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Relatório de ONG aponta aumento de bandas brasileiras neonazistas

Atualmente, há 125 bandas espalhadas pelo Brasil e que fazem apologia ao extremismo

27 jan 2025 - 12h52
(atualizado às 13h17)
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Bandas neonazistas aumentam no Brasil
Bandas neonazistas aumentam no Brasil
Foto: Reprodução/TV Globo

Um relatório da organização não-governamental Stop Hate Brasil apontou um crescimento do número de bandas brasileiras neonazistas em plataformas digitais. Há 15 anos, havia 45 grupos, mas atualmente, há 125 bandas de black metal nazista espalhados por estados brasileiros, segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo, 26. 

O movimento conhecido pela sigla NSBM (National Socialist Black Metal) usa o gênero musical, que nada tem a ver com extremismos, para atacar negros, judeus e a comunidade LGBTQIAP+. 

A maioria está nos estados de São Paulo (15), Paraná (11) e Rio de Janeiro (7), mas também é no Rio Grande do Sul (4), Santa Catarina (4), Minas Gerais (3), Goiás, (1), Sergipe (1) e Rio Grande do Norte (1). Das 125, 48 não tiveram a origem identificada, e todas juntas, já lançaram 650 álbuns, parte deles com parceria com bandas neonazistas de 35 países. 

"É um assunto grave, sério, que precisa ser enfrentado a partir de todas as evidências e críticas que nós estamos trazendo, com a colaboração das instituições de segurança pública e de inteligência, e que não pode ser menosprezada de forma nenhuma, porque a tendência não é melhorar", afirmou a diretora da Stop Hate Brasil, Michele Prado. 

Estão nos streamings e também e grupos no Telegram

O relatório revela que as bandas estão em plataformas de música, como o Spotify, e promovem festas clandestinas, como a que ocorreu em uma bar do Paraná na última semana. Um policial disfarçado registrou o show. 

Além disso, elas participam ainda de um canal terrorista no Telegram, chamado de Terrorgram, que reúne principalmente supremacistas brancos, que buscam recrutar jovens para ações extremistas e violentas. Um dos administradores do grupo é brasileiro e foi identificado como Ciro Daniel Amorim Ferreira. Ele foi incluído em uma lista de terroristas do governo estadunidense, e mora em Belo Horizonte. 

Ao Fantástico, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Minas Gerais informou que Daniel tem passagens pelo sistema prisional mineiro entre 2015 e 2016, foi preso em flagrante duas vezes por cárcere privado e lesão corporal. Outros brasileiros fazem parte dessa nova rede terrorista.

Segundo o governo dos EUA, o Terrorgram promove uma “guerra racial e de minorias, e é um canal de doutrinação, que ensina métodos, escolhe alvos e incita ataques”, e que estaria envolvido em uma série de ataques. 

Um deles ocorreu na última quarta-feira, 22, quando um atirador de 17 anos entrou em um colégio de Nashville, no Tennessee (EUA), e disparou várias vezes no refeitório. Ele matou uma menina de 16 anos, e depois tirou a própria vida. 

Outros três ataques também vêm desse grupo: um deles ocorreu em um bar LGBTQIAP+ na capital da Eslováquia, onde ocorreu um tiroteio em 2022, e deixou três pessoas mortas. 

Outro ocorreu contra instalações de energia elétrica em Nova Jersey, nos EUA, e outro na Turquia, no qual cinco pessoas foram esfaqueadas em uma mesquita. Ambos ocorreram em 2024. 

Autoridades monitoram

Aqui no Brasil, a Polícia Federal criou uma unidade para combater o extremismo. Ciro Daniel, por exemplo, teve o nome incluso na lista americana de terrorismo, o que permitirá a cooperação internacional entre as agências nacional e dos Estados Unidos. O delegado Flávio Rolin, com isso, as autoridades brasileiras poderão adotar medidas penais e de bloqueio financeiro. 

"É importante ressaltar que esses grupos têm aptidão para receber jovens, crianças, adolescentes. A colaboração da população para identificar esse tipo de ação é extremamente importante para agências policiais, brasileiras ou estrangeiras", afirmou. 

"É muito importante essa designação da rede global como terrorista e também um indivíduo, que não é o único brasileiro, vinculado ao Terrorgram", destacou a diretora do Stop Hate. 

Precisa parar

Três representantes de vítimas desse grupo extremista foram ouvidas pelo Fantástico, e todos destacaram a importâncias de medidas governamentais para acabar com ataques de ódio. 

"Hoje não dá mais para separar o online do offline, e essa permissividade do online, infelizmente a gente vê concretamente o terrorismo na vida presencial. Então, por exemplo, a gente vê ataques nas escolas, sendo derivados de questões influenciadas por neonazistas no online", esclareceu Rony Vainzof, diretor da Confederação Israelita do Brasil. 

Já para Camila Marins, jornalista e militante lésbica, é necessário que haja a “formulação de uma política pública de regulação social e econômica dessas plataformas digitais que atuam numa terra sem lei hoje no Brasil", afim de silenciar essas narrativas de ódio. 

"Deixar crianças e adolescente expostas a esse tipo de coisa não é possível. Onde é que estão os adultos? Os adultos precisam entrar na sala e fazer alguma coisa e ajudar crianças e adolescentes a enfrentar esses riscos da melhor maneira possível", pondera Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional no Brasil. 

Black Metal não tem a ver com nazismo

O doutor em História Social e estudioso do heavy metal no Brasil, Wlisses James, aponta que não há qualquer relação com o extremismo violento praticado por bandas neonazistas com o estilo musical. "Essas bandas e essas pessoas fazem festivais muito restritos a eles mesmo e não são bem-vindos em nenhum tipo de evento musical que não seja puramente realizado por eles, então, o black metal, como um todo, é contra esse tipo de ideologia", esclarece. 

À TV Globo, o Spotify afirmou que não permite conteúdos que promovam ou apoiem o terrorismo ou o extremismo violento, e que após o contato do Fantástico, foi feita uma revisão, e várias músicas foram removidas por violar as políticas da plataforma. 

O Telegram informou que removeu mais de 25 milhões de conteúdos extremistas em 2024 e que este tipo de canais são banidos sempre que aparecem. 

Fonte: Redação Terra
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