SPFW tem cicatriz, plus size, trans e indígenas na passarela
Desde a edição 100% digital de 2020, SPFW exige que 50% dos modelos sejam negros, afrodescendentes ou indígenas
A 54ª edição do São Paulo Fashion Week, que encerra o Festival SPFW+IN.PACTOS, começa nesta quarta-feira (16), com desfile da estilista Patricia Viera, especializada em couro, no Shopping Iguatemi, um dos parceiros do evento. À tarde, o circo fashion se transporta para o Komplexo Tempo, que terá duas salas de desfiles e onde o público que comprou ingressos para o evento (que custam de R$ 50 - meia entrada- a R$ 1.540), convidados e imprensa acompanharão grande parte dos 43 presenciais (5 serão digitais).
Outros locais de São Paulo e o próprio Iguatemi sediarão outras apresentações até domingo, dia 20, quando se encerra a edição. Com curadoria de Carollina Lauriano, o Festival traz nesta edição uma ocupação artística e urbana em torno de questões de identidade e pertencimento, com a participação de coletivos de artistas racializados, indígenas e trans, transformando a região do Komplexo Tempo em uma galeria a céu aberto.
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Mas a diversidade não estará apenas nas obras expostas. As passarelas também trarão modelos com diversos corpos, de diversas raças e até com marca próprias, como cicatrizes. Desde a edição 100% digital de 2020, em plena pandemia, o SPFW exige que 50% dos modelos sejam negros, afrodescendentes e/ou indígenas. E isso tem acontecido de forma natural nas passarelas, assim como participação cada vez maior de pessoas trans e plus size. Conheça alguns dos modelos que já estão confirmados para essa edição. Pelo menos duas indígenas são sérias candidatas a bater recorde de apresentações.
Cicatriz
A modelo Giulia Dias empodera mulheres com cicatrizes, estrela campanhas de moda e beleza - e agora estreia na SPFW. "Eu amo as minhas cicatrizes. Me fazem relembrar o propósito da vida. Representam a minha história e como sou forte", diz a modelo
Trans
Veja algumas modelos que trarão visibilidade trans às passarelas do evento.
Alexia Duttra, de Cuiabá (MT), vem despontando e estreia desfilando no SPFW, para a grife TA Studios. Aos 20 anos, foi eleita para estrelar recente campanha da Arezzo e coleciona trabalhos para Alexandre Herchcovitch, Ara Vartanian, Ginger, Santa Lolla, Forever 21, entre outras, e editoriais para L'Officiel, Marie Claire, Elle e Glamour.
Bárbara Britto, de São José dos Campos (SP), repete a ótima performance na SPFW. No currículo, tem participação na Casa de Criadores e no programa de TV Born to Fashion, do canal E!, programa apresentado por Lais Ribeiro e que já tem a segunda temporada confirmada para o próximo ano. Bárbara já tem confirmado pelo menos seis grifes: Bold Strap, Another Place. Apartamento 03, Martins. Isaac Silva e Korshi.
Kayla Oliveira, cearense de Tamboril, deixou o sertão onde trabalhava como operadora de telemarketing e desfila novamente no evento. Já está confirmada a participação nos desfiles da Misci, Sou de Algodão, Ateliê Mão de Mãe, TAStudios, Ellus, Weider Silvério e Korshi 01.
Indígenas
Veja alguns representantes dos povos originários nas passarelas.
Dandara Queiroz, recordista desfiles da última São Paulo Fashion Week, retorna às passarelas. Descendente de tupis, já trabalhou na Alemanha e para grandes grifes nacionais. Dedica-se à realização de pinturas indígenas, poemas e composições. Está confirmada, até agora, para 15 desfiles: Meninos Rei, Boldstrap, Sou de Algodão, TA Studios, A. Niemeyer, Triya, Lenny Niemeyer, Angela Brito, Neriage, Silverio, Led, À La Garçonne, Isaac Silva, Cria Costura e Weider Silverio.
Emilly Nunes é descendente de aruans. Trabalhava como operadora de caixa em um supermercado do Pará, e como vendedora de chips para celulares. Criada entre Belém e a paradisíaca Ilha de Marajó, despontou na moda e coleciona capas de Vogue e campanhas para grifes prestigiadas. E pode até ser uma das recordistas de desfiles deste ano. Afinal, dos 43 presenciais, já tem confirmadas 16 grifes: Patricia Vieira, Another Place, Misci, Lilly Sarti, A. Niemeyer, Triya, Rocio Canvas, Ateliê Mão de Mãe, Ellus, Lenny Niemeyer, Neriage, À La Garçonne, Isaac Silva, Weider Silveiro, Dendezeiro, Apartamento 03.
Jovem de descendência pataxó, Noah Alef estreou recentemente na moda internacional e usa a profissão para conquistar representatividade à população indígena. Natural de Jequié, no interior da Bahia, o belo trabalhava como empacotador até despontar na moda. Natural de Jequié, pequeno município no interior da Bahia, Noah Alef vem usando a profissão como ferramenta para buscar mais representatividade à população indígena. "Fico muito feliz também em ser uma representatividade para nós povos indígenas, espero que através de mim outros possam vir, INDÍGENA NA MODA, INDÍGENA NO TOPO", escreveu na legenda do desfile de Isaac Silva, em novembro de 2021. Paa esta edição, vai desfilar para Misci
Rellow, Sou de Algodão, João Pimenta. Martins., Ateliê Mão de Mãe, Ellus, Silverio, Isaac Silva, Cria Costura, Dendezeiro e Apartamento 03.
Plus Size
Rita Carreira, modelo plus size paulista, rompe padrões na moda e coleciona no currículo capas e campanhas para grifes poderosas. Sucesso na moda, Rita conquistou títulos importantes como "Forbes Under 30" e o ranking "Instagram Global", onde é citada como uma das mulheres com mais potente voz em prol do movimento body positive no Brasil. Em novembro de 2021, foi recordista de desfiles do SPFW. Para essa edição, já tem confirmadas oito grifes: Martins, Hundred, Az marias, Lenny Niemeyer, Angela Brito, Naya Violeta, Apartamento 03 e Boldstrap.
Miscigenação
Mu Teh Lim, de Recife desponta como modelo, e representa a valiosa miscigenação brasileira. Filho de mãe pernambucana e pai coreano, Mu Teh Lim trabalhava como panfleteiro em semáforos, até o sucesso na moda, onde coleciona ensaios para Vogue, GQ e FFW.