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"Pretas têm mais a contar além de dores", diz Karol Conká

Cantora, que se apresenta no evento +QPretas, comenta que o Brasil precisa exaltar a potência da mulher negra em vez reforçar estereótipos

30 jul 2022 - 05h00
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"Queremos ter espaço para expressar além daquilo que esperam que a gente vá falar", afirma Karol
"Queremos ter espaço para expressar além daquilo que esperam que a gente vá falar", afirma Karol
Foto: Divulgação/Lana Pinho

Karol Conká é uma das artistas que vão se apresentar no +QPretas, que acontece nesse domingo (31) na capital paulista. O evento, que reúne mulheres negras das mais diversas áreas para falar sobre empreendedorismo, beleza, saúde mental e arte, será transmitido no #TerraNos. Em entrevista ao Nós, a rapper elogia a iniciativa que se propõe a enaltecer a força da mulher negra e fala sobre racismo, maternidade, novos projetos e reposicionamento de imagem. Confira:

Qual a relevância de um evento como o +QPretas?

Fico feliz e grata por participar de um projeto que não só exalta a força da mulher preta como incentiva outras mulheres em suas realizações.

O evento conta com mulheres negras potentes de diversas áreas e vivências. O que você acha que o Brasil ainda precisa saber/redescobrir sobre a mulher negra?

Que nós temos muitas feridas, sim, mas temos muita coisa interessante para falar. Não podemos nem queremos ser reduzidas apenas às nossas dores. Isso só reforça estereótipos. A sororidade negra é importante, mas é fundamental furar a bolha e trazer as pessoas brancas para junto da gente. Queremos ser ouvidas também por pessoas brancas e ocupar espaços como mulheres que inspiram e contribuem para a sociedade. Queremos ter espaço para expressar além daquilo que esperam que a gente vá falar.

O evento conta com mulheres negras potentes de diversas áreas e vivências. O que você acha que o Brasil ainda precisa saber/redescobrir sobre a mulher negra?

Que nós temos muitas feridas, sim, mas temos muita coisa interessante para falar. Não podemos nem queremos ser reduzidas apenas às nossas dores. Isso só reforça estereótipos. A sororidade negra é importante, mas é fundamental furar a bolha e trazer as pessoas brancas para junto da gente. Queremos ser ouvidas também por pessoas brancas e ocupar espaços como mulheres que inspiram e contribuem para a sociedade. Queremos ter espaço para expressar além daquilo que esperam que a gente vá falar.

Além da moda, como multiartista há alguma outra área em que deseja se aventurar?

Pretendo escrever um livro. É uma ideia em que penso há muito tempo, mas acho que de 2021 para cá tive novos aprendizados e acumulei bagagem suficiente para falar.

Em "Cê Não Pode" você canta "Minha realidade não exige perfeição". Isso diz respeito a todas as suas experiências de vida, inclusive a passagem pelo BBB?

Sim. Refleti sobre como nós, seres humanos, seguimos cobrando perfeição uns dos outros como se fôssemos perfeitos. E não somos.

Você acha que, em se tratando de realities shows ou até mesmo de celebridades, o julgamento do público é sempre mais suave em se tratando de homens brancos?

Não só mais suave, como passageiro. Dura poucas horas. Mulher preta sofre em dobro: não tem lugar de fala para se redimir e reconhecer que errou. Por isso acho que não dá pra exigir doçura de uma pessoa que é atacada com uma força muito maior do que causou o ataque.

"Mulher preta sofre em dobro", destaca rapper sobre julgamento do público
"Mulher preta sofre em dobro", destaca rapper sobre julgamento do público
Foto: Divulgação/Lana Pinho

Como é ser mãe de um adolescente negro no Brasil de hoje?

É uma preocupação constante. Me vejo reproduzindo com o Jorge o que a minha mãe falava para o meu irmão. Tenho receio de ele que seja confundido com o que não é e maltratado por conta disso. Dou certas orientações e ouço: "Mãe, meu amigo faz a mesma coisa". E respondo: "seu amigo é branco". É doloroso, mas tem que ser assim.

O Jorge tem 16 anos. Ele já tem uma ideia de que carreira pretende seguir?

Conversamos esses dias sobre isso e ele me contou que vai começar a cantar, o que me deixou muito feliz, porque Jorge sempre foi tímido. Temos um estúdio em casa e ele sempre me viu trabalhando. Eu o apoio totalmente.

Você aprendeu algo que não sabia à frente do "Prazer Feminino", na GNT?

Muito. Comecei a gravar a terceira temporada essa semana e vamos abordar temas incríveis com diversas convidadas, uma melhor que a outra. Eu aprendi a ter uma melhor percepção sobre mim, pois era cheia de tabus. Entendi que o que é tabu para mim não é para o outro, e vice-versa. Aprendi a respeitar a liberdade de cada um.

Você aprendeu algo que não sabia à frente do "Prazer Feminino", na GNT?

Muito. Comecei a gravar a terceira temporada essa semana e vamos abordar temas incríveis com diversas convidadas, uma melhor que a outra. Eu aprendi a ter uma melhor percepção sobre mim, pois era cheia de tabus. Entendi que o que é tabu para mim não é para o outro, e vice-versa. Aprendi a respeitar a liberdade de cada um.

Qual pergunta você gostaria de responder e que nunca lhe fizeram?

"Como é o dia a dia da cabeça TOC?". Muita gente não entende que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo não é frescura. Às vezes não consigo focar, pareço desligada, mas estou tentando ajustar um problema compulsivamente dentro da minha cabeça. É frustrante não conseguir progredir com as coisas e gostaria que as pessoas entendessem melhor como isso funciona. Desde o "Big Brother" passei a estudar mais sobre o TOC, além de fazer terapia e tratamento com CBD [óleo de canabidiol]. Com mais informação, quem tem TOC poderia ser tratado com mais calma e carinho.

Fonte: Redação Nós
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