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Polícia investiga intolerância política e de gênero contra sindicalistas que foram à posse de Lula

Apartamento de dirigentes sindicais pegou fogo em Curitiba enquanto elas viajavam a Brasília

5 jan 2023 - 12h33
(atualizado às 12h37)
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Um incêndio destruiu um apartamento alugado por duas sindicalistas no bairro Abraches, em Curitiba, na terça-feira, 3. As moradoras, que tinham viajado a Brasília para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não estavam no imóvel. Entre as suspeitas para a motivação, estão os crimes de intolerância política e homofobia. A polícia também investiga furto qualificado, já que um veículo e duas televisões foram levados do local, e incêndio criminoso.

uliana Mildemberg e Loide Ostrufka
uliana Mildemberg e Loide Ostrufka
Foto: Instagram / Estadão

Documentos, livros, bandeiras e outros objetos que faziam referência ao Partido dos Trabalhadores (PT), à luta sindical e a movimentos progressistas foram amontoados e queimados dentro do apartamento das dirigentes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Loide Ostrufka e Juliana Mildemberg. Uma perícia no imóvel apontou previamente sinais de arrombamento e de incêndio causado por ação humana.

"Queimou tudo, tudo que tinha no meu quarto se perdeu. Todas as roupas, livros, materiais, documentos de pesquisa. No quarto da Loide também muita coisa se perdeu, algumas roupas dela ainda ficaram pelo caminho. O importante é que estamos bem. O que é material a gente constrói novamente", afirmou Juliana em uma rede social. As sindicalistas estão organizando uma vaquinha virtual para ajudar com o prejuízo.

De acordo com o delegado Geraldo João Celezinski, do 4º Distrito Policial de Curitiba, responsável pela investigação, há indícios consistentes de motivação política e homofobia.

"Por que só queimar fotografias pessoais em que estavam uma das moradoras e a companheira dela e não as outras? Por que queimar bandeira? Independentemente da posição política do autor, estamos considerando essas hipóteses (de motivação política e homofobia)", explicou o delegado ao Estadão. Ele contou que o veículo levado era da companheira de uma das sindicalistas, que não mora no local.

Celezinski disse que o incêndio não teve proporções maiores porque alguém na vizinhança percebeu a fumaça e acionou o Corpo de Bombeiros. "Ainda não temos detalhes sobre as causas do incêndio. O Instituto de Criminalística tem 30 dias para mandar o laudo. A priori é para ser criminoso, tanto que estamos investigando com essa natureza. Também temos 30 dias para concluir a investigação, mas se não conseguirmos até lá vamos pedindo prazo para conseguir mais pistas", afirmou.

Loide Ostrufka é uma das sindicalistas que tiveram seu apartamento queimado.
Loide Ostrufka é uma das sindicalistas que tiveram seu apartamento queimado.
Foto: Instagram / Estadão

Ainda conforme o delegado, os investigadores chegaram até imagens de câmeras de segurança do entorno do imóvel incendiado e estão trabalhando para tentar identificar possíveis suspeitos e precisar o horário em que ocorreu o incêndio. As moradoras não relataram ter sofrido ameaça recente.

Em nota, o PT informou que está adotando medidas jurídicas sobre o incêndio no apartamento das diretoras sindicais, que são filiadas ao partido. O comunicado trata o caso como "provável crime de intolerância política". "É inadmissível que esse tipo de violência e intolerância sejam realizadas por uma parcela da população que defende atos antidemocráticos e a instauração de um golpe no País. Esse tipo de crime deve ser investigado e os responsáveis devem ser punidos". Também em nota, o Sismuc repudiou o caso e afirmou que está prestando amparo às vítimas.

Estadão
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