'Vamos dominar o país inteiro', diz Grag Queen, que superou o bullying e hoje vive clamor nacional
Vencedora de um reality internacional de drags cantoras, ela falou sobre o futuro da arte e vivência pessoal exclusivamente para o Terra
Um dia você tem que se preparar psicologicamente para aguentar o bullying na escola. Anos depois você é celebrado pelo país inteiro ao ganhar uma competição internacional de cantores. Esse é um resumo da vida de Grag Queen. A drag queen, original de Canela, no Rio Grande do Sul, é mais uma artista do gênero que alcança projeção internacional, ao lado de Pabllo Vittar e Glória Groove.
"Nós vamos dominar o país inteiro", enfatizou a artista em entrevista exclusiva ao Terra. "Estão surgindo drags de todas as facetas. Tem drags comunicadoras, tem entregues em podcasts, tem drags, popstars, rockstars, sertanejo e a gente é f*da, gente! As melhores! A gente vai provar para todo mundo que a gente sabe fazer melhor que todo mundo e do nada todo mundo vai ser drag, eu tenho certeza", aponta.
Para Grag, drag é um propósito, não apenas beleza. "Ser drag, principalmente drag no Brasil, é resultado de muito amor à arte e muita vontade de fazer. Além de ser um refúgio para todas as amarguras que a gente já passou na vida, e todas as questões que a gente tem que lidar, drag é a arte, é política", afirma.
É interessante pensar que alguém que chegou tão longe na carreira ainda encara sua profissão como um refúgio artístico. Mas, como conta Grag, essa é a realidade de muitas pessoas que encararam o bullying desde cedo.
Além de ser de uma cidade pequena, em um interior conservador, Grag cresceu na igreja evangélica em uma família de ascendência árabe. E isso, segundo ela, a deixou marcas profundas. "Então, acabou que nasceu, e cresceu uma criança que aprendeu a odiar tudo o que ela representava, tudo o que a existência dela proporcionava para ela mesma", revela.
"Hoje, ter pessoas que gostam de mim, ter pessoas que me admiram, é muito doido. É como viver essas duas histórias na mesma vida. Sou muito grato pelo carinho de todo mundo, e estou aprendendo a entender que mudou, que agora não precisa mais ter medo, que agora não precisa mais se sentir inseguro", acrescenta.
São desses lugares que nascem as inspirações para as letras que ela compõe. "Eu me sinto artisticamente responsável em falar para as pessoas como eu, e que me ouvem, que está tudo bem, que não tem mais nada para consertar. Vai viver sua vida, vai trabalhar, vai acreditar. Eu sou a prova viva de que dá para acreditar, sim, dá para chegar em algum lugar", finaliza.