Serena Williams direciona investimentos em empresas para estimular diversidade
Das 60 companhias que já receberam recursos da gestora, 68% foram fundadas por mulheres, boa parte delas negras
Serena Williams resistiu o quanto pôde à aposentadoria e já deu declarações de que poderia retornar ao circuito. Mas, aos 41 anos, a agora ex-tenista americana dedica seus dias à vida de empresária, com foco em investimentos que estimulam a diversidade, e à rotina de mamãe. Trabalho não vai faltar para o ícone do tênis mundial.
Serena se despediu das quadras no US Open, no início de setembro. Mas não teve descanso depois da eliminação em Nova York, apesar de não ter mais a obrigação de fazer treinos técnicos e físicos na academia. Com o status de ex-atleta, ela já tinha diversas obrigações a cumprir, principalmente em sua atuação como investidora.
A carreira de empresária começou a ser construída ainda durante a carreira de tenista. Ainda em 2013, ela iniciou sua trajetória no mundo dos negócios. Após cometer alguns erros nos investimentos, que ela mesmo reconhece, ganhou experiência a ponto de criar sua própria gestora de recursos, a Serena Ventures.
Parte do dinheiro veio das conquistas nas quartas. Ela é, de longe, a tenista que mais faturou em premiações na história: US$ 94 milhões (cerca de R$ 477 milhões). Esse valor é mais do que o dobro do que qualquer outra tenista arrecadou em títulos no circuito.
Em março deste ano, ela anunciou seu primeiro fundo, que acumula US$ 111 milhões (cerca de R$ 563 milhões). E já avisou que pretende lançar outro futuramente. A meta é investir em empresas que estão começando, principalmente em "mercados negligenciados, subestimados e incipientes", segundo a própria definição do fundo.
Como aconteceu enquanto era atleta, Serena pretende seguir sendo uma referência feminina e também do movimento negro. Por isso, vai investir em países da África e da América Latina, incluindo o Brasil. Projetos liderados por mulheres e negros têm prioridade. Das 60 empresas que já receberam recursos da gestora, 68% foram fundadas por mulheres, boa parte delas negras.
Em evento recente de investimentos, a ex-tenista revelou ter ficado surpresa quando descobriu que as empresas lideradas por mulheres recebiam menos de 2% dos investimentos disponíveis. "E a gente está falando de bilhões e bilhões de dólares, quem sabe até trilhões. Na hora pensei: 'isso não pode ser verdade' e quis checar."
Serena tem a receita para tentar minimizar o problema. "O jeito de mudar essa estatística é ter uma mulher negra assinando os cheques para outras mulheres. Os homens gostam de fazer cheques para outros homens", afirmou a tenista.
Neste ano, Serena chegou a se envolver numa negociação para comprar o Chelsea, em parceria com o piloto Lewis Hamilton. A proposta não vingou. Não foi a primeira investida esportiva de Serena fora do tênis. Ela já detém uma pequena parte do Miami Dolphins, time de futebol americano da Flórida, onde mora.
Moda
Acostumada a surpreender com suas roupas dentro de quadra, Serena já desenhou roupas e até integrou o Conselho de Gestão de uma famosa loja online de roupas dos Estados Unidos. Em 2019, ela foi além e lançou sua primeira coleção de moda sustentável, chamada "S by Serena". A agora empresária fez questão de lançar as roupas também em tamanhos grandes, em mais uma decisão que busca a diversidade e inclusão.
Ao mesmo tempo que pretende seguir atuando na moda, ela indicou que vai estender seus tentáculos em outras áreas. No ano passado, por exemplo, ela assinou contrato com a Amazon Studios, sem revelar seus planos.
A julgar por outras iniciativas, é possível que a própria Serena atue diretamente tanto na produção quanto diante das câmeras, como já fez em rápidas participações em filmes e séries, incluindo "Os Simpsons". Anos antes de acertar o contrato com a Amazon, até prometeu escrever uma série, assim como escreveu sua autobiografia e um livro infantil, neste ano.
A inspiração, claro, foi a filha Alexis Olympia Ohanian, de cinco anos. Ao anunciar sua aposentadoria, Serena alegou que precisava de mais tempo para ficar com a filha. Agora poderá concretizar o plano de ter mais um rebento com o marido Alexis, cofundador e presidente da rede social Reddit.
"No ano passado, Alexis e eu tentamos ter mais um filho. E, recentemente, buscamos informações com o meu médico para, quando quisermos, estarmos prontos para aumentar nossa família", disse Serena, em sua carta onde anunciou sua aposentadoria, em agosto. "Eu não queria ficar grávida novamente enquanto estivesse na vida de atleta."