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Pessoas não-binárias contam sobre os desafios da identificação e o preconceito: "É um tabu"

Gui Teixeira e Bryanna Nasck falam do papel do cuidado com a saúde mental em suas vidas e da importância de se "libertarem das amarras"

20 ago 2024 - 05h00
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Resumo
A não-binariedade é uma identidade de gênero complexa e muitas vezes mal compreendida, mas pessoas como Gui e Bryanna encontraram apoio e autoaceitação ao se identificarem como não-binárias.
Gui e Bryanna: primeiros questionamentos sobre gênero começaram na infância
Gui e Bryanna: primeiros questionamentos sobre gênero começaram na infância
Foto: Reprodução Instagram/@naobinaria/@bryannanasck

A não-binariedade é uma identidade de gênero que costuma causar uma certa confusão e até mesmo estranhamento em quem não faz parte da comunidade LGBTQIAPN+. Por conta disso, até mesmo passar a se identificar como uma pessoa não-binária nem sempre é um processo fácil conforme as histórias que duas delas compartilharam com o Terra NÓS.

É sempre válido reforçar que pessoas cisgêneros se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascimento. Pessoas não-binárias, mulheres e homens trans pertecem ao grupo dos transgêneros por não se identificarem com o gênero imposto pelo sexo biológico. Elas podem se reconhecer nos gêneros feminino e masculino ao mesmo tempo ou com nenhum.

Se trata de uma questão identitária que nada tem a ver com sexualidade, ou seja, uma pessoa não-binária pode ser gay, lésbica ou bissexual, entre outras orientações.

O uso de pronomes é uma escolha pessoal, por isso sempre é importante perguntar como gostam de ser chamadas. Gui Lopes Teixeira, de 27 anos, dá preferência aos pronomes femininos, mora na capital paulista e trabalha em uma consultoria de diversidade. Ela sempre teve questionamentos acerca dos papéis de gênero, mesmo sem saber direito como nomear suas dúvidas.

"Na infância eu não me encaixava no que costuma se esperar de um menino, mas também não me via como menina", relata. Até que em 2016, já na faculdade, um namorado levantou a hipótese da não-binariedade.

"Comecei a pesquisar sobre o assunto e encontrei vídeos e artigos que me ajudaram a entender melhor. Infelizmente, na época ainda não havia tanta informação em português sobre o tema", lembra.

Por gostar muito do universo feminino, Gui optou por se expressar com maquiagem, unhas pintadas, saias, vestidos e muitos acessórios. "A barba costuma causar um choque visual em muita gente, por ser tido como um signo forte da masculinidade", diz.

Quando se entendeu uma pessoa não-binária Gui encontrou suporte e apoio entre os amigos de faculdade, mas a família, inicialmente, sentiu dificuldade em entender a identidade de gênero. "Hoje já é um pouco melhor. Embora não usem os pronomes femininos que adotei, entendem que para uma boa convivência preciso ser aceita da forma que sou. Mas, claro, é um tabu", fala Gui.

Como saber se uma pessoa é não-binária? Como saber se uma pessoa é não-binária?

A saúde mental costuma ser um ponto sensível na comunidade LGBTQIAPN+. Entre pessoas não-binárias, justamente pela ambiguidade presente, os desafios são ainda maiores. Gui conta que a maior dificuldade é o ambiente da rua, onde muitas vezes já foi tratada como "aberração" ou percebeu que a fotografavam com a intenção de estigmatizá-la. 

"Passei a fazer terapia para evitar que essas coisas não afetassem tanto e para praticar o autocuidado. Tento trabalhar a minha autoconfiança e colocar em prática estratégicas que me permitam viver em segurança. Não vou deixar de performar e viver a minha identidade."

Livre das amarras

Bryanna Nasck é apresentadora, influenciadora digital, streamer e jogadora profissional de League of Legends brasileira. Usa pronomes neutros e feminino e cresceu numa cidade do interior de São Paulo, o que, segundo ela, amplificou o sofrimento que vivenciou antes de se sentir segura para se assumir uma pessoa não-binária.

"Na verdade, eu vivo a realidade da não-binariedade desde muito nova, pois na infância já questionava os limites baseados em gênero, fala e comportamento. Com apenas seis anos de idade já compreendia que não era igual as outras pessoas", destaca.

Os conflitos que vivenciou, muitos deles atravessados por dogmas religiosos, a levaram a desenvolver depressão aos nove anos. Na adolescência ocorreram as primeiras tentativas de suicídio. "Eu não tinha contato com pessoas LGBTs e vivia um isolamento completo. As coisas só começou a melhor depois que me mudei para a capital [paulista]", salienta Bryanna.

A convivência com a comunidade e a busca por informação a "libertaram das amarras", como gosta de definir. "Pessoas não-binárias sempre existiram na sociedade desde a época da Mesopotâmia, aliás, desde que existe vida na Terra. Há registros históricos sobre isso. O conhecimento me libertou e me fez ver que não sou um erro no curso da sociedade", afirma.

Em suas redes, Bryanna Nasck compartilha conteúdos sobre diversidade, fornece explicações e tira dúvidas sobre identidades de gênero. A terapia a ajudou a lidar com o preconceito e os olhares de curiosidade que desperta. De cabelo cor-de-rosa e com 2 m de altura, dificilmente passa despercebida e geralmente é compreendia como uma mulher trans.

"É muito pontual acontecer de alguém me tratar com pronomes masculinos. Hoje isso não me afeta mais, pois em muitos casos a pessoa não fala desse jeito para me ferir, mas sim expressando o que ela entende. Não internalizo mais esse tipo de coisa."

"Hoje, aos 30 anos de idade, sou segura de quem eu sou, não preciso da validação de ninguém. As microagressões diárias não me afetam mais, mas eu gostaria de dizer a quem critica nossa existência que a diversidade na vida traz enriquecimento", conclui.

Nós Explicamos: você sabe o que significa a sigla LGBTQIAP+?:
Fonte: Redação Nós
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