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Sheryl Sandberg, ex-número 2 do Facebook, agora luta contra a proibição do aborto nos EUA

Executiva virou uma das grandes doadoras da causa no país

23 out 2022 - 05h11
(atualizado em 24/10/2022 às 10h49)
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Sheryl Sandberg testemunhou no Senado americano em 2018 em audiência sobre o Facebook e era frequentemente associada aos problemas operacionais da rede social
Sheryl Sandberg testemunhou no Senado americano em 2018 em audiência sobre o Facebook e era frequentemente associada aos problemas operacionais da rede social
Foto: Reuters

Em menos de três dias após deixar de ser a segunda pessoa mais poderosa do Facebook, Sheryl Sandberg já estava se reinventando como uma das principais filantropas da luta contra a redução do direito ao aborto nos Estados Unidos.

Recentemente, Sheryl e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) anunciaram que a ex-diretora de operações do Facebook estava doando US$ 3 milhões para a luta contra a proibição do aborto - dinheiro que a ACLU disse que seria usado "para proteger os cuidados de saúde reprodutiva nos tribunais, no poder legislativo e nas urnas nos próximos três anos".

A doação, uma das maiores em prol do direito ao aborto para a ACLU, sinaliza um novo capítulo para Sheryl - uma das executivas de maior destaque nos EUA. Durante seus 14 anos no Facebook, ela evitou movimentos políticos controversos.

"Agora, mais do que nunca, devemos seguir com a luta pela defesa do nosso direito de escolha e proteger o acesso ao aborto", disse Sheryl em um comunicado. "Tenho orgulho de trabalhar com a ACLU para instruir os eleitores e convencer mais pessoas que apoiam os direitos das mulheres a agir - e recuperar os direitos que nos foram tirados."

Após a controversa decisão de junho da Suprema Corte de revogar a decisão conhecida como Roe v. Wade, ativistas de ambos os lados passaram a travar batalhas intensas para aprovar ou lutar contra mais restrições ao aborto em todo o país. Pelo menos 15 estados proibiram o aborto completamente ou em grande parte após a decisão, de acordo com uma análise de setembro do Washington Post.

Alguns deles já haviam aprovado leis que foram pensadas para entrar em vigor no caso de a decisão para o caso Roe v. Wade ser revogada. Em outros estados, os legisladores estão correndo para aprovar novas leis antiaborto.

O tema transformou abruptamente a campanha para as eleições americanas de 2022, dando aos democratas o que eles esperam que seja um apoio inesperado. Mas anos de batalhas legais estão por vir.

Novos riscos

Sheryl é uma defensora dos direitos das mulheres há muito tempo, promovendo sua marca registrada do feminismo corporativo em seu best-seller "Faça acontecer: Mulheres, trabalho e vontade de liderar", e em sua fundação Lean In. Ela é um dos principais doadores da organização sem fins lucrativos Planned Parenthood e ficou famosa por promover mulheres a cargos de liderança durante os 14 anos em que trabalhou no Facebook.

Mas ela também foi criticada durante os anos do governo Trump por não se posicionar. Ela não se manifestou publicamente quando o ex-presidente Donald Trump, então candidato, fez comentários depreciativos sobre as mulheres, inclusive se gabando em uma gravação de que as apalparia contra sua vontade. Ela foi criticada por não apoiar publicamente ou participar da Marcha das Mulheres, um encontro global de milhões de pessoas em protesto contra a postura de Trump em relação às mulheres, em 2017. Depois, o Facebook passou anos realizando esforços consideráveis para agradar o governo Trump, chegando até mesmo a reescrever e interpretar suas políticas para evitar conflitos com o presidente e seus apoiadores.

Neste novo capítulo de sua vida, Sheryl, 53, provavelmente correrá riscos maiores em público. Ela deixou isso claro em uma entrevista para o Post em junho, quando disse que uma das razões de ser um bom momento para deixar o Facebook era que este era um "momento muito importante para as mulheres do qual eu quero fazer parte de verdade".

Cenário para as mulheres está mudando

Recentemente, os republicanos da Carolina do Sul não aprovaram uma proibição quase total do aborto, sem exceções para vítimas de estupro ou incesto, após dois dias de debate acirrado. "Como a vitória esmagadora no Kansas nos mostrou, as políticas extremistas em relação ao aborto não têm chance quando os eleitores têm a palavra final", disse o diretor-executivo da ACLU, Anthony Romero, em um comunicado. "Com o apoio de Sheryl para o direito ao aborto, podemos acelerar e redobrar nossos esforços na luta pelo acesso ao aborto nos EUA."

Romero disse que a ACLU planeja esclarecer os relatórios dos políticos para os eleitores e investir em medidas "para garantir que os eleitores sejam ouvidos em alto e bom som quando o poder legislativo e os governadores precisarem ser substituídos pelas vozes do eleitorado". A Planned Parenthood, já apoiada por Sheryl, planeja gastar US$ 50 milhões nas eleições de novembro, em um esforço para eleger apoiadores do direito ao aborto em todo o país.

Sheryl tem procurado se posicionar como uma defensora dos direitos das mulheres no trabalho e em casa. Em um TED Talk de 2010, ela encorajou as mulheres a não deixarem de trabalhar e a escolherem cônjuges que adotam uma parceria igualitária, para conseguir os mesmos cargos de chefia que os homens no mundo corporativo.

Depois, Sheryl lançou seu livro e fundou a Fundação Lean in para estudar o machismo e ajudar as mulheres a formar grupos de networking.

Nos últimos meses, Sheryl tornou-se mais franca sobre os direitos reprodutivos em sua página no Facebook. Em agosto, ela divulgou um estudo de sua fundação a respeito de como os funcionários mais jovens preferem trabalhar para uma empresa que apoia o acesso ao aborto.

Em maio, ela foi contra o esperado em relação a alguém do alto escalão do mundo corporativo e criticou severamente o rascunho vazado da Suprema Corte que revogava a decisão do caso Roe v. Wade, argumentando que isso privava as mulheres do acesso vital aos cuidados de saúde.

"Este é um dia assustador para as mulheres em todo o nosso país", ela escreveu em uma postagem pública em sua página pessoal no Facebook. "Toda mulher, não importa onde viva, deve ser livre para escolher se e quando se tornará mãe. Poucas coisas são mais importantes (do que isso) para a saúde das mulheres e a igualdade (de direitos)."

Esses comentários foram publicados dias antes de o Facebook enviar um memorando aos funcionários, lembrando-os de uma política existente de não discutir tópicos polêmicos, como o aborto, em canais comuns da empresa, porque isso poderia criar um ambiente hostil. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Estadão
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