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Subfinanciadas, mulheres indígenas ocupam linha de frente da proteção ambiental

"Quando as mulheres assumem, as coisas acontecem", disse Valéria Paye, diretora-executiva do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira

31 out 2024 - 18h03
(atualizado em 1/11/2024 às 09h53)
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Na COP16, que ocorre nesta semana na cidade colombiana de Cali, as mulheres também estão bem representadas por lideranças políticas
Na COP16, que ocorre nesta semana na cidade colombiana de Cali, as mulheres também estão bem representadas por lideranças políticas
Foto: REUTERS/Nacho Doce

As mulheres estão geralmente na linha de frente da crucial proteção da biodiversidade da América Latina, desde a proteção de rios contra a poluição até a manutenção dos garimpeiros ilegais e das empresas petrolíferas longe da Amazônia.

Na COP16, que ocorre nesta semana na cidade colombiana de Cali, as mulheres também estão bem representadas por lideranças políticas.   

8 mulheres indígenas que são símbolo de resistência 8 mulheres indígenas que são símbolo de resistência

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia e presidente da COP16, Susana Muhamad, e suas pares do Equador e do Brasil — neste caso Marina Silva — estarão acompanhadas de vice-ministras do Peru, da Colômbia e do Panamá.   

"Quando as mulheres assumem, as coisas acontecem", disse Valéria Paye, diretora-executiva do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira.   

Segundo novos dados, dos 28,5 bilhões de dólares de ajuda governamental internacional para mulheres e garotas entre 2016 e 2020, somente 1,4% foi destinado a organizações que trabalham com mulheres indígenas, que protegem algumas das regiões com maior biodiversidade no mundo.   

"As mulheres foram muitas vezes excluídas dos financiamentos por dúvidas sobre sua capacidade e habilidade para gerenciar projetos", afirmou Omaira Bolaños, diretora para a América Latina da Iniciativa para Direitos e Recursos, que produziu o relatório com a Aliança das Mulheres do Sul Global.

"Mesmo sem apoio financeiro, elas têm efetivamente protegido as florestas."   

De 2019 a 2022, o estudo também descobriu uma queda de 2% no financiamento para Organizações Não-Governamentais que abordam assuntos de gênero, deixando de fora especialmente organizações que se concentram nos direitos de mulheres indígenas e afrodescendentes.   

A biodiversidade está diminuindo rapidamente, especialmente na América Latina e no Caribe, que viram suas populações selvagens registradas caírem 95% entre 1970 e 2020, segundo relatório recente do WWF.   

Autoridades presentes em Cali estão próximas de um acordo para aumentar a influência de grupos indígenas nos processos decisórios sobre a biodiversidade. Paye afirmou que a presença permanente de tais grupos na Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica pode ajudar a diminuir lacunas históricas no acesso ao financiamento ambiental.

Mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas por condições meteorológicas extremas provocadas pelo clima, pela degradação ambiental e pela perda de biodiversidade, porque, enquanto cuidadoras e mães, são muitas vezes responsáveis por colocar comida na mesa e buscar água.   

Paye afirmou que, com a atual estrutura da Organização das Nações Unidas (ONU), "os recursos são praticamente inacessíveis". A maioria dos recursos vai, assim, para "megafundos já estabelecidos", como o Banco Mundial.   

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