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Piquet é alvo de ação com pedido de R$ 10 milhões em indenização por falas sobre Hamilton

Documento foi protocolado no Tribunal de Justiça do DF pela Educafro, Centro Santo Dias, Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas; tricampeão causou polêmica com comentários racistas e homofóbicos sobre o britânico

5 jul 2022 - 12h27
(atualizado às 13h39)
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O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet está sendo alvo de uma ação civil pública por causa dos comentários racistas e homofóbicos contra Lewis Hamilton. A Educafro (responsável por promover a inclusão de negros nas universidades públicas e particulares), o Centro Santo Dias (órgão de defesa dos direitos humanos), a Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) protocolaram na segunda-feira um documento no Tribunal de Justiça do Distrito Federal pedindo uma indenização no valor de R$ 10 milhões ao tricampeão de Fórmula 1.

Piquet causou polêmica ao chamar Hamilton de "neguinho" durante uma entrevista realizada em novembro do ano passado, mas que viralizou nas redes somente na última semana. Ele fez um comentário homofóbico contra o britânico na mesma ocasião. No documento, as entidades citam "reparação de dano moral coletivo e dano social infligidos à população negra, à comunidade LGBTQIA+ e ao povo brasileiro de modo geral".

A declaração de Nelson Piquet com termo racista para se referir ao piloto Lewis Hamilton foi mais um episódio controverso do tricampeão da Fórmula 1
A declaração de Nelson Piquet com termo racista para se referir ao piloto Lewis Hamilton foi mais um episódio controverso do tricampeão da Fórmula 1
Foto: Reuters

"Há um ano decidimos judicializar todas as situações de racismo como nova atitude do fazer movimento negro no Brasil. O Nelson Piquet tem humilhado demais o povo negro. Ele se ilude quando imagina que está humilhando só o Lewis Hamilton. Na verdade, ele está humilhando toda a comunidade negra nacional e internacional", disse Frei David Santos, porta-voz do Educafro.

Segundo David, o caso está sendo levado para uma entidade de juristas negros nos Estados Unidos, com o nome ainda em sigilo, para que um segundo processo seja aberto também naquele país. O valor da indenização seria usado na abertura de editais para órgãos defensores de pautas do movimento negro e LGBT+. A petição pede ainda que Nelson Piquet seja obrigado a publicar em nota um pedido público de desculpas e pague multa no valor de R$ 100 mil caso volte a fazer declarações racistas ou homofóbicas.

"É uma criança negra vendo a fala e a atitude do Nelson Piquet no rádio ou na televisão, essa criança começa a se sentir mal por querer ser negra. O estrago que ele está causando na comunidade negra é danoso e quase irreversível. Então, ele tem de pagar pelos seus erros", disse David Santos.

'Não sou racista', diz Piquet

Na última semana, Mercedes, Fórmula 1 e Federação Internacional do Automóvel (FIA) emitiram comunicados condenando o brasileiro tricampeão do mundo e enaltecendo o posicionamento constante do inglês na luta pela diversidade. "Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito", diz o comunicado da F-1. Segundo a BBC, a categoria teria decidido banir o tricampeão brasileiro do paddock de todas as provas, mas a punição não foi confirmada pela organização.

Entenda a polêmica entre Nelson Piquet e Lewis Hamilton

Nelson Piquet foi flagrado usando um termo racista para se referir a Lewis Hamilton, em um vídeo de 2021 que circulou nas redes sociais e ganhou repercussão no final de semana. É possível ouvir o ex-piloto chamando o heptacampeão de "neguinho" ao comentar um acidente envolvendo o inglês e Max Verstappen — namorado de sua filha, Kelly Piquet — durante o Grande Prêmio de Silverstone, na Inglaterra.

Na ocasião, Piquet ainda comparou a batida entre os pilotos da Mercedes e da Red Bull com a polêmica colisão de Ayrton Senna e o francês Alain Prost, principal rivalidade da Fórmula 1 no passado. O caso de Senna ocorreu na largada do GP do Japão, em 1990, que garantiu o título daquele ano ao brasileiro. "O Senna não fez isso. O Senna saiu reto", comparou.

Desde o começo da semana, o comentário do brasileiro foi duramente criticado por internautas, relembrando o seu histórico de frases polêmicas. "Surpreendendo um total de zero pessoas", escreveu uma usuária do Twitter. "Imagina o que ele não deve falar em off", escreveu outra. A filha do tricampeão de 69 anos, Kelly Piquet, é namorada de Max Verstappen. O holandês visitou o ex-piloto em Brasília antes do GP de São Paulo, em novembro de 2021, que terminou com Hamilton no lugar mais alto do pódio. Porém, foi Verstappen quem terminou com o título ao fim da temporada.

Hamilton pede 'mudança de mentalidade'

Lewis Hamilton se pronunciou somente nesta terça-feira, dia 28, sobre o assunto. E condenou o tricampeão brasileiro. Escrevendo em português, o heptacampeão de Fórmula 1 pediu foco em "mudar a mentalidade" das pessoas sobre o racismo, clamando em seguida pelo fim de atitudes e comentários desse tipo no automobilismo mundial. Lewis tem sido um ativista pelos direitos humanos, contra o racismo e qualquer tipo de preconceito às minorias. Ele sempre declarou seu 'amor' ao Brasil e ao piloto Ayrton Senna.

"Vamos focar em mudar a mentalidade", escreveu. "É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui alvo delas a minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação." Ele não descartou um processo contra Piquet.

Estadão
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