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Por que Deus não me amaria?

A cantora e compositora Assucena, ex-integrante do grupo As baías, fala como o judaísmo faz parte de sua trajetória

5 out 2022 - 08h17
(atualizado em 7/12/2022 às 18h37)
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Foto: Clube Lambada/Ilustração / Elástica
Foto: Assucena/Divulgação / Elástica

oi durante a faculdade de história que Assucena mergulhou na música. "Ela chegou tão de mansinho que, quando eu vi, já estava entregue. Desisti de uma carreira convencional para seguir esse caminho", conta à Elástica. A artista, ex-integrante do grupo "As Baías", segue em carreira solo e está pronta para lançar um disco.

Segundo ela, a banda teve grande importância na cena musical brasileira por toda a representatividade e empoderamento que mostraram durante os dez anos de existência. "Eram duas mulheres trans [ela e Raquel Virgínia] em cima do palco empunhando a bandeira do respeito, da liberdade e da democracia", reflete. Mas, ainda que a cantora acredite que trabalhar com cultura no país é difícil - majoritariamente pela falta de um Ministério e apoio do Estado -, ela ressalta que a música está em seu coração e a ajudou na manutenção de sua fé.

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Se minha avó me entendeu e a minha mãe me entendeu, por que Deus não vai me entender? É uma mentira que pessoas LGBT's não podem ter acesso ao divino e ao sagrado.

Essa última, inclusive, tem tomado sua atenção nos últimos dias. Isso porque há a preparação para o Yom Kipur, também conhecido como Dia do Perdão, que acontece entre a tarde de 4 de outubro até a tarde do dia seguinte. Este é um dia dedicado ao jejum, à oração, à reflexão, ao arrependimento e ao perdão. "O fundamento da cultura judaica é a religião. Aprendi a rezar os salmos desde criança e isso me conecta muito com Deus", diz. "Esse é o feriado mais importante do calendário hebraico porque quando essa consciência se compadece da vida. Dizem que Ele vem até a humanidade nesse dia."

Sua avó, inclusive, usou um texto da Torá como forma de validar para a família sua transexualidade. "Ela disse que Deus, na verdade, não olha para aparência, e sim o caráter e a bondade. Eu poderia ser a pessoa que mais se afastaria da religião como uma forma de negação da minha identidade", ressalta. "Mas se minha avó me entendeu e a minha mãe me entendeu, por que Deus não vai me entender? É uma mentira que pessoas LGBT's não podem ter acesso ao divino e ao sagrado."

Foto: Assucena / Cassia Tabatini/Divulgação / Elástica

Lavando louça suja

O Histórias de Ter.a.pia é um canal criado por Lucas Galdino e Alexandre Simone, em 2018, para a contar histórias de pessoas reais, enquanto se lava a louça. Isso porque é nessa atividade cotidiana e onipresente que o entrevistado deixa fluir a emoção e cria conexão com o público ao dividir um pouco de suas experiências pessoais. E para contar a história de Assucena, a Elástica se junta a eles.

A gravação aconteceu no apartamento da artista, em São Paulo, e levou apenas uma manhã. "Nesses quase cinco anos de canal, já contamos mais de 200 histórias e aprendemos muito com elas", explica Lucas. "Com Assucena não foi diferente! Entrar na casa e no íntimo dela e ouvir coisas tão pessoais sobre religião e gênero é muito transformador. Acreditamos que isso se espelha a quem assiste, já que é através dos vídeos que levamos informações tão importantes." Para conferir o resultado, dê o play abaixo!

Elástica
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