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Somos NÓS: "Ser queer é abrir meu leque para não me restringir"

Não-binário e pansexual, Igor, que também é a drag queen Ágata Power, fala sobre sua vida e sexualidade queer

8 jun 2023 - 05h00
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Atuar como drag queen abriu outras possibilidades para Igor
Atuar como drag queen abriu outras possibilidades para Igor
Foto: Acervo pessoal

Meu nome é Igor Martins, sou de Rio Branco (AC), tenho 36 anos e sou jornalista de formação há 13 anos. Sou funcionário público, trabalho na Universidade Federal do Acre (UFAC) e, paralelamente, também sou drag queen, a Ágata Power. 

Já trabalho com a Ágata há mais ou menos sete anos, tanto como influenciador digital quanto nas noites de Rio Branco. Às vezes, rola de fazer host, apresentar algum evento ou recepção. 

Atualmente, eu me vejo muito fluido, mas foi tudo uma construção.

Quando criança eu já sentia uma diferença no modo de observar e olhar outras pessoas, com um olhar de romântico e afetivo, porque sei que minha sexualidade vem desde criança.

Eu já achava homens mais interessantes, meninos mais interassantes, era 'caidinho' por meninos e tudo mais e até então eu cresci achando que era gay. 

A pessoa pansexual se relaciona com outros sem distinção de gênero e sexualidade
A pessoa pansexual se relaciona com outros sem distinção de gênero e sexualidade
Foto: Acervo pessoal

Fui crescendo, amadurecendo e as experiências de vida colaboraram bastante para me entender como drag queen e sobre meu gênero. Entendi que sou uma pessoa não-binária de gênero fluido.

Existem outras formas de não binarismo de gênero, mas, para mim, existe uma fluidez entre o masculino e o feminino. Hoje com uma performance muito maior de gênero voltada para o feminino. 

Eu sou o que eu acho que tenho que ser e gosto de homens na maior parte do tempo. Eu não tenho problema nenhum de ficar com outras pessoas de gênero diferente, eu abro meu leque para não me restrigir, sou pansexual. 

Eu acho que, quando eu era criança, eu sentia muita essa coisa do ‘não haja assim’ ou ‘não faça assim porque é coisa de menina’ e sempre tentando moldar minha forma de ser para parecer o mais ‘padrão’ possível, para não sofrer preconceitos dentro da família ou na escola. 

Mas aconteceu. Eu sofri preconceito ao ponto de sr agredido fisicamente quando eu ainda morava com a minha mãe. Uma vez, saí para correr e, na volta pra casa, estava com fone de ouvido e um rapaz apareceu na minha frente. Era final da tarde, tava escuro e não tinham tantas luzes na rua.

Pessoas não-binárias não se identificam com o gênero masculino ou feminino
Pessoas não-binárias não se identificam com o gênero masculino ou feminino
Foto: Acervo pessoal

O cara começou a gesticular e a perguntar o que eu estava fazendo e porque estava ‘mexendo’ com ele. Eu disse que ele estava ficando louco e fui embora, mas ele veio atrás de mim e me deu um chute no rosto, mas logo corri para a casa da minha avó que era perto de onde eu estava para que não acontecesse algo mais grave. 

As pessoas falam muito mal pelo fato de eu ser drag queen e me ‘vestir como garota’, por eu ser uma pessoa não-binária, mas hoje sou tão empoderado da minha existência que esse preconceito não chega até mim. 

O aspecto drag na minha vida foi uma terapia em vários sentidos, inclusive na questão da descoberta da fluidez.

Hoje eu posso me considerar uma pessoa fluída e pansexual. Ser drag me trouxe a possibilidade de ser quem eu quisesse na minha vida particular e assim permaneço até hoje na minha fluidez.

Fonte: Redação Terra
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