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Pintura corporal indígena: significados e origens

Saiba mais sobre essa tradição que é passada de geração em geração e resistiu ao colonialismo.

20 ago 2024 - 05h00
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Resumo
A pintura corporal indígena no Brasil tem suas raízes profundamente ligadas às tradições culturais e espirituais dos povos indígenas. Esta prática milenar é uma forma complexa de expressão que carrega significados sociais, religiosos e simbólicos.
Imagem mostra pintura corporal indígena em mulheres.
Imagem mostra pintura corporal indígena em mulheres.
Foto: iStock: filipefrazao

A pintura corporal indígena é muito mais do que um simples “acessório” estético. Para os povos indígenas do Brasil, ela é uma forma de expressão profunda que carrega significados culturais, espirituais, sociais e principalmente, é uma tradição que vem sendo passada de geração em geração, e resistindo ao tempo e ao colonialismo.

Através das tintas naturais extraídas de plantas, frutas e minerais, como o jenipapo, o urucum e a tabatinga, cada traço e cor contam uma história, revelam uma identidade e celebram a diversidade que existe entre as centenas de povos espalhados pelo território brasileiro.

Cada povo possui a sua própria pintura, utilizando elementos, grafismos, desenhos e símbolos próprios, sendo também utilizadas como uma forma de representar sua própria etnia. Os materiais utilizados são altamente resistentes e costumam durar cerca de 15 a 20 dias.

E o principal: cada traço possui o seu próprio significado e podem variar de acordo com a comunidade, mas, normalmente, simboliza sentimentos, como a alegria da chegada de um novo membro ou a revolta pela violência sofrida, por exemplo. Além disso, podem representar um rito de passagem, tristeza e até mesmo o luto.

Qual a origem das pinturas corporais indígenas?

A origem da pintura corporal indígena no Brasil está profundamente enraizada nas tradições culturais e espirituais dos povos indígenas, sendo uma prática milenar que é vista como uma forma de expressão complexa que envolve significados sociais, religiosos e simbólicos.

A origem dessa prática é de muito antes da chegada dos colonizadores europeus ao Brasil. Diferentes povos indígenas desenvolveram técnicas e padrões únicos de pintura corporal, que não só diferenciavam visualmente os membros de cada grupo, mas também comunicavam informações importantes sobre status social, afiliação a uma determinada comunidade, papel em rituais religiosos, entre outros aspectos.

Apesar dos séculos de colonização e tentativa de apagamento cultural, a pintura corporal indígena persiste como uma expressão vital da resistência cultural desses povos. Em muitos casos, a pintura corporal se tornou também um símbolo de luta e reivindicação por direitos e reconhecimento, sendo adotada em manifestações e encontros que buscam a valorização e proteção dos povos indígenas e seus territórios.

Ou seja, é uma prática ancestral que vai além da estética, carregando significados identitários importantes.

Como as pinturas são feitas?

Cada povo indígena possui suas próprias tradições e significados associados à pintura corporal. Entre os Yanomami, por exemplo, a pintura é usada em rituais que marcam a passagem de ciclos importantes da vida, como a puberdade e o casamento. Já para os Kayapó, o uso de desenhos geométricos representa a ligação entre o ser humano e a natureza, destacando o papel central que a floresta e os rios desempenham em sua cosmologia.

Os materiais usados também variam conforme a região e os recursos disponíveis. O jenipapo, uma fruta que produz uma tinta azulada quando fermentada, é amplamente utilizado pelos povos da Amazônia. O urucum, que gera um tom avermelhado, é outra planta de importância cultural, simbolizando a força e a resistência. Já com a tabatinga é possível conseguir um pigmento branco.

Tudo isso misturado com gordura animal ou óleo de plantas para fixar a cor na pele. As técnicas de aplicação variam, podendo ser feitas com os dedos, com hastes de madeira ou pincéis feitos de fibras vegetais.

Para boa parte dos povos, as mulheres são responsáveis pela tradição da pintura corporal, ou seja, são elas que pintam os corpos e reproduzem os desenhos simbólicos para sua comunidade e para o momento vivido.

Quais são os tipos de pintura corporal indígena?

A pintura corporal indígena no Brasil é uma prática que carrega inúmeros significados, sendo uma forma de expressão da identidade dos povos originários. Dentro dessa diversidade, cada pintura é realizada para determinada circunstância ou celebração, por exemplo:

Pintura ritualística

Muitos povos utilizam a pintura corporal em rituais e cerimônias, como forma de honrar os espíritos, celebrar eventos importantes ou marcar transições na vida de um indivíduo. 

As cores e os padrões variam conforme o ritual e a tradição. Por exemplo, em algumas culturas, os guerreiros são pintados antes de batalhas ou caçadas para invocar proteção e força. Já em outras, as pinturas podem ser usadas em cerimônias de cura ou de passagem, como a iniciação dos jovens na vida adulta.

Pintura de guerra

A pintura de guerra é uma prática comum entre diversas etnias indígenas. Ela não apenas intimida o inimigo, mas também fortalece o guerreiro, dando coragem para enfrentar o que vem pela frente.

Os padrões geométricos e as cores, como o vermelho e o preto, são predominantes. Cada traço e desenho pode ter um significado específico, como a representação de animais ou de elementos naturais que conferem poder ao guerreiro.

Pintura de adorno

A pintura corporal também pode ser utilizada como adorno, para embelezar o corpo e destacar a beleza individual. Em algumas culturas, as mulheres indígenas pintam o corpo com grafismos delicados e cores vibrantes, utilizando pigmentos naturais, como o urucum (vermelho) e o jenipapo (preto). 

Esses desenhos muitas vezes são temporários e renovados periodicamente, refletindo o estado de espírito ou a estação do ano.

Pintura de pertencimento

Cada povo indígena possui padrões específicos de pintura que indicam a sua identidade e pertencimento a um grupo. Esses desenhos podem ser usados diariamente ou em ocasiões especiais, e são uma forma de reforçar a conexão e a continuidade das tradições. 

Por exemplo, os Kaxinawá utilizam desenhos complexos que representam suas mitologias e história, transmitindo conhecimento de geração em geração através da pintura.

Pintura de proteção

Em muitas culturas indígenas, acredita-se que a pintura corporal oferece proteção espiritual contra forças negativas e doenças. As cores e os padrões utilizados são escolhidos cuidadosamente para formar uma espécie de escudo espiritual. 

Essa prática pode ser observada em rituais de cura, onde o pajé ou xamã pinta o corpo do doente como parte do tratamento.

Pintura corporal indígena atualmente

Como dito anteriormente, as pinturas são um marco da resistência indígena e da coragem em manter tradições originárias mesmo após todo o processo de colonização e o próprio preconceito que ainda hoje existe na sociedade.

Nos últimos anos, a pintura corporal indígena também se tornou uma poderosa ferramenta de expressão política. Muitos povos têm utilizado suas pinturas como forma de protesto e resistência contra a invasão de terras, o desmatamento, o avanço dos garimpos e a marginalização social.

A juventude indígena, tem desempenhado um papel fundamental na adaptação e continuidade da prática da pintura corporal. Muitos jovens redescobrem estas tradições com seus familiares mais velhos, adaptando-as a novos contextos, como redes sociais e movimentos culturais contemporâneos. 

Para saber mais sobre povos indígenas e a diversidade brasileira, acesse o canal Terra Nós.

Fonte: Redação Terra
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