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Rainha de bateria recebe comentários racistas após publicar vídeo sambando com cabelo trançado

"O racismo é vertiginoso na nossa sociedade", afirmou Maria Mariá, rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense

27 set 2023 - 11h54
(atualizado às 11h55)
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"Aos misóginos e racistas", escreveu a rainha de bateria nas redes sociais
"Aos misóginos e racistas", escreveu a rainha de bateria nas redes sociais
Foto: Reprodução: Instagram/maria_fxc

Na última terça-feira, 26, a rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, relatou as ofensas racistas que recebeu nas redes sociais neste fim de semana. Maria publicou um vídeo sambando no último sábado, 23, no evento das eliminatórias de samba-enredo para o Carnaval 2024, e recebeu comentários ofensivos por causa de suas tranças.

Nas imagens, ela está sambando perto de membros da banda que tocam chocalho e, segundo os internautas, as tranças da rainha estaria atrapalhando os integrantes. "Se eu fosse [integrante] do chocalho, eu acenderia um isqueiro na trança dela e ela não ia nem ver de onde veio o fogo", disse um usuário. "Incrível como essas minas adoram jogar esses cabelos de boneca velha na cara dos outros", escreveu outro internauta. 

Diferenças entre preconceito, racismo e discriminação Diferenças entre preconceito, racismo e discriminação

A rainha de bateria publicou uma nota nas redes sociais sobre o ocorrido. "Aos misóginos e racistas", escreveu ela na legenda. "O pensamento é muito poderoso, principalmente quando se tem a intenção de ferir o próximo. Espero verdadeiramente que meu posicionamento fortaleça cada um de vocês! Somos e seremos sempre coletivos. O racismo é vertiginoso na nossa sociedade, infelizmente", contou.

"Como graduanda em comunicação social, sei bem como o efeito manada na internet funciona. Os algoritmos são falhos e rápidos, alimentam quase sempre o que não deveria e silenciam coisas necessárias, mas não se pode esperar muito de algo racista, não é mesmo?", continuou.

Maria ainda citou uma frase do jornalista e sociólogo Muniz Sodré: "O preconceito é um saber automático sobre o outro". 

Escolas e colegas manifestam apoio

A Imperatriz Leopoldinense manifestou o seu apoio à rainha de bateria. Em nota, a escola disse que "a Imperatriz e Maria Mariá, através de seus advogados, tomarão as medidas cabíveis contra os agressores. Racistas não passarão".

"O conhecimento e a luta contra qualquer forma de racismo, seja ele individual, estrutural, institucional ou ambiental, são pautas urgentes. Como característica singular, a humanidade nos une através da pluraridade. O Carnaval, por si só, une os povos em festa, amor e empatia. A luta para exorcizar este modo criminoso de agir e pensar é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e democrática", comunicou a escola de samba.

Maria também recebeu o apoio da Mocidade Independente de Padre Miguel e de outras rainhas de bateria. "Ninguém imagina o que nós passamos, os nossos corres. A internet é uma via de mão dupla e 'terra de ninguém'. Haja paciência! Você é incrível, rainha!", escreveu Mayara Lima, rainha de bateria da escola Paraíso do Tuiuti.

Racismo

O crime de racismo está previsto na Lei 7.716/1989 com pena de reclusão de um a três anos e multa. O crime é imprescritível e inafiançável. De acordo com a lei, racismo é "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

Injúria racial x Racismo: Lei não existe apenas para punir, ela também educa:
Fonte: Redação Nós
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