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Professor sofre homofobia dentro de escola pública de SP

"Professor Lucas viado" foi escrito em um dos livros utilizados pelos alunos

17 nov 2022 - 15h10
(atualizado em 18/11/2022 às 15h05)
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“Eu segurei as lágrimas pra não chorar na frente dos alunos”, disse
“Eu segurei as lágrimas pra não chorar na frente dos alunos”, disse
Foto: Arquivo pessoal

No dia 8 deste mês, um professor de história da Escola Estadual Comendador Alfredo Vianello Gregório, localizada no bairro Jardim Vergueiro, em São Paulo, sofreu homofobia dentro da unidade de ensino.

Lucas dos Santos Araujo, de 27 anos, foi avisado por um grupo de alunos que em um dos livros que ele utiliza em aula, que circula entre cinco turmas do sétimo ano, uma pessoa escreveu no rodapé "professor Lucas viado".

Lucas foi avisado pelos alunos sobre o livro com o rodapé
Lucas foi avisado pelos alunos sobre o livro com o rodapé
Foto: Arquivo pessoal

Ele é homossexual assumido e tem um relacionamento de oito anos com seu companheiro. Assim que tomou conhecimento sobre o ocorrido, Lucas informou a coordenação da escola, que não fez nenhuma ação para ajudá-lo.

Ele disse que nenhum tipo de contato foi feito pela equipe gestora da escola. "Não houve nenhuma conversa de imediato, nem com os alunos e nem com o professor. Não houve nenhum tipo de acolhimento."

O professor esperou por um pronunciamento da escola ou uma reunião para que pudessem conversar sobre o assunto, mas a coordenação dizia que não estava disponível no momento. Na sexta-feira (11), Lucas decidiu compartilhar no grupo do WhatsApp da escola o ocorrido com a foto do livro e escreveu: "Absurdo. Silenciar diante disso, internamente, é reafirmar a homofobia".

O professor decidiu compartilhar no grupo da escola após não ter retorno da coordenação
O professor decidiu compartilhar no grupo da escola após não ter retorno da coordenação
Foto: Arquivo pessoal

Logo depois, a gestão tentou estabelecer um diálogo com Lucas, que estava em horário de aula e preferiu finalizar o período. Ao terminar, ele se dirigiu à unidade do DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) para registrar o boletim de ocorrência, o qual tivemos acesso.

No mesmo dia, o professor retornou para a unidade escolar e entregou o B.O. para a diretora, que não se propôs a minimizar o ocorrido. "Me senti meio que largado mesmo", desabafou. Lucas também protocolou um documento na diretoria de ensino em que explica todo o ocorrido e a falta de ações da escola.

"Eu segurei as lágrimas pra não chorar na frente dos alunos", disse Lucas ao Terra NÓS. Ele ainda ressalta que se sentiu violado no seu direito de exercer a sua profissão e ficou emocionalmente abalado com o ocorrido. "Uma agressão verbal pode partir para uma agressão física", apontou.

"Gostaria que todos os professores, todos os colegas que sofrem algum tipo de violência, seja ela de homofobia, gordofobia, xenofobia, de gênero ou qualquer tipo de preconceito, saibam que isso precisa ser denunciado, precisa ser comunicado. A gente não pode silenciar diante disso", pede ele.

Lucas também destacou a importância de se investir em políticas públicas e na formação de gestores e professores do Estado sobre como abordar temas como a comunidade LGBTQIA+, racismo, entre outros, para "essas atitudes não ficarem impunes e as pessoas se educarem referente a esse tema".

Em nota divulgada através do Instagram, a escola afirmou não compactuar com nenhum tipo de preconceito. "Não podemos nos silenciar diante de atos dessa natureza", escreveu.

Fonte: Redação Nós
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