Reforma agrária contra à LGBTfobia: MST lança campanha pelo fim das violências de sexualidade e gênero
"Todas as formas de amor são legítimas e compõem a identidade da classe trabalhadora”, afirmou coordenadora da organização
Pensar em reforma agrária e em combate à LGBTfobia pode nos levar a lugares distintos, mas será que não existe algum tipo de convergência entre esses tipos de causas sociais?
Na semana passada, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou a “Campanha Permanente Contra a LGBTfobia no Campo”, mostrando que o combate à discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ é um assunto que pode ser associado à democratização do acesso à terra.
A Campanha, lançada no dia 17 de maio, data do Combate Internacional à LGBTfobia, é fruto da articulação do Coletivo LGBT Sem Terra do MST e nasce com base na ideia de que “todas as formas de amor são legítimas e compõem a identidade da classe trabalhadora”, conforme apontou Luana Oliveira, da Coordenação Nacional do MST pelo Coletivo LGBTQIA+.
“O MST entende que a luta contra a LGBTfobia é um componente importante do nosso projeto político, a Reforma Agrária Popular, e indispensável para construção desse projeto. É impossível construir uma sociedade justa e igualitária, assim como pensar em produção de alimentos saudáveis e agroecologia, se as existências políticas das LGBT+ forem atravessadas por violências”, afirmou Luana.
A campanha, que ocorrerá por tempo indeterminado, também está sendo realizada pela Via Campesina Brasil e os movimentos camponeses que integram a organização, como é o caso do MST.
A intenção, de acordo com a coordenadora, “é realizar um trabalho permanente com a base social, militância Sem Terra e instâncias organizativas do Movimento, para que processos de enfrentamento às violências possam ganhar uma materialidade coletiva”.
“O Movimento entende que a participação de sujeitos LGBT+ faz parte da construção histórica da organização. Afinal, essas pessoas estão presentes em todos os espaços do Movimento, em diversas frentes de trabalho, como produção de alimentos, educação, comunicação, direitos humanos, entre outras”, explicou Oliveira.
Durante todo o ano de 2023 estão previstos um conjunto de materiais de apoio para formação, que está sendo enviado para a base do MST nos estados, como cartilha e cartaz com orientações, além de materiais de divulgação no site do Movimento e nas redes sociais.
A campanha prevê, ainda, um conjunto de outras ações como conferências online, debates, cursos de formação e articulação com outros movimentos e organizações populares para a construção de uma rede de denúncia, apoio e acolhimento das pessoas que sofreram algum tipo de violência, entre elas, a LGBTfobia.
“Temos a grande tarefa de desnaturalizar as violências, reconhecendo as existências das pessoas LGBTQIA+ e trazendo junto à centralidade de suas lutas o respeito à diversidade sexual e identidade de gênero. Acreditamos que é necessária a recusa de classificações e determinações moralistas em relação aos nossos corpos, ao prazer e ao desejo”, finalizou Luana.