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"Queremos a autodefesa da classe trabalhadora", diz Vera Lúcia sobre política armamentista

A candidata à presidência da República pelo PSTU explicou as diferenças entre a autodefesa e a organização das classes marginalizadas, defendida em seu projeto de governo, e a política armamentista de Bolsonaro (PL)

25 ago 2022 - 10h36
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A foto mostra a candidata Vera Lúcia em discurso de campanha
A foto mostra a candidata Vera Lúcia em discurso de campanha
Foto: Reprodução/Twitter / Alma Preta

"Nós somos revolucionários, nós somos defensores de uma outra sociedade", afirmou Vera Lúcia, candidata à presidência da República pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). A declaração veio após o questionamento da Alma Preta Jornalismo sobre a utilização de armamentos pela população comum, proposta presente em sua política de segurança pública, apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

No plano de governo, Vera destaca que o "Estado burguês recorre cada vez mais à violência contra as lutas dos trabalhadores e contra os setores mais pobres da sociedade". O documento sugere que "vem daí a criminalização da pobreza e a violência contra a juventude pobre e negra na periferia das grandes cidades". 

"As instituições do Estado não estão a serviço de 'todos', nem da proteção do povo. São os braços armados a serviço da proteção dos interesses dos ricos e poderosos, das grandes empresas privadas", expressa o plano de governo que diz que, para estabelecer a luta de classes, é "fundamental desenvolver a autodefesa das massas".    

"Organizar a autodefesa pelos próprios trabalhadores, das suas lutas e organizações contra os ataques das polícias e dos paramilitares da ultradireita. Esta é uma tarefa urgente que deve ser tomada pelos sindicatos, pelos movimentos populares, pelas organizações da juventude, associação de moradores, etc", expõe o documento. 

Ao ser questionada sobre o significado de autodefesa e se ela defendia o armamento da população, Vera Lúcia respondeu que não se trata de uma política armamentista individual, e sim da ampla organização das classes trabalhadoras.  

"Nós não somos adeptos das armas, mas somos defensores das nossas vidas. Nós não somos aqueles que apanham e dão a outra face. Nós precisamos assegurar que a classe trabalhadora não venha a ser assassinada, como ela está sendo hoje", afirmou a candidata. 

Segundo Vera Lúcia, o Estado está armado e utiliza-se deste poder para subjugar o povo, não é uma política pública para a garantia da segurança e do bem comum. "As chacinas que acontecem são sempre nas periferias, as mortes são sempre de pessoas pobres, indígenas, quilombolas e ativistas. Nós também precisamos defender as nossas vidas e as nossas organizações, então, nós defendemos a autodefesa", diz. 

O PSTU é um partido considerado de extrema-esquerda ou esquerda revolucionária. É uma organização socialista, que reivindica o marxismo, baseando-se nas teorias e práticas de Leon Trótski e de Nahuel Moreno. De acordo com a legenda,"só uma revolução socialista, apoiada na mobilização e na organização dos trabalhadores e trabalhadoras pode dar fim a este sistema de exploração e opressão e abrir caminho para a construção do socialismo", diz o site oficial do partido. 

Segundo eles, a principal diferença entre o PSTU e os demais partidos, que se dizem representantes do povo como o PT, o PCdoB e o PSOL, é a defesa de que "não é possível reformar o sistema capitalista de maneira a atender os interesses da classe trabalhadora".

Política armamentista de Bolsonaro

O plano de governo do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) propõe ampliar o acesso a armas de fogo para o cidadão comum. Intitulado "Caminho da prosperidade, construindo uma grande nação", a política armamentista é justificada por uma suposta redução nos homicídios por armas de fogo. 

Durante sua legislatura, uma série de decretos elevou o acesso a armas para qualquer cidadão cadastrados com licença de colecionador, atirador esportivo e/ou caçadores (CAC).

O número de pessoas com certificado de registro de armas de fogo cresceu 474% durante a gestão bolsonarista, segundo dados de janeiro de 2019 a 1° de julho de 2022. 

O equipamento é defendido no item "Liberdade para a Defesa de Direitos" do plano de governo do atual presidente. Nesse ponto, a proposta considera que a legítima defesa é um direito fundamental. 

O atual chefe do Executivo federal argumenta que o governo deve prover meios para a proteção à vida, integridade física, dignidade sexual e liberdade. "Por óbvio, autoriza o uso da força para evitar injusta agressão, inclusive com o uso de arma de fogo". O documento ainda classifica a arma de fogo como um "importante elemento que contribui para a política de segurança pública e para a própria pacificação social e preservação da vida".

De acordo com Vera Lúcia, a política armamentista de Bolsonaro serve para armar os grandes empresários, para exterminar indígenas e quilombolas e matar os negros pobres das periferias, "como muitas vezes ele elogia as chacinas realizadas pelas polícias nos morros das grandes cidades, como o Rio de Janeiro".

"Nos defender dos ataques é um direito, coisa que não nos é assegurado pois, o Estado tem o monopólio da tortura, da morte e do encarceramento. E o crime também é organizado e armado. Só quem está desorganizado e a mercê de qualquer tipo de violência é a classe trabalhadora. Então quando nós defendemos a autodefesa para preservar a vida e as organizações - partidos, sindicatos, movimentos sociais", disse a candidata do PSTU à Alma Preta.

Implementando a autodefesa 

A presidenciável reitera que a autodefesa não é uma política basilar em seu possível mandato. Antes de implementar essa política é necessário observar que o povo carece de educação, alimentação, moradia, transporte e lazer. 

Vera é contra a ação individual armada e a guerrilha, mas defende uma ação organizada e coletiva das massas. "Queremos um setor que organize esse movimento".

"As classes trabalhadoras sempre se organizaram dessa forma, mas depois de muito tempo se adaptaram ao sistema, porque passou a administrar o Estado capitalista. Nós não somos a favor da administração do Estado capitalista, nós somos defensores de um programa de governo que suplante o capitalismo", disse. 

Quando a autodefesa for implementada a gestora quer fazer isso de forma coletiva, organizada, "inclusive desmilitarizando as polícias e tendo uma polícia única e integrada à sociedade". De acordo com a candidata, a política de autodefesa serve para proteger a juventude negra, as mulheres, mas precisa ser organizada de forma transparente, com um sistema de votos para definir quem são os responsáveis pela segurança nos bairros. 

"A gente quer que isso aconteça protegendo a vida de quem mora nesses bairros mais pobres, pois é onde reside a classe trabalhadora, não apenas bandidos, como pensam", explica. 

Por fim, Vera Lúcia declarou que a burguesia, no passado, foi uma classe revolucionária que depôs a monarquia com armas em punho, organizadamente, para dar fim ao sistema feudal. "Assim vai ser a nossa revolução também, pois a propriedade privada defendida por essa mesma burguesia é responsável por matar de fome, assassinar e excluir a classe trabalhadora. Temos que nos preparar para nos defender dela, isso é legítimo e correto".

Leia mais: "O Brasil não está preparado para uma presidente negra", diz candidata Vera Lúcia

Alma Preta
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