Prefeito de cidade catarinense sugere que enchentes no RS ocorrem por causa de poucas igrejas e mais centros
Internautas criticam declaração do político de Barra do Sul e apontam intolerância religiosa
O prefeito de Barra do Sul (SC), Valdemar Rocha, afirmou que as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul seriam resultado de o Estado ter menos igrejas, sugerindo uma relação com religiões de matriz africana. A declaração foi feita na semana passada em entrevista à Rádio FM Litoral, de Santa Catarina.
"O que está acontecendo lá no Rio Grande do Sul? É aquela enchente. Mas aí nós fomos ver uma estatística aí, e é o estado que menos tem igreja. E lá é centro de, de, de… que não agrada aos olhos de Deus. Será que Deus não está chamando eles a uma responsabilidade?", questionou Rocha, sem citar a fonte da estatística sobre templos religiosos no Estado.
A fala do prefeito foi amplamente criticada nas redes sociais. Internautas apontaram que a intolerância religiosa é crime no Brasil e pedem a penalização do político pelas declarações.
Valdemar Rocha, eleito vice-prefeito em 2020, assumiu oficialmente a prefeitura de Barra do Sul em junho de 2023 após o afastamento do então prefeito Antônio Rodrigues por fraude em licitações públicas.
Influenciadora mineira é denunciada por intolerância religiosa
Michele Dias Abreu associou tragédia no RS a religiões de matriz africana
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou a empresária e influenciadora Michele Dias Abreu, de 43 anos, por intolerância religiosa ao associar a tragédia climática no Rio Grande do Sul às religiões de matriz africana. Michele, residente em Governador Valadares, publicou um vídeo nas redes sociais em 5 de maio afirmando que as enchentes e temporais que desalojaram mais de 560 mil pessoas, mataram 169 e deixaram 56 desaparecidas, foram motivados pela "ira de Deus".
"O estado do Rio Grande do Sul é o estado com maior número de terreiros de macumba. Alguns profetas já estavam anunciando algo que iria acontecer devido a ira de Deus. As pessoas estão brincando […] misturando aquilo que é santo, e Deus não divide sua honra com ninguém", disse Michele no vídeo, que alcançou três milhões de visualizações e foi compartilhado com quase 32 mil seguidores, segundo o Ministério Público.
A punição para crimes de intolerância religiosa no Brasil é equiparada à do crime de racismo. A promotoria argumenta que a influenciadora induziu milhares de pessoas "à discriminação, ao preconceito e à intolerância contra as religiões de matriz africana".
O MPMG também solicitou que Michele seja proibida de sair do país sem autorização judicial e de fazer novas postagens sobre religiões de matriz africana ou conteúdos falsos relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul.
Após a repercussão negativa, Michele privou suas redes sociais. Ela se apresenta em seu canal de vídeos como diretora de uma rede de laboratórios em Minas Gerais.