar e expressar suas identidades de maneiras diversas.
Elas podem tanto incorporar elementos de ambos os gêneros, quanto rejeitá-los integralmente, ou até mesmo se enxergar em novas identidades que melhor as representem.
O reconhecimento da pluralidade de gênero se mostra essencial para a construção de uma sociedade inclusiva, onde a autodeterminação de cada indivíduo seja valorizada e respeitada.
A identidade não-binária, em particular, valida a experiência individual, reconhecendo a identidade de gênero específica de cada um, em vez de impor uma identidade baseada no sexo atribuído ao nascimento.
O que é não-binário?
Não-binário caracteriza uma pessoa que não se identifica com as categorias de gênero tradicionais: feminino ou masculino.
Para muitas pessoas, gênero é visto como uma construção social que vai além da simples binariedade. Indivíduos não binários, portanto, buscam viver sua identidade de maneira autêntica, sem se restringir às expectativas binárias impostas pela sociedade.
Ser não-binário pode significar várias coisas, dependendo da experiência de cada pessoa. Alguns podem se identificar com elementos de ambos os gêneros, enquanto outros podem se sentir desconectados de qualquer categoria de gênero. Existem também aqueles que possuem uma identidade de gênero fluida, que pode mudar ao longo do tempo.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) em 2021, cerca de 3 milhões de brasileiros se declararam pessoas não-binárias.
Isso reflete um entendimento da diversidade de gênero no Brasil e também nos convida a compreender que a visibilidade das pessoas não binárias é fundamental para a construção de uma sociedade em que todas as identidades possam ser respeitadas e ter seus direitos garantidos.
Tipos de não-binariedade
A identidade de gênero não-binária é uma categoria ampla que inclui diversas formas de vivenciar e expressar o seu gênero. Quem se identifica como não-binário, pode se reconhecer de muitas maneiras, dependendo de como experienciam seu gênero.
Aqui estão alguns dos tipos mais comuns de não-binariedade, mas é importante lembrar que a experiência de gênero é pessoal e única para cada pessoa:
Gênero neutro
Indivíduos que se identificam com gênero neutro não se associam nem ao masculino nem ao feminino, ou seja, não há uma identificação com qualquer gênero específico.
Algumas pessoas podem usar esse termo para expressar uma conexão com uma identidade de gênero que não seja influenciada pelos estereótipos ou expectativas de gênero tradicionais.
Bigênero
Pessoas bigênero se identificam como tendo dois gêneros, podendo ser masculino e feminino, masculino e não-binário, feminino e não-binário, ou outros.
A identidade bigênero pode ser vivida de diversas formas, podendo variar entre os dois gêneros de forma alternada ou até mesmo simultaneamente. Por exemplo, alguém pode se identificar com o gênero masculino em uma parte do dia e com o gênero feminino ou não-binário em outro momento.
Agênero
Indivíduos agênero não têm uma conexão ou identificação com nenhum gênero específico. Eles podem se sentir fora do espectro binário e podem não experimentar ou expressar gênero em sua identidade.
É como se sentissem que estão fora do sistema de gênero binário e, em alguns casos, podem não experimentar o gênero de forma significativa. Para essas pessoas, a identidade de gênero é irrelevante ou inexistente, o que os leva a viver de forma mais livre e desvinculada dos conceitos tradicionais de gênero.
Gênero fluido
Pessoas de gênero fluido têm uma identidade de gênero que pode mudar ou fluir com o tempo. Eles podem apresentar expressões de gênero mais masculinos em certos momentos, mais femininos em outros.
Além disso, podem alternar entre uma identidade de gênero não-binária em certos períodos, de acordo com suas experiências pessoais e estados emocionais. A principal característica de quem se identifica como gênero fluido é essa flexibilidade de transitar por diferentes formas de identidade de gênero ao longo da vida.
Andrógino
Alguém que se identifica pode expressar sua identidade de uma forma que não se alinha claramente a nenhum dos dois gêneros tradicionais, misturando ou desafiando os estereótipos masculinos e femininos.
A apresentação andrógina pode ocorrer por meio de roupas, estilo de cabelo ou comportamento, como por exemplo, o uso de barba junto com outras expressões do gênero feminino.
Cada indivíduo pode ter uma forma única de entender e expressar sua identidade de gênero não-binária e, por isso, é preciso que a sociedade como um todo reconheça e respeite a diversidade.
O que é linguagem neutra?
A linguagem neutra é uma forma de comunicação que busca evitar o uso de pronomes e termos de gênero binário, como "ele" e "ela", e adota pronomes neutros para se referir a pessoas.
Essa prática é adotada para promover a inclusão e o respeito às identidades de gênero não-binárias e fluidas, reconhecendo que a experiência de gênero vai além da dicotomia masculino/feminino.
Além dos pronomes neutros, como "elu", em alguns idiomas, como o inglês, é comum utilizar o pronome "they/them" de forma singular para se referir a uma pessoa de forma neutra.
Mas para além do uso dos pronomes, a linguagem neutra também se preocupa em utilizar termos e expressões que não reforcem estereótipos de gênero ou perpetuem normas binárias.
Isso envolve substituir palavras como "senhor" ou "senhora" por termos neutros, como "pessoa" ou "indivíduo", e evitar expressões que pressuponham uma identidade de gênero específica.
Como é a bandeira não-binária?
A bandeira do orgulho não-binário é mais recente, foi criada há pouco mais de 10 anos, por Kye Rowan, um ativista da comunidade, com o objetivo de representar e trazer mais visibilidade.
Ela é composta por quatro faixas, em sentido horizontal, e cada uma apresenta uma cor, sendo elas: amarelo, branco, roxo e preto e cada uma delas possui um significado importante para a compreensão dessa identidade de gênero.
Para entender melhor:
- Amarelo: pessoas que não referenciam a sua identidade de gênero no padrão binário;
- Branco: indivíduos não-binários que se reconhecem com muitos gêneros;
- Roxo: pessoas que se identificam com expressões de feminino e masculino, apresentando uma “mistura”;
- Preto: quem não se identifica com gênero nenhum, pessoas sem gênero.
Dia Internacional da pessoa não-binária
Todo ano, no dia 14 de julho, é celebrado, mundialmente, o dia da pessoa não-binária. Esse é um passo importante não só para reconhecer essa identidade, mas principalmente, para promover a conscientização sobre a diversidade de gênero e combater o preconceito que ainda existe na sociedade.
Além disso, o dia serve para aumentar a visibilidade das pessoas não binárias, que frequentemente são marginalizadas e invisibilizadas e, por isso, é importante pensar em políticas que contemplem todas as pessoas e garantam que seus direitos estejam garantidos.
A data também serve como um lembrete da importância de construir uma sociedade mais inclusiva, incorporando a linguagem neutra. Ao utilizar pronomes e termos neutros, criamos um ambiente mais acolhedor e respeitoso para as pessoas não-binárias.
A linguagem é uma ferramenta poderosa para a inclusão e o reconhecimento de todas as identidades de gênero.
Celebrar o Dia Internacional da pessoa não-binária é um ato de resistência contra o apagamento e a discriminação, além de reafirmar o compromisso com a diversidade.
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