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"Por que só falar de superação com pessoas com deficiência?”, questiona campeão paralímpico

Clodoaldo Silva afirma que esporte adaptado é a "maior forma de inclusão em todas as áreas”

19 set 2023 - 05h00
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 Clodoaldo é considerado uma das maiores estrelas das Paraolimpíadas de Atenas
Clodoaldo é considerado uma das maiores estrelas das Paraolimpíadas de Atenas
Foto: Reprodução/Instagram @tubaraoparalimpico

No que você pensa quando escuta falar sobre "esportes adaptados"? Se a palavra for superação, está na hora de conhecer a história de atletas com deficiência que vão te mostrar que a adaptação e a inclusão são muito mais do que palavras no papel. Os esportes adaptados são um testemunho da resiliência humana e da capacidade de transcender as limitações. 

A inclusão é um valor fundamental em nossa sociedade, e garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades ou limitações, tenham oportunidades iguais é um objetivo que todos devemos abraçar em todas as áreas da sociedade, inclusive, no esporte. É movimento e inclusão, é inclusão em movimento. 

Esportes Adaptados: “Esporte para pessoa com deficiência é a maior forma de inclusão em todas as áreas”

Os esportes adaptados são uma ferramenta para promover a inclusão e oferecer oportunidades significativas para pessoas com deficiência. Eles não apenas proporcionam atividade física, mas também contribuem para o desenvolvimento mental, emocional e social dos participantes. 

Clodoaldo Silva, nadador e campeão paralímpico brasileiro, relata: “O Brasil, ainda é, apesar de menos que antes, um país com pouca acessibilidade, sem mobilidade urbana, o ônibus não era acessível. A principal dificuldade já começava em ter que sair de casa. Já em conseguir me locomover, já precisava superar vários obstáculos, e no esporte não seria diferente. E foi o que me abriu diversas portas. Por isso digo que a é de total importância os esportes adaptados, para promover a igualdade e a mudança de percepções sobre pessoas com deficiência na sociedade. É fundamental, o esporte para pessoas com deficiência é a maior forma de inclusão, em todas as áreas, seja de trabalho, seja na educação. Em todas as áreas.”

"Todos nós, com ou sem deficiência, temos obstáculos a superar. Por que só falar de 'superação' com PcD", questiona Clodoaldo
"Todos nós, com ou sem deficiência, temos obstáculos a superar. Por que só falar de 'superação' com PcD", questiona Clodoaldo
Foto: Reprodução/Instagram @tubaraoparalimpico

Devido à falta de oxigênio durante o parto, Clodoaldo nasceu com paralisia cerebral, o que afetou o movimento das pernas e a coordenação motora. Considerado uma das maiores estrelas das Paraolimpíadas de Atenas, quando conquistou seis medalhas de ouro e uma de prata, em oito provas disputadas, o nadador brasileiro relembra a conquista: “foi um divisor de águas! Em 2004, o Brasil teve um marco ao conquistar, na Paraolimpíadas, 14 medalhas de ouro. Então, a televisão começou a mostrar, a divulgar, a reconhecer o esporte paraolímpico como esporte, e em 2005, começaram criar leis envolvendo esportes e pessoas com deficiência. Tudo mudou.”

"A deficiência não limita minha capacidade", diz acrobata cadeirante "A deficiência não limita minha capacidade", diz acrobata cadeirante

“Os esportes adaptados têm o poder de desafiar estereótipos”

Investir em esportes adaptados não é apenas uma questão de equidade, mas também uma oportunidade de aproveitar o potencial excepcional de talentos que muitas vezes são subestimados. E quem fala sobre essa questão é a nadadora Edênia Garcia, primeira mulher brasileira a conquistar o título de tricampeã mundial paraolímpica: “Os esportes adaptados têm o poder de desafiar estereótipos, educar, inspirar e promover uma mudança de atitude em relação às pessoas com deficiência. Isso pode levar a uma sociedade mais inclusiva, onde as pessoas com deficiência são valorizadas e têm as mesmas oportunidades que as pessoas sem deficiência ", conta

"O esporte nos ensina a perseverar,", conta a medalhista
"O esporte nos ensina a perseverar,", conta a medalhista
Foto: Reprodução/Instagram @edeniagarciaoficial

A nadadora nasceu com polineuropatia sensitiva motora, uma doença progressiva que trouxe dificuldades de movimento nas pernas e nos braços, e compartilhou sua experiência: “Em minha própria experiência, os esportes adaptados me ajudaram a desenvolver resiliência, determinação e trabalho em equipe. Eles me ensinaram a enfrentar desafios de frente, a persistir diante das dificuldades e a trabalhar em conjunto com meus colegas de equipe para alcançar nossos objetivos. Essas habilidades têm sido valiosas não apenas no esporte, mas também em minha vida pessoal e profissional.”

“Todos nós, com ou sem deficiência, temos obstáculos a superar. Por que só falar de “superação” com pessoas PcD?

A inclusão não é apenas uma palavra na moda. É um princípio que impulsiona a igualdade, o respeito e a dignidade para todas as pessoas, independentemente de sua situação. Todas as pessoas enfrentam inúmeras barreiras em suas vidas diárias, diariamente superam alguma adversidade, sendo a pessoa com deficiência, ou não. 

Edênia Garcia foi a primeira mulher brasileira a conquistar o título de tricampeã mundial paraolímpica
Edênia Garcia foi a primeira mulher brasileira a conquistar o título de tricampeã mundial paraolímpica
Foto: Reprodução/Instagram @edeniagarciaoficial

Afirmações como "alguém é um exemplo de superação apenas por causa da deficiência" simplificam injustamente a jornada de vida da pessoa. É o que nos explica Clodoaldo Silva, “todos nós, com ou sem deficiência, temos obstáculos a superar. Por que só falar de “superação” com PcD? 

Essa perspectiva pode ser considerada preconceituosa e desrespeitosa. É importante lembrar que as pessoas com deficiência (PcD) não são definidas por sua condição, e não devem ser tratadas com condescendência. O esporte tem o poder extraordinário de nos capacitar a superar obstáculos, independentemente de sermos pessoas com deficiência ou não. 

Ele nos ensina a perseverar, a definir metas e a alcançá-las, a enfrentar desafios com determinação e a celebrar cada vitória, por menor que seja, como comenta a atleta Edênia Garcia  “O fato de você lidar diariamente com vitórias e derrotas te faz capaz de superar muitos desafios que só o esporte é capaz de ensinar”.

A Variedade de Esportes Adaptados

Os esportes adaptados não são uma categoria única. Eles incluem uma ampla gama de atividades adaptadas às necessidades individuais de cada pessoa. Aqui estão alguns exemplos populares de esportes adaptados:

Basquete em Cadeira de Rodas: Similar ao basquete tradicional, mas jogado por pessoas em cadeiras de rodas. Requer habilidades de movimentação e arremesso precisas.

Goalball: Um esporte desenvolvido para pessoas com deficiência visual, envolve arremessar uma bola com sino em direção ao gol do adversário, que deve defendê-lo apenas com o som e o tato.

Atletismo Adaptado: Inclui corrida, salto e lançamento, adaptados às habilidades e necessidades individuais dos atletas.

Natação Adaptada: Oferece oportunidades para PcDs participarem de competições aquáticas, com diferentes categorias para atender a diversas deficiências.

Paraskate: Modalidade do skate adaptada para pessoas com deficiência. Assim como o skate tradicional, o paraskate envolve a utilização de uma prancha montada sobre quatro rodas e a realização de manobras em rampas, bowls, pistas de skate e outros ambientes apropriados. 

Promovendo a Conscientização e o Apoio

Promover a inclusão de PcDs nos esportes adaptados exige a conscientização e o apoio de toda a sociedade. Isso inclui o desenvolvimento de infraestruturas acessíveis, programas de treinamento adaptados e uma mentalidade inclusiva em todas as esferas da sociedade.

E foi pensando nisso, que Vini Sardi fundou a ABPSK – Associação Brasileira de Paraskateboard, entidade sem fins lucrativos, constituída em maio de 2022 para representar e defender os interesses das pessoas com deficiência que praticam skate profissionalmente ou por lazer. 

"Precisa haver uma conscientização e maior preparo para lidar com acessibilidade no geral", alerta o atleta
"Precisa haver uma conscientização e maior preparo para lidar com acessibilidade no geral", alerta o atleta
Foto: Reprodução/Instagram @vinisardi

A iniciativa surgiu após a realização do Circuito Paraskate Tour, em São Paulo – campeonato exclusivo e inédito da modalidade, que teve sua primeira edição em 2021. O evento, idealizado por Vinicios Sardi, mostrou a força da modalidade.

A associação é a única entidade de paraskatistas no mundo, com organização e planejamento para estruturar a modalidade e contribuir para torná-la Paralímpica, cuja expectativa é o Paraskate competir somente em 2032 e, até lá, a pretensão é desenvolver uma base sólida de paratletas, acompanhado de um estudo sobre categorização das deficiências para fins de competições.

Para o paraskatista Vini Sardi, que nasceu com má formação congênita nos membros inferiores, o esporte adaptado vem evoluindo: “As Paralimpiadas é um sucesso e o Brasil traz muitas medalhas no paradesporto. O Paraskate avançou muito nos últimos dois anos; o número de praticantes cresceu 362% de setembro de 2021 até maio de 2023. Esses dados foram contabilizados de acordo com as informações do banco de dados da Associação Brasileira de Paraskateboard extraídos das fichas de filiações dos paraskatistas”.

“Há muito espaço para quem quer praticar algum esporte.”

O trabalho da ABPSK vai além dos campeonatos de Paraskate, pois existe um compromisso de  inclusão social da pessoa com deficiência (PcD) no esporte, para fazer com que o esportista se sinta integrado a um grupo que pode proporcionar bem estar físico e mental pela prática do Paraskate. 

Para Sardi, é preciso haver maior conscientização e atenção para o assunto: “Sobre os desafios sempre são muitos. Precisa haver uma conscientização e maior preparo para lidar com acessibilidade no geral, mas estamos melhorando. O futuro é promissor. Esporte salva e transforma vidas; há muito espaço para quem quer praticar algum esporte. É importante ter representantes para dar o exemplo e motivar outros PcDs.”

Será que a Lei Brasileira de Inclusão garante respeito e equidade de oportunidades para PcDs?:
Fonte: Redação Nós
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