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Saiba quem são o jornalista e o indigenista desaparecidos na Amazônia

Dom Phillips é colaborador do The Guardian e cobre meio ambiente; Bruno Araújo Pereira um exímio conhecedor da região do Vale do Javarí

6 jun 2022 - 17h56
(atualizado às 19h11)
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O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira desapareceram na manhã de domingo, 5, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até o município de Atalaia do Norte, no Amazonas.

Jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian, Phillips vive no Brasil desde 2007, tendo publicado reportagens sobre política e meio ambiente em veículos de alcance mundial, como Financial Times, New York Times, Bloomberg e Washington Post.

Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Em 2021, ele recebeu uma bolsa da Fundação Alicia Patterson, dos Estados Unidos, para investigar modelos de preservação para conservar a Amazônia.

Durante parte de sua carreira, Phillips atuou na cobertura de música eletrônica e, entre 1991 e 1999, trabalhou na Mixmag, uma das maiores revistas no mundo especializada no tema e a primeira a ter edição impressa.

Philips publicou seu primeiro livro, DJs Superstar Here We Go!: a ascensão e queda do DJ Superstar (tradução livre), no ano de 2009 pela editora Ebury.

O Portal da Transparência do Governo Federal informa que Bruno Pereira ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte, justamente a área em que foi visto pela última vez, mas deixou o cargo em 2016.

Em 2018, Pereira retornou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial. No cargo, foi uma das lideranças que chefiou maior expedição do órgão nos últimos 20 anos. A missão, que teve o propósito de contatar um grupo de isolados que corria riscos de entrar em conflito com outra etnia que vive na região, foi concluída com êxito, sem nenhum tipo de combate.

Em outubro de 2019, o Marcelo Augusto Xavier da Silva, presidente da Funai, publicou a exoneração de Pereira. Na época, o agente indigenista foi comunicado de sua demissão, sem qualquer tipo de argumentação técnica. Pereira era um dos principais especialistas do órgão e vinha liderando, nos últimos anos, todas as iniciativas de proteção aos povos isolados.

Desaparecimento

De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari - Univaja, Dom Phillips e Bruno Pereira visitavam a equipe de vigilância indígena na localidade do Lago do Jaburu, próxima a uma base da FUNAI, no Amazonas.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros. Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai

Após o atraso na chegada dos dois, prevista para acontecer por volta das 9h da manhã em Atalaia do Norte, uma equipe saiu do município em busca do jornalista e do indigenista, percorrendo o mesmo caminho feito por ambos, mas não obteve sucesso.

"A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel - que fica abaixo da São Rafael - com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte", afirma a nota conjunta da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari - Univaja e do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato.

A Terra Indígena Vale do Javari, localizada no extremo oeste do Amazonas, possui 8544 mil hectares e a poulação estimada é se 6317 pessoas, conforme levantamento do Instituto Socioambiental.

Ameaças

Pereira sofria ameaças constantes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. O indigenista é um exímio conhecedor da região e a falta de contatos após um dos deslocamentos é vista com bastante preocupação.

Segundo um funcionário do Ibama, que preferiu não se identificar, a região do Vale do Javarí faz fronteira com a Colômbia e o Peru, é isolada, conflituosa e concentra muitos pontos de garimpo ilegal. Além disso, a área também é uma rota de tráfico de cocaína.

Estadão
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