Seguranças acusados de agredir mulheres trans em casa de samba no Rio prestam depoimento
Os seguranças do Casarão do Firmino devem ser ouvidos nesta sexta-feira, 26, na 5ª DP (Mem de Sá)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando a agressão sofrida por duas mulheres trans no Casarão do Firmino, na Lapa, por mais de 15 homens. Nesta sexta-feira, 26, os seguranças do estabelecimento, que também estariam envolvidos nas agressões, devem ser ouvidos na 5ª DP (Mem de Sá).
Uma pessoa registrou as agressões do dia 19 de janeiro. No vídeo, uma das mulheres está sendo agredida por homens de preto, que seriam os seguranças do Casarão do Firmino, segundo as vítimas. Uma teve ferimentos no braço, no ombro e na testa, e outra teve o nariz quebrado.
O caso foi registrado como lesão corporal. No entanto, os advogados das vítimas defendem que o que aconteceu foi uma tentativa de homicídio.
O Casarão do Firmino se pronunciou nas redes sociais na última quinta-feira, 25, e expressou o seu apoio às vítimas. "Entramos em contato com os advogados para que possamos oferecer o apoio necessário neste delicado momento. Informamos também que seguimos colaborando com a investigação a fim de auxiliar as autoridades na resolução do caso o mais breve possível", comunicaram.
A casa de shows informou que irá promover treinamento especializado para a sua equipe, com o objetivo de evitar episódios semelhantes. Os seguranças envolvidos nas agressões foram afastados de suas funções até o fim das investigações.
O estabelecimento ficará fechado neste fim de semana "para que, em sua reabertura, seja um ambiente acolhedor, inclusivo e seguro". "Reafirmamos o nosso compromisso em agir com transparência e responsabilidade com a diversidade de nosso público", diz o texto.
O caso
A modelo trans Zuri, uma das vítimas, relatou nas redes sociais o que aconteceu na última sexta-feira, 19. Ela e sua irmã, que também é trans, foram agredidas por um grupo de homens após um samba no Casarão do Firmino.
"Após me retirar agressivamente do samba iniciaram uma agressão verbal com falas transfóbicas como: 'pode bater que é tudo homem, 'nela [uma segunda irmã da denunciante, que é uma mulher cisgênero] eu não bato, mas em vocês dois eu meto a porrada', 'eu pensava que era mulher, senão já tinha batido antes', nos jogaram no chão e nos chutaram por todo o corpo, cabeça e rosto", disse.
As mulheres foram colocadas em um táxi, mas as agressões não pararam. “Os seguranças do casarão fizeram uma barreira humana na rua e impediram de o táxi sair, falaram que a gente não iria sair dali”, contou Zuri.
Após conseguiram sair do local, elas registraram uma ocorrência na 5ª DP do Rio de Janeiro. O Casarão do Firmino, na ocasião, afirmou que estavam sendo alvos de "boatos".
“Esclarecemos que o samba havia terminado quando um grupo, já do lado de fora, começou a arremessar garrafas em direção à grade onde ficam os colaboradores. Dois seguranças do Casarão foram atingidos, socorridos e, em seguida, prestaram depoimento em sede policial, sendo encaminhados para exame de corpo de delito”, disseram.
LGBTfobia é crime. Saiba como denunciar
LGBTfobia é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de LGBTfobia, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.
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