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Rafael Ramos diz no STJD desconhecer termo 'macaco' e afirma que não fez ataque racista a Edenílson

Lateral do Corinthians depôs na sede da Federação Paulista nesta terça-feira para dar esclarecimentos sobre o caso envolvendo o jogador do Internacional, em partida no Beira-Rio pelo Brasileirão

31 mai 2022 - 16h27
(atualizado às 17h36)
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O lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, reafirmou nesta terça-feira que não proferiu ofensa racista ao meio-campista Edenílson, do Internacional, durante a partida de 14 de maio, no Beira-Rio, em Porto Alegre. O atleta depôs na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF) aos procuradores do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-SP), para um expediente disciplinar em andamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Rafael Ramos disse no depoimento que o termo "macaco", citado por Edenílson como ataque racista, não é utilizado em Portugal, seu país, nas manifestações preconceituosas. "Uma coisa importante que ele disse hoje, que precisa ser muito ressaltada. É que em Portugal, conforme ele mencionou, não se faz esse tipo de comentário quando se quer falar algo preconceituoso, e ele desconhecia que isso era utilizado no Brasil", disse Daniel Bialski, advogado contratado pelo Corinthians.

Rafael Ramos fez uma breve declaração à imprensa após ser liberado pelos policiais no Beira-Rio. Na ocasião, ele afirmou não ter usado termo racista contra Edenilson
Rafael Ramos fez uma breve declaração à imprensa após ser liberado pelos policiais no Beira-Rio. Na ocasião, ele afirmou não ter usado termo racista contra Edenilson
Foto: MAX BECHERER/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

Segundo Bialski, um laudo feito pela defesa com declarações de colegas a favor de Rafael Ramos será anexado aos autos. "Ele reafirmou o que já tinha dito várias vezes não somente no depoimento oficial que prestou em Porto Alegre, mas em todas as declarações, de que em momento algum ele ofendeu de forma racista o Edenílson."

O próximo passo do STJD será ouvir Edenílson, em audiência marcada para a próxima segunda-feira. Rafael Ramos pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A punição pode ser de suspensão por até 360 dias (un ano) e de multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Está descartado que o Corinthians seja punido.

Durante o empate, por 1 a 1, entre Internacional e Corinthians, a partida foi parada aos 30 minutos do segundo tempo após Edenílson reclamar que teria sido chamado de "macaco" por Rafael Ramos. O jogador português negou a acusação de racismo e acabou sendo substituído para a entrada de Gustavo Mosquito.

Rafael Ramos chegou a ser preso em flagrante depois de ter sido acusado de racismo. O jogador foi autuado por injúria racial e detido no posto policial do Estádio Beira-Rio. Ele foi solto depois que o Corinthians pagou R$ 10 mil de fiança. O jogador do Corinthians se defende na esfera criminal, em investigação conduzida pela Polícia Civil de Porto Alegre.

Nas redes sociais, Edenílson disse que "sabe o que ouviu" e que chegou a procurar Ramos para que ele "pedisse desculpas". "Afinal, todos erramos e temos o direito de admitir isso, no meu modo de ver as coisas. Mas o mesmo continuou a dizer que eu havia entendido errado. Eu não entendi errado, o procurei pelo respeito que tenho por alguns integrantes do Corinthians e para que ele pudesse ter uma chance de se redimir, pois independentemente da nossa cor, o caráter falará mais alto. Enfim, peço desculpas por não estar preparado para reagir a algo desse tipo", escreveu o atleta do Internacional, que teve apoio incondicional do seu clube.

Rafael Ramos disse que "foi apenas um mal entendido" e revelou ter conversado com Edenílson. Segundo o lateral, o volante do Inter teria entendido errado a palavra que ele falou em campo. Quando Edenílson se manifestou, contudo, foi para confirmar sua versão do fato e para dizer que a denúncia estava mantida. O Corinthians defendeu seu jogador, mas espera os desenrolar das investigações para tomar sua decisão. O clube se manifestou contrário historicamente a qualquer tipo de preconceito.

Estadão
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