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Rivaldo Barbosa tentou atribuir assassinato de Marielle Franco a rival dos irmãos Brazão

Ex-chefe da Polícia Civil planejou para que miliciano assumisse autoria do crime a mando do ex-vereador Marcello Siciliano

28 mar 2024 - 13h44
(atualizado às 14h10)
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O Delegado Rivaldo Barbosa, ex chefe da polícia civil do RJ, foi preso preventivamente pela Polícia Federal.
O Delegado Rivaldo Barbosa, ex chefe da polícia civil do RJ, foi preso preventivamente pela Polícia Federal.
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro acusado de ter 'planejado meticulosamente' a execução de Marielle Franco (PSOL) e Anderson Gomes, que aconteceu em 2018, tentou atribuir o assassinato da vereadora a rival dos irmãos Brazão, apontados pela Polícia Federal (PF) como idealizadores do crime. 

Relatório da PF mostra que em um inquérito de 2015 da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Barbosa e o delegado Giniton Lages queriam que o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, afirmasse que participou do assassinato da parlamentar a mando do então vereador e rival dos irmãos Brazão, Marcelo Siciliano.

Lages contou com uma testemunha-chave para a confissão falsa: o ex-policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, conhecido como Ferreirinha. Ele seria o responsável por apontar indícios que distanciariam as apurações sobre a morte de Marielle dos verdadeiros responsáveis pelo crime. 

“Imputar o delito em tela ao então Vereador MARCELO SICILIANO teria o condão não só de garantir-lhes a impunidade, mas também fulminaria  politicamente um dos concorrentes eleitorais da Família BRAZÃO nos bairros da Zona  Oeste carioca, notadamente Vargens, Jacarepaguá, Rio das Pedras, Gardênia Azul, Tanque, Merck etc", diz o relatório da PF que o Terra teve acesso.

A PF conseguiu recuperar conversas entre a então testemunha-chave e Marco Antônio de Barros Pinto, integrante da equipe de Lages, que mostram um alinhamento de versões para que, segundo os investigadores, a denúncia contra Curicica pelo assassinato fosse viável.

O plano só não deu certo porque a então Procuradora-Geral da República à época, Raquel Dodge, requisitou à PF a abertura de inquérito visando apurar suposta interferência de autoridades policiais responsáveis pelo caso na tentativa de embaraçar ou dificultar a apuração do crime envolvendo os homicídios de Marielle e Anderson.

A PF diz que, mesmo com o Ministério Público e o Poder Judiciário tendo identificado o movimento dos dois, Lages afirmou em depoimento ao MP que Ferreirinha "jura de pé junto" que foi torturado ao ser interrogado pela superintendência da PF no Rio de Janeiro, o que o faz ainda acreditar na hipótese de que o mando dos homicídios esteja atrelado a Siciliano e Curicica.

Por que Mariele foi morta?

As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. 

A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares.

A operação e os presos

A Polícia Federal prendeu preventivamente no último domingo três suspeitos de mandar matar Marielle Franco e Anderson Gomes: Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. 

A operação foi feita no domingo para preservar o "fator surpresa", já que havia potencial risco de fuga dos investigados. Além disso, para evitar vazamentos, as informações sobre a ação policial foram compartilhadas.

Fonte: Redação Terra
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