Tokinho sobre ser influencer com nanismo: "Dão risada de mim, mas me recuso a ser vítima"
Influenciador, que quase representou o Brasil no Oscar 2023 e sonha com vaga no BBB, pensou em tirar a própria vida após sex-tape vazar
É com honra que Tokinho, de 28 anos, se define uma pessoa "muito aleatória". Ele, que já foi aspirante a artista circense, dançarino de Tati Zaqui e quase concorreu ao Oscar, leva os memes que protagoniza - e acredite, são muitos - com a maior positividade possível. A postura é uma autodefesa: entristecer-se é deixar o preconceito vencer e isso ele não permite.
"Tentam me ofender com os comentários que fazem na internet, dão risada de mim, mas levo para o positivo, pois me recuso a ser vítima", diz Tokinho, em entrevista ao Terra.
Esse jeito combativo e positivo de ser é algo quase natural para Tokinho. Quem vê ele rebolando nas festas de famosas, como Gkay e Anitta, nem pensa que essa personalidade foi formada no interior da Bahia, em Ibititá, com intuito de romper estigmas familiares.
Nascido com nanismo, Tokinho não precisou viver o mundo para sentir o preconceito. Ele deu de cara com as crenças limitantes já em casa. Sua mãe, que também é uma pessoa com nanismo, se colocava como cidadã de segunda classe. Em contrapartida, seu filho, com a mesma condição, não se permitia limitar por isso.
Conforme cresceu, o influenciador passou a estimular a mãe e, além de melhorar a sua autoestima, estreitou os laços com quem lhe deu a vida.
"Ela tinha vergonha do tamanho dela. Ela chorava e se perguntava: 'Porque eu nasci assim?'. Eu fui a pessoa que quebrei isso. Sempre fui arteiro [menino traquina], sempre me envolvi nas artes, em festas, mostrei que podemos tudo e em todo lugar", lembra.
Fuga para o circo, depressão e sex-tape
Uma de suas "travessuras" está ligada a algo comum a cidades no interior. Uma companhia de circo chegou a Ibititá e arrastou uma multidão de crianças para as ruas, Tokinho entre elas. Segundo lembra, ele não perdia um dia sequer de espetáculo. E até tentou fugir com o circo, mas...
"Minha mãe trabalhava de tarde e eu ia todo dia assistir ao espetáculo, um dia eles me convidaram para participar. Lembro até hoje que eu me vestia de mulher e fazia umas palhaçadas. A comitiva me convidou para seguir com eles, mas os vizinhos contaram para a minha mãe e minha participação ali chegou ao fim", conta.
Sem vergonha de ser quem é, Tokinho logo ganhou destaque em sua cidade natal, se apresentou em palanque de políticos e aos poucos construiu sua carreira na entretenimento. Dali em diante, ele ocupou espaços significativos: integrou o Pânico na Band e foi dançarino da funkeira Tati Zaqui.
Apesar da realização que alcançava profissionalmente, foi nessa época que ele viveu um dos momentos depressivos de sua vida. Um ex-namorado seu vazou uma sex-tape do casal na internet. Como se não fosse o bastante, a família de Tokinho ainda não sabia de sua homossexualidade.
O episódio traumático abalou sua confiança em si mesmo e o levou a pensamentos extremos. Segundo Tokinho, o ex-namorado em questão foi responsabilizado judicialmente. Sua identidade não foi revelada.
"Pensei em tirar minha própria vida por conta desse vídeo. Era nossa intimidade e ele não tinha direito de fazer isso. Destruiu minha confiança e meu psicológico. Eu sou um ser humano, tenho nanismo, mas também tenho sentimentos", lamenta.
Um futuro em Hollywood ou no BBB
O sucesso de Tokinho não parou nos palcos de show de funk. Por pouco o digital influencer não representou o Brasil no Oscar 2023, por sua atuação em Marte Um. O longa-metragem foi um dos 15 cotados para entrar na corrida pelo troféu de Melhor Filme Internacional. Entretanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tirou a obra da lista em dezembro de 2022.
Apesar do "quase", a experiência abriu os horizontes do influenciador para uma nova carreira: a de ator. Tokinho revelou ao Terra que quer estudar teatro e tentar emplacar papéis de pequeno a grande porte. Além disso, ele sonha em um dia integrar o grupo Camarote do Big Brother Brasil. A edição 24 pode ser sua chance.
"Eu sonho em representar pessoas como eu lá dentro, mostrar que podemos ser tão bons em provas quanto os demais, mostrar que a nossa rotina não é tão diferente e, claro, se o Boninho me colocar, ele não vai se arrepender. Vou beber e curtir muito como sempre faço", garante.