Psiquiatra relembra ataque do Maníaco no Parque na prisão: “Me pegou pelo pescoço”
Hilda Morana entrevistou diversos detentos em 2005 para sua tese de doutorado
Condenado a mais de 200 anos de prisão por assassinatos e estupros, Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, continuou a fazer vítimas mesmo após sua prisão, em 1998. A psiquiatra Hilda Morana relatou que foi atacada por ele durante uma entrevista na Penitenciária de Itaí, em São Paulo, onde Francisco esteve detido entre 2001 e 2006. Ela falou sobre o caso para o podcast “Surtadamente”.
Na época, Hilda desenvolvia uma tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre o perfil e possibilidade de reabilitação de psicopatas. Ela entrevistou mais de 50 detentos, incluindo Francisco. A penitenciária providenciou uma sala para que ela conduzisse as entrevistas, com a orientação de deixar a porta aberta para que um agente pudesse monitorar à distância.
No início da conversa, Francisco reclamou do barulho externo e pediu que Hilda fechasse a porta. Embora o policial tenha falado sobre os riscos, a psiquiatra decidiu atender o pedido. Foi então que, com a porta fechada, o Maníaco do Parque a atacou, apertando seu pescoço com as mãos. “Ele bateu as mãos na mesa, subiu e me pegou pelo pescoço”, revelou Hilda.
“E se eu mato a senhora agora?”, disse ele na época, ameaçando Hilda. Ela contou que, em seguida, afastou as mãos dele. “Ele não estava disposto a me matar. Queria só chamar a atenção”, relatou em entrevista ao blog True Crime, do jornal O Globo.
Hilda retornou mais cinco vezes para entrevistá-lo para sua tese, na qual ele é identificado como o detento número 42.
“Apresenta um transtorno persistente de personalidade, com elevadíssima periculosidade. Este indivíduo é mais perigoso que a média e deve ser contido, pois, devido à falta de controle interno, é necessário um controle externo rigoroso”, escreveu ela sobre Francisco em seu projeto, segundo o jornal O Globo.
"Do ponto de vista médico-legal, é considerado semi-imputável e, geralmente, não responde ao tratamento. Não sendo um caso passível de tratamento curativo específico, conforme estabelece o Artigo 98 do Código Penal, não se recomenda a aplicação de medida de segurança. No entanto, é certo que, mesmo após trinta anos de cárcere, o indivíduo continuará a representar uma ameaça”, completou.
Em entrevista concedida à psiquiatra, Francisco afirmou não ter se arrependido pelos seus crimes.