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Promotor do Paraná é processado pela ex-mulher por importunação sexual e agressão

Bruno Vagaes continua atuando no MP mesmo após ter sido condenado

3 jul 2023 - 16h19
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Bruno Vagaes é acusado de agredir e violentra sexualmente a ex-esposa
Bruno Vagaes é acusado de agredir e violentra sexualmente a ex-esposa
Foto: Reprodução/Record TV

Um promotor condenado por crime sexual e processado por violência doméstica pela mesma vítima segue no cargo que ocupa no Paraná. Bruno Vagaes também já descumpriu 101 vezes as medidas protetivas obtidas pela ex-companheira.

Em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV, Fernanda Barbieri conta que casou com Vagaes em 2011 e o comportamento agressivo começou logo depois do casamento, quando ele teve uma crise nervosa em um hotel. "Ele ficou muito nervoso, começou a jogar as malas na minha direção, pisava nas malas. Nisso, eu me tranquei no banheiro até passar essa crise", relembra.

Depois do nascimento da filha do casal, em 2017, o promotor agia com humor em situações de risco para ela e a bebê. Uma vez, ele chegou a colocar uma faca na barriga da ex.

Fernanda sofreu a violência sexual em outubro de 2019, quando Vagaes tentou tirar a roupa dela, e passou a mão em suas partes íntimas com força.

"Ele vinha com força, me machucava, e eu pedia para ele parar. Nisso, o amigo dele sugeriu sexo em grupo, com a nossa filha do lado, e eu vi que era algo que eu não tinha mais o controle", declarou.

No dia seguinte ao episódio, ela questionou o marido por mensagem: "Você tem noção que sofri um assédio sexual ontem gravíssimo na frente de uma criança de 2 anos?". E ele confessou: "Sim, Fernanda, eu estava doido".

Um boletim de ocorrência foi registrado por ela como injúria, ameaça e violência sexual. Foi então que o promotor foi proibido de se aproximar dela.

Ameaças

A emissora teve acesso a um vídeo enviado por Vagaes, em que ameaça a vítima.

"Por isso que eu estou aguentando tudo isso, tá? Se eu não gostasse de você e fosse fraco, e quisesse me entregar, eu já teria feito coisas até piores há muito tempo", diz. Por mensagem, ele completa: "Se eu não gostasse de fato de você, cego de raiva, talvez a faria sofrer na modalidade sangria, pois os processos de família são desgastantes. Fique sabendo, seria uma espécie de troco pela minha exposição".

Fernanda passou a sofrer pressão para retirar a queixa, e soube por uma psicóloga dele que o promotor estava tentando interferir nas investigações. Isso também foi entendido pela Justiça.

Em 2020, ele teve a prisão preventiva decretada, que foi convertida automaticamente em prisão domiciliar, devido ao cargo dele no Ministério Público do Paraná. Vagaes estava proibido de sair de casa, mas, conforme a reportagem, foi flagrado saindo ao menos quatro vezes pelas câmeras de segurança de seu prédio.

Então, a Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, mas a decisão durou pouco tempo. Depois de duas semanas, a prisão domiciliar foi revogada por um desembargador.

"Rebelde, indisciplinado, não leva a sério as ordens da Justiça", diz na decisão, mas, mesmo assim, Vagaes foi colocado em liberdade.

Um laudo emitido pelo setor psicológico do MP revela que o promotor tem transtorno bipolar, além de transtornos de comportamento devido ao álcool. Ele foi condenado a sete meses de prisão pelos descumprimentos, e está em liberdade, pois recorreu da sentença.

Segue trabalhando

Mesmo tendo sido condenado, o promotor segue ocupando o cargo público. Em 20 de junho, ele tirou 22 dias de folga para compensar os plantões trabalhados.

Em nota a TV Record, a defesa de Vagaes alegou que há mais de três anos ele não teve qualquer contato com Fernanda. Já o MP do Paraná informou que a corregedoria do órgão aplicou as sanções administrativo-disciplinares de cintura, em 18 de maio de 2021. Sobre a interferência do promotor nas investigações, e descumprimento da medida protetiva datada de 2020, o MP informou que instaurou um processo em fevereiro de 2023, que se encontra em fase de conclusão.

Já o Conselho Nacional do Ministério Público informou que uma reclamação disciplinar contra o promotor tramita em sigilo. Nesta segunda, 3, uma sessão plenária deve decidir o futuro do promotor no cargo.

"Sentimento de medo, de insegurança. É uma sensação de que eu nunca mais vou sair disso. Uma vida como se eu tivesse morta mesmo”, diz Fernanda sobre o caso.

Fonte: Redação Terra
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