Repressão feminina: como usar calças revolucionou a vida das mulheres
No século 19, as mulheres podiam usar calças apenas em ocasiões específicas; a peça era vista como inapropriada porque marcava o corpo
No século 19, o uso das calças por mulheres era um símbolo de liberdade, igualdade e desafio das normas de gênero estabelecidas. Elas, que só podiam vestir a peça em certas ocasiões, lutaram pelo direito de usar a vestimenta.
O ato de usar calças pode parecer um gesto simples e cotidiano hoje, mas, para as mulheres, essa peça de vestuário carrega um significado revolucionário de liberdade, igualdade e desafio às normas de gênero estabelecidas.
Historicamente, as mulheres estavam restritas a usar saias e vestidos, símbolos de feminilidade que, ao mesmo tempo, limitavam sua mobilidade e expressão pessoal, enquanto os homens usavam calças longas. No final do século 19, elas começaram a usar calças em contextos específicos, como para praticar exercícios físicos e esportes.
Ainda no século 19, a ativista Amelia Jenks Bloomer, jornalista e defensora dos direitos das mulheres, contrariava o uso de espartilhos, que era um risco para a saúde feminina, e incentivava o uso das “calças turcas” por mulheres que, anos depois, ficaram conhecidas como bloomers, em sua homenagem.
A calça recebeu diversas críticas e muitas mulheres voltaram a usar os trajes tradicionais após serem ridicularizadas por parte da sociedade. Elas eram vistas como inapropriadas, porque a peça marcava parte do corpo e era considerada "sensual".
Com o passar dos anos, o uso de calças pelas mulheres continuou sendo criticado e elas continuaram lutando por esse direito. Durante a Era Vitoriana, que durou entre 1837 e 1901, as mulheres defenderam o direito delas de usar calças por serem práticas e confortáveis.
O "Movimento de Reforma do Vestido", como ficou conhecido, afirmava que a proibição do uso da peça era um instrumento de repressão feminina. Ainda no começo do século 20, as mulheres podiam usar a peça em certas ocasiões, como para andar de bicicleta.
A mudança
E foi apenas durante a Segunda Guerra Mundial, em 1939, finalmente conseguiram vestir calças sem restrições. Elas tiveram que ocupar os cargos deixados pelos homens, incluindo posições de trabalho nas fábricas, e, por causa da praticidade da peça e a segurança que ela oferecia, elas puderam incluir a vestimenta em seu guarda-roupa.
Isso facilitou a entrada das mulheres no mercado de trabalho, o que permitiu que elas continuassem lutando por mais espaço e igualdade de direitos. A transformação social e cultural se tornou um símbolo de igualdade de gênero.
A transição para o uso de calças pelas mulheres não foi apenas uma mudança estilística, mas um ato político e social, que desafiou as expectativas e abriu caminho para novas formas de participação na sociedade. A incorporação dessa peça no guarda-roupa feminino representou um marco na luta pela igualdade de gênero, refletindo mudanças sociais, culturais e econômicas que transformaram a vida das mulheres.
A partir de 1950, as calças foram adaptadas especialmente para as mulheres e as peças se tornaram amplamente aceitas. Em alguns lugares, leis e normas foram alteradas para permitir a peça de roupa em universidades e locais de trabalho.