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‘Sapatonas do Mundo, Uni-vos’ coloca cuiabana entre finalistas do Prêmio Jabuti

Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil

1 nov 2022 - 13h49
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Leíner trabalha em um equipamento de saúde pública em BH, como arte educadora.
Leíner trabalha em um equipamento de saúde pública em BH, como arte educadora.
Foto: Reprodução

Aos 30 anos de idade, a cuiabana Leíner Hoki teve um choque ao ver seu nome entre os finalistas de um dos mais importantes prêmios de Literatura do país, o Jabuti. Uma honra já recebida por escritores e escritoras como Clarice Lispector, Chico Buarque e o mato-grossense Manoel de Barros, entre muitos outros de importância nacional e internacional.

O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), desde 1959.

Leíner mora em Belo Horizonte (MG), desde 2011, onde fez faculdade e mestrado na Escola de Belas Artes. “O livro nasceu da minha dissertação de mestrado, que eu escrevi entre os anos de 2018 e 2020. Não foram anos fáceis para a educação pública, não é mesmo? Mas fui contemplada por uma bolsa Capes Proex! O livro chama ‘Tríbades, safistas, sapatonas do mundo, uni-vos: investigações sobre a poética das lesbianidades’”.

Atualmente, Leíner trabalha em um equipamento de saúde pública em BH, como arte educadora. O trabalho é voltado à população de rua.

“Mas todo ano vou para Cuiabá. Minha família mora em Cuiabá e no interior do Mato Grosso. Tenho uma relação muito forte com Mato Grosso, cresci morando na zona rural, entre Poconé e Nossa Senhora do Livramento, entre a cidade e o campo, mas minha formação subjetiva foi toda marcada por esse lugar rural, longe da cidade. Onde eu ia construindo uma relação com o mundo que me ofereceu um outro tempo: onde eu morava por muito tempo não pegava telefone nem televisão!” – relata.

Suas influências, além de vivências pessoais, são muitas. “Considero-me da mesma geração que Stefanie Sande e Matheus Guménin Barreto, dois escritores incríveis. Também me sinto profundamente influenciada por Clovis Irigaray, que foi artista plástico e que, por ser primo da minha avô materna, foi uma figura importante pra mim. Na casa da minha avó tem um retrato dela que foi ele quem desenhou, que está lá desde que me entendo por gente!”

Politizada e feminista, segundo diz, esse desinteresse atual pela literatura a incomoda muito.

“Mas não mais do que a fila do osso, que o sucateamento do SUS. Se o estado que não alimenta seu povo, não garante sua saúde, como seu povo pode ter acesso à literatura e arte?” – questiona.

O resultado final do Prêmio Jabuti sai na primeira semana de novembro. Cinco finalistas irão à cerimônia da premiação dos primeiros lugares.

Leíner se diz muito feliz e radiante por estar ente os finalistas e espera que, através de seu livro, seja possível avançar nos debates de gênero e sexualidade. “Há uma história de pessoas que foram marginalizadas e tiveram suas memórias apagadas, mas que não serão mais”, espera a escritora.

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