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Rosa Amorim e Dani Portela: mulheres pretas ocupam a Alepe

Em meio ao avanço do bolsonarismo no estado, Pernambuco elege duas mulheres pretas à Assembleia Legislativa

3 out 2022 - 15h04
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Imagem mostra as deputadas estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Dani Portela (PSOL-PE). Duas mulheres pretas.
Imagem mostra as deputadas estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Dani Portela (PSOL-PE). Duas mulheres pretas.
Foto: Imagem: Alma Preta com Reprodução / Alma Preta

Com mais de 80 mil votos somados, Rosa Amorim (PT) e Dani Portela (PSOL) se elegeram deputadas estaduais em Pernambuco. Elas são as únicas mulheres eleitas autodeclaradas pretas no estado, entre 49 parlamentares. Também conquistando mais de 80 mil votos, Robeyoncé (PSOL) esbarrou no quociente eleitoral e não conseguiu uma vaga na Câmara. A candidata, que esperava ser a primeira mulher trans eleita por Pernambuco à Câmara, ficou na suplência de Túlio Gadelha (Rede) na federação PSOL-Rede.

Nascida e criada no Assentamento Normandia, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Caruaru, Rosa Amorim deu seus primeiros passos na militância por reforma agrária. Estudante de teatro, ela ingressou no movimento estudantil por meio do Levante Popular da Juventude. Aos 25 anos, Rosa é diretora de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Em sua página no Instagram, Rosa Amorim ressaltou as bandeiras que levantará durante seu mandato.

"O nosso mandato é dos sem terra, dos que tem seus direitos negados, das mulheres, dos negros e negras, juventude da comunidade LGBTQIAPN+, dos povos originários, dos povos quilombolas, dos povos de terreiro e de quem mais queira lutar pelo nosso povo. E vamos fincar juntos estas bandeiras na Assembleia Legislativa de Pernambuco", escreveu.

Aos 37 anos, Dani Portela se apresenta como filha da redemocratização do Brasil. Filha adotiva de um ex-preso político da ditadura militar, ela foi a vereadora mais votada nas eleições de 2020 em Recife. Filiada ao PSOL desde 2016, ela se tornou a mulher mais votada em uma eleição ao governo pernambucano em 2018. Historiadora e advogada popular, Dani atua na defesa dos direitos das mulheres.

Dani Portela agradeceu pelos votos e pela confiança em sua página no Instagram. E salientou sua luta pelas mulheres negras e pobres.

"Eu, Dani Portela, mulher negra, mãe, advogada popular e historiadora, a vereadora mais votada da cidade do Recife agora ocupo um lugar na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Por mim, pelas que vieram antes e pelas que virão depois! Não descansarei enquanto o nosso estado seja melhor para as mulheres negras e pobres, porque quando isso acontecer, ele será melhor para todo mundo", publicou.

Numa Assembleia Legislativa que viu uma queda de 40% no número de mulheres eleitas - foram 10 em 2018 e 6 em 2022 -, a eleição de Rosa e Dani é bastante significativa para uma casa predominantemente branca e masculina.

Um ponto negativo da apuração em Pernambuco foi a não eleição de Robeyoncé Lima. Somando mais 80 mil votos, cerca de 21 mil a mais que o último candidato eleito, Reinildo Calheiros (PCdoB).

A candidata do PSOL não se elegeu por conta do cálculo do quociente eleitoral. Segundo esse sistema, a quantidade de candidatos eleitos de cada partido é definida pelo número de votos que cada candidato e cada partido obtiveram. Os votos que Robeyoncé recebeu não foram suficientes para eleger ela diretamente, bem como os votos que a federação PSOL-Rede obteve não foram suficientes para eleger mais candidaturas além de Túlio Gadelha (Rede), que foi eleito com mais de 134 mil votos. Sendo assim, Robeyoncé será a suplente imediata de Gadelha.

"Minha história me faz reconhecer que o caminho é tão importante quanto o resultado. A frieza dos números finais não refletem o calor que foi o caminho construído nesses últimos meses. Eu nunca soube o resultado final, mas sempre soube o caminho que queria percorrer", escreveu a vereadora de Recife no Instagram.

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Alma Preta
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