Progresso contra a Aids enfraquece e campanha volta atenção para comunidades desfavorecidas
Em dia de conscientização contra a doença, campanha mundial “Equidade já” ressalta importância de diminuir as desigualdades estruturais
O dia primeiro de dezembro é marcado, todo ano, pela luta contra a Aids. A celebração da data é um esforço mundial conjunto para dar visibilidade a estratégias de combate à doença. A cada ano, a UNAIDS, que é o programa da Organização das Nações Unidas (ONU) criado em 1996 com a função de promover soluções e ajudar nações no combate à AIDS, divulga um tema para focar a atenção de governos e sociedades civis em necessidades pontuais. O tópico deste ano não poderia ser mais urgente: “Equidade já”.
4️⃣0️⃣ anos após o surgimento do HIV, as desigualdades persistem para o acesso aos serviços mais básicos de saúde.
👉 Neste #DiaMundialDaAIDS, celebrado em 01 de dezembro, vamos nos unir para acabar com as desigualdades que impedem o fim da AIDS.
Equidade já! ✅
— UNAIDS Brasil (@UNAIDSBrasil) November 18, 2022
A instituição definiu o esforço como “um chamado para que cada pessoa, organização, instituição e governos se sintam encorajadas a se contrapor às desigualdades sociais que são uma barreira aos avanços para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030”.
A agência da ONU ressalta que, 40 anos após o surgimento do HIV, as desigualdades para um serviço básico de saúde persistem. Ela chama atenção também para outras pandemias que, assim como a de Aids, também afetam as populações de maneira desigual.
No ano passado, lideranças mundiais se reuniram nas Nações Unidas, em Nova York, e firmaram o compromisso de concentrar esforços para acabar com a Aids até 2030. A campanha da UNAIDS relata que esse combinado está longe de ser uma realidade, até o momento. Não por falta de conhecimento ou ferramentas, mas por causa de desigualdades estruturais econômicas, sociais, culturais e jurídicas.
Dados preocupantes
A UNAIDS lançou um relatório, este ano, que recebeu o nome de “Em Perigo”. A denominação não foi à toa. O documento mostra que nos últimos dois anos, enquanto o mundo ainda luta contra a pandemia de Covid-19 e outras crises globais, o progresso contra o HIV enfraqueceu. Os dados mostram que o número de novas infecções diminuiu apenas 3,6% entre 2020 e 2021, o menor declínio anual de novas infecções desde 2016.
Em 2021, houve cerca de 1,5 milhão de novas infecções em todo o mundo. Esse número supera em um milhão de infecções as metas globais estabelecidas para o mesmo período. O problema urgente que estudos mostram é que as desigualdades dentro dos países e entre eles afetam negativamente o progresso na resposta ao HIV. Isso acaba gerando ainda mais desigualdade, fazendo com que pessoas que vivem com HIV se vejam em uma situação de vulnerabilidade sem perspectiva de mudança.
O tema da campanha deste ano propõe essa reflexão e também ressalta que as políticas econômicas e sociais precisam proteger os direitos de todos e prestar atenção às necessidades das comunidades desfavorecidas e marginalizadas.