Polícia dos EUA usa áudio de mãe de brasileiro foragido para convencê-lo a se render
Viaturas e helicópteros estão reproduzindo uma gravação da mãe de Danilo, no qual ela pede, em português, para que o filho se entregue
A polícia americana está utilizando uma nova estratégia para tentar persuadir o brasileiro Danilo Cavalcante, que está foragido nos EUA desde a quinta-feira passada, a se entregar. As informações são da emissora Fox News.
As autoridades policiais estão utilizando viaturas e helicópteros para reproduzir um áudio da mãe de Cavalcante, no qual ela pede, em português, para que o filho desista da fuga e se entregue.
Danilo foi condenado à prisão perpétua após matar sua ex-namorada, a maranhense Débora Brandão, a facadas, em 2021.
"Desesperado como ele deve estar, talvez ele mude de ideia ao ouvir sua mãe lhe dizendo para se render, que sua família se preocupa com ele. Talvez seja isso que o coloque no limite, onde podemos conseguir uma rendição pacífica", disse Robert Clark, agente do Serviço de Delegados dos Estados Unidos (US Marshalls), em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 4.
Segundo Clark, no áudio a mãe de Cavalcante diz que "a família dele o ama e que ela deseja que ele se renda".
Apesar da ajuda da mãe de Danilo, os agentes afirmaram na sexta-feira que consideram a possibilidade de o brasileiro estar recebendo o apoio de familiares durante sua fuga. De acordo com a promotora Deb Ryan, após o assassinato de Débora, familiares tentaram auxiliar Cavalcante.
"Ele a esfaqueou fatalmente 38 vezes, em plena luz do dia, na frente de seus filhos de 4 e 7 anos. Depois, escapou e foi ajudado por familiares e amigos. A Polícia do Estado da Virgínia conseguiu prendê-lo mais tarde, no mesmo dia. Os detetives do condado de Chester conseguiram rastreá-lo e recuperaram a arma do crime", explicou Ryan.
As autoridades acreditam que Danilo ainda está dentro do estado da Pensilvânia e excluem a possibilidade de ele ter fugido para Delaware, um estado vizinho.
Entenda o caso
O brasileiro Danilo Sousa Cavalcante, de 34 anos, condenado na semana passada à prisão perpétua nos Estados Unidos por matar a facadas a ex-namorada Débora Evangelista Brandão, fugiu da Prisão de Chesco, no Condado de Chester, na manhã desta quinta-feira, 31, segundo informou o gabinete do promotor público nas redes sociais.
De acordo com o New York Times, o diretor interino da prisão, Howard Holland, recusou-se a comentar em entrevista coletiva sobre como ou por que a fuga ocorreu, dizendo apenas que o caso estava sob investigação.
Deb Ryan, promotora distrital do condado de Chester, disse que o brasileiro foi visto pela última vez caminhando em direção ao sul, no município de Pocopson, na manhã de quinta-feira, vestindo uma camiseta branca, shorts cinza e tênis brancos.
As autoridades informaram que a busca por Cavalcante se estendeu a todo o condado de Chester e que os residentes próximos da prisão foram notificados da fuga. "Se você o vir, não se aproxime dele. Pedimos que você entre em contato com o 911. Ele é considerado extremamente perigoso", disse Deb.
Cavalcante estava detido na prisão do condado de Chester desde sua prisão, há dois anos. Ele ficaria detido lá por mais 30 dias após sua sentença, antes de uma transferência planejada para o sistema penitenciário estadual – enquanto ele e seus advogados decidiam se iriam apelar de sua condenação.
Crime e condenação
Segundo o jornal americano Daily Local, o crime ocorreu em 2021, na cidade de Phoenixville, no estado da Pensilvânia. Na ocasião, o brasileiro esfaqueou sua ex-namorada até a morte na frente dos filhos pequenos dela. Depois, fugiu do local em um carro e foi preso no dia seguinte em Virgínia, após receber ajuda de dois amigos que testemunharam no caso.
A irmã da vítima relatou à TV Globo naquele ano que Danilo não aceitava o fim do relacionamento e, desde de 2020, ano anterior ao crime, já ameaçava Débora. A brasileira morava no país há 5 anos, com seus dois filhos, frutos de outro casamento.
No dia 22 de agosto ocorreu o julgamento do brasileiro, que durou cerca de 20 minutos. Na ocasião, o homem apenas apresentou um pequeno pedido de desculpas. "Quero pedir desculpas a eles", disse Cavalcante ao se referir aos filhos de Débora, e a irmã dela, Sarah Brandão.
Apesar disso, o juiz Patrick Carmody afirmou a ele que suas ações desmentiam qualquer sentimento de remorso e que "se ele estivesse realmente arrependido se confessaria culpado, poupando a irmã e a filha da vítima de testemunharem".
"Para você fazer com que [a menina] revivesse o assassinato de sua mãe foi uma decisão consciente sua. Foi uma decisão egoísta. Você pensou em si mesmo e não pensou naquelas crianças”, disse o magistrado.
A condenação determinada pelo juiz considerou as evidências apresentadas pela equipe de acusação da promotora distrital, o depoimento da filha de Débora - testemunha ocular do crime -, além de relatos de vizinhos que ajudaram a resgatar as crianças naquele dia.
Os defensores públicos que atuaram em sua defesa reconheceram a culpa dele diante do júri, mas argumentaram que ele agiu no "calor da paixão" e deveria ser considerado culpado por um crime de menor grau. O júri rejeitou a sugestão.
A defesa ainda argumentou que Cavalcante cresceu pobre no Brasil e também foi vítima de abusos. “Esses indivíduos muitas vezes cometem os mesmos crimes que testemunharam”, afirmou um dos promotores, alegando que o brasileiro começou a se associar com membros de gangues e tornou-se viciado em drogas e álcool.
Segundo Deborah Ryan, promotora do caso, toda a família da vítima está sofrendo com a tragédia. Ela chamou as ações do brasileiro de “frias, calculistas e hediondas” e disse: "Ele não apenas assassinou Deborah Brandão brutalmente, mas também na frente dos dois filhos dela".
Segundo a promotora, o homem queria a ex-namorada morta porque ela havia ameaçado contar às autoridades que ele era procurado por assassinato no Brasil. “Se a senhorita Brandão fosse à polícia, ele teria sido denunciado. Ele fez isso para silenciá-la. Esta foi uma tragédia sem sentido e comovente. Ele a massacrou até a morte", lamentou.