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Por que o retorno do manto Tupinambá ao Brasil é tão importante para os indígenas

Evento para celebrar o repatriação da peça sagrada acontece nesta quinta-feira, 12, no Rio de Janeiro

12 set 2024 - 12h43
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Resumo
O manto Tupinambá, artefato indígena sagrado, retornou ao Brasil em 11 de julho e está no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O manto Tupinambá foi levado no período colonial e estava na Dinamarca desde o século 17
O manto Tupinambá foi levado no período colonial e estava na Dinamarca desde o século 17
Foto: Reprodução/Museu Nacional da Dinamarca

O manto Tupinambá, artefato indígena sagrado utilizado em rituais e cerimônias no Brasil, retornou ao país em 11 de julho, sob sigilo. A peça, considerada a mais bem preservada entre os 11 exemplares existentes, está agora no Museu Nacional do Rio de Janeiro. O manto foi retirado do país no período colonial e estava na Dinamarca desde o século 17, no ano de 1689.

Para celebrar a chegada do manto, os Ministérios dos Povos Indígenas, Educação, Cultura e Relações Exteriores organizam uma cerimônia nesta quinta-feira, 12, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. O evento contará com a presença de lideranças do povo Tupinambá e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cerca de 200 indígenas Tupinambá vieram da Bahia para celebrar o retorno do manto, que tem 1,2 metro de altura por 50 centímetros de largura. Uma pequena comitiva, que incluía descendentes da falecida anciã Tupinambá Amotara, visitou o manto no último domingo, 8. Amotara viu o manto em 2000, em uma exposição temporária em São Paulo.

A partir daquele momento, ela e outros indígenas começaram a lutar pela repatriação da peça, que estava no Museu Nacional da Dinamarca. Na época, a anciã escreveu uma carta pedindo que o manto ficasse em território brasileiro. Segundo especialistas, o processo de repatriação do manto iniciou, portanto, há 20 anos, com os próprios indígenas tupinambás.

"O Manto, para o nosso povo e para a nação Tupi, representa um ancestral e uma linguagem de comunicação; por meio dele, recebemos prosperidade, paz e uma boa mensagem. Ele vem para dar forças e ressaltar a importância do território para o nosso povo, para manter nossa cultura e nossos rituais vivos", disse a liderança indígena Glicéria Tupinambá, que participou do processo de repatriação com o Museu Nacional desde o início, ao site do Ministério da Cultura

A polêmica da repatriação

A possibilidade de o manto retornar ao Brasil surgiu em 2022, quando o embaixador do Brasil estava na Dinamarca e perguntou se o Museu Nacional do Rio de Janeiro teria interesse em receber a peça. A partir de então, a Embaixada do Brasil na Dinamarca, o Museu Nacional e lideranças Tupinambá da Serra do Padeiro e de Olivença articularam o processo de devolução.

Um Grupo de Trabalho formado por pesquisadores também foi criado para ajudar no retorno da peça. E em abril deste ano, o Ministério dos Povos Indígenas esteve no território tupinambá, em Olivença, para conversar com os indígenas sobre o manto e a relação que eles têm com o artefato. O objetivo era viabilizar o contato deles com a peça.

O retorno do manto, no entanto, também foi marcado por uma polêmica. Os indígenas tupinambás consideram o manto um ancião e esperavam estar presente na chegada da peça ao Brasil, o que não aconteceu. O Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito) disse na época que não foi informado oficialmente sobre o retorno do manto.

No Rio de Janeiro, a anciã Yakuy Tupinambá leu um manifesto sobre a demarcação de terras indígenas, falta de transparência no processo de repatriação e acesso ao manto no início das celebrações do retorno da peça.

"Reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, através das autarquias representativas que mais uma vez dilaceram nossos direitos originários e, muito mais que isso, fere profundamente o que mais prezamos: a nossa crença e a nossa fé", disse ela.

Há 300 anos, Dinamarca pegou Manto Tupinambá dos indígenas e não devolveu:
Fonte: Redação Nós
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