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Primeira mulher negra latino-americana a subir o Everest é brasileira: conheça Aretha Duarte

"Minha conquista significou dar esperança a pessoas negras", diz a montanhista que começou vendendo roteiros de expedições que sonhava fazer

22 mar 2023 - 05h00
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Aretha conheceu o montanhismo durante a faculdade de educação física
Aretha conheceu o montanhismo durante a faculdade de educação física
Foto: Reprodução: Redes Sociais

"Sou Aretha Duarte Freitas, tenho 38 anos, nasci em Campinas, no estado de São Paulo, e moro no bairro Jardim Capivari, que fica na periferia da cidade. Eu sou a caçula e tenho dois irmãos mais velhos, Ailton Júnior e Stênio. Nós somos filhos da cozinheira Euleide e do ferreiro armador Ailton. 

Os meus pais são pernambucanos e vieram do Nordeste para São Paulo para tentar uma vida melhor, mas quando chegaram não tinham onde morar e ocuparam um terreno na cidade de Campinas. Eles construíram um barraco de madeirite, onde puderam formar a família. Tempos depois, a prefeitura da cidade cedeu esse terreno para minha família e meus pais puderam transformar o barraco de madeirite numa casa de alvenaria. Eu vivi nesse barraco até os meus seis anos de idade e acompanhei toda a construção da casa de tijolos.

Sou formada em educação física, com pós-graduação em fisiologia, bioquímica, treinamento esportivo e nutrição. Hoje, sou montanhista, empreendedora socioambiental e guia de alta montanha. Além disso, também sou palestrante e desde o início do projeto "Da Sucata ao Everest", em 2020, venho ministrando palestras, tanto para escolas públicas como em empresas privadas, com o objetivo de inspirar jovens a buscarem suas realizações. 

Para a montanhista, chegar ao topo do Everest significa representatividade
Para a montanhista, chegar ao topo do Everest significa representatividade
Foto: Reprodução: Redes Sociais

A minha relação com o esporte é muito íntima. Desde a infância, lembro que eu amava praticar qualquer tipo de esporte ou atividade lúdica, até as ditas masculinizadas. Por exemplo, o meu esporte mais praticado na infância e adolescência foi o futebol e quando alguém dizia que aquele esporte não era para mim, os meus irmãos resolviam a questão e facilitavam a minha prática.

Eu conheci o montanhismo durante a faculdade de educação física, em uma palestra. E a forma que encontrei para praticar esse esporte foi trabalhando. Então, a prática de montanhismo passou a ser o meu estilo de vida e eu me desenvolvi muito no segmento.

A minha trajetória como atleta do montanhismo foi a partir do trabalho em uma empresa que realiza expedições em alta montanha. Eu iniciei nessa empresa como uma vendedora de roteiros e, aos poucos, fui podendo acompanhar guias e dando assistência. Hoje, sou guia de alta montanha.

Aretha acredita que a sua realização gerou mudança social
Aretha acredita que a sua realização gerou mudança social
Foto: Reprodução: Redes Sociais

Para mim, ser a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Everest significa representatividade. A minha conquista, sem sombra de dúvidas, significou dar esperança a outras pessoas negras, demonstrar a elas que nós temos direito de sonhar e de realizar. Eu sei que se hoje há tanta dificuldade, especificamente por conta da cor da pele, há algum erro estrutural na nossa sociedade e a gente precisa tentar corrigir. E quando eu digo 'a gente' não estou falando das pessoas negras, estou falando da sociedade de modo geral, pessoas físicas, pessoas jurídicas, poder público e o poder privado. Todos devem garantir essa equidade de oportunidade.

"A minha família se sente hoje muito mais empoderada", disse Aretha
"A minha família se sente hoje muito mais empoderada", disse Aretha
Foto: Reprodução: Redes Sociais

Eu tenho certeza que a minha realização no Everest gerou mudança social, a começar pela minha família. A minha família se sente muito mais empoderada, em condição de sonhar grande, sem medo, sem limites. Em segundo plano, coloco o bairro Jardim Capivari que  se sentiu representado quando foi mencionado em entrevistas em grandes canais de televisão, rádio e podcasts.

Então, quando o bairro Jardim Capivari foi mencionado por mim nas entrevistas é como se finalmente aparecesse no mapa do Brasil. O terceiro momento são dos depoimentos de crianças,  jovens, mulheres negras e pessoas periféricas.  Muita gente se sentiu representada e com força para poder viver o melhor que puderem, elas se sentiram inspiradas verdadeiramente a partir da minha realização. 

O meu projeto "Da Sucata ao Everest" ajudou muita gente a entender e tomar consciência da sua responsabilidade enquanto gestão de resíduos. A minha realização gerou essa cultura da sustentabilidade também voltada à reciclagem".

Fonte: Redação Nós
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