Robinho indica primos de Geraldo Alckmin e mais dois advogados para sua defesa em processo do STJ
Jogador foi condenado em última instância pela Justiça italiana à pena de nove anos, mas não pode ser extraditado pelo Brasil
Robinho, condenado por estupro na Justiça italiana, indicou cinco advogados para defendê-lo no processo que tramita no STJ. Entre estes, três são primos do vice-presidente da República e ex-governardo de São Paulo Geraldo Alckmin. José Eduardo, José Augusto Rangel e João Paulo Chaves de Alckmin.
No início de 2022, Robinho foi condenado a nove anos pela Justiça italiana por estuprar uma jovem albanesa em boate de Milão. O caso ocorreu em 2013 e, além do ex-atacante do Santos, também condenou seu amigo Ricardo Falco em última instância.
No Brasil, o STJ busca fazer com que Robinho cumpra sua pena no País. A legislação brasileira não permite que nativos sejam extraditados, mas prevê que cumpram sua condenação - caso esta tenha ocorrido em outra nação que não o Brasil.
Além dos primos de Geraldo Alckmin, Rodrigo Otávio Barbosa de Alencastro e Pedro Junior Rosalino Braule Pinto compõe a defesa do jogador, que o representará junto ao STJ. José Eduardo, um dos membros da família Alckmin, já foi ministro do Tribunal Superior Eleitoral e em 2014 recebeu o título de cidadão honorário de Brasília pelos serviços prestados. O jurista é natural de São Paulo.
Relembre o caso Robinho
Em janeiro de 2022, o atacante Robinho foi julgado e condenado em última instância a nove anos de prisão, na Itália, por estupro de uma mulher albanesa em 2013, quando atuava no Milan. Segundo as investigações e condenação na Justiça Italiana, o brasileiro e cinco amigos estupraram uma jovem em um camarim da boate milanesa Sio Café, onde ela comemorava seu aniversário. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel com sua mulher.
Em entrevista ao Estadão, o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, revelou à época que ela poderia ter solicitado o pagamento de aproximadamente R$ 400 mil (60 mil euros) por danos morais, mas optou por aguardar o andamento dos procedimentos jurídicos. Na sua visão, o tribunal de Milão que condenou Robinho fez uma análise correta do caso.
Transcrições de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram que Robinho revelou ter participado do ato que levou uma jovem de origem albanesa a acusar o jogador e amigos de estupro coletivo, em Milão, na Itália. Em 2017, a Justiça italiana se baseou principalmente nessas gravações para condenar o atacante em primeira instância a nove anos de prisão.
Além das gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas. Para a Justiça italiana, as conversas são "auto acusatório". As escutas exibem um diálogo entre o jogador e um músico, que tocou naquela noite na boate e avisou o atleta sobre a investigação.
Robinho e seu amigo Ricardo Falco, também investigado, foram condenados com base no artigo "609 bis" do código penal italiano, que fala do ato de violência sexual não consensual forçado por duas ou mais pessoas, obrigando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade "física ou psíquica".
Os advogados de Robinho afirmam que o atleta não cometeu o crime do qual é acusado e alegam que houve um "equívoco de interpretação" em relação a conversas interceptadas com autorização judicial, pois alguns diálogos não teriam sido traduzidos de forma correta para o idioma italiano.